Afinal, há correlação entre caráter e destino? Primeiro, ressalta-se que para este artigo, destino é possibilidade de previsibilidade, no tempo/espaço futuro, de acontecimentos na vida de um Ser (aqui, não é qualquer Ser, mas aquele que pensa, age e reage racionalmente).

E caráter, índole, temperamento e personalidade desse mesmo Ser que age e reage.

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Não é um exercício de futurologia. A filosofia se preocupa com o tema, tendo Walter Benjamin escrito formidavelmente sobre isso (Escritos Sobre Mito e Linguagem, tradução de Susana Kampff Lages e Ernani Chaves, Duas Cidades, editora 34).

Aqui, ressalta-se, vale para quem sabe observar, pois, o destino de um Ser observado está à disposição do observador atento e preparado, ou melhor, seu destino está presente.

O caráter, também o destino, não pode ser inteiramente percebido em si mesmo, mas em sinais, apenas, pois, se situa além do que se oferece imediatamente à vista. É um conjunto de sinais (corporais e da vida exterior) a ser considerado e avaliado.

‘Nenhum conceito de mundo exterior se deixa definir em oposição às fronteiras do conceito do homem que age’ (Benjamin, idem).

A frase de Nietzsche é lapidar: ‘Quando se tem caráter, tem-se também sua experiência típica, que sempre retorna’ (na tradução de Paulo César de Souza, in Além do Bem e do Mal, ‘Máximas e Interlúdios’), ou seja, seu destino é, no essencial, constante (Benjamin, idem).

Retirando o caráter do contexto ético e o destino, do religioso, usualmente assim empregados, fixamo-los no entendimento do observador preparado, acima retratado. Assim, possível seria ‘adiantar’ o destino de um Ser que pensa, age e reage, enfim, que faz julgamentos.

É comum indagar, para onde caminha esse fulano ou ciclano? Indaga-se não de si, mas como observador dos outros. Para indagar de si seria necessária genialidade e muita coragem; escassos, portanto.

No outro, o destino se apresenta (é presente, portanto) em sinais, um punhado deles, que, reunidos, prediz o evento futuro. Sabemos com quem lidamos, basta ter paciência e perseverança em observar.

Se pode dizer, então, que culpados somos pelo que temos de representatividade e liderança?

Não há a menor dúvida. Na essência das coisas, dos acontecimentos, já sabíamos de antemão, se de saber responsável e reflexivo nos ocupamos. Não há inocentes nisso, visto que a uns a culpa é por preguiça mental; a outros, por dolo direto e maldade, sim, por tencionar manter-se privilegiados.

Em se tratando de responsabilidade, o jogo democrático não salva ninguém; antes, condena a todos que dele, nada diz saber.

Voltaremos ao assunto na página Bedelho.Filosófico (You Tube, Face e Insta), em vídeo e comentários.

É por aí…

*GONÇALO ANTUNES DE BARROS NETO (SAÍTO)   é formado em Filosofia e Direito pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT); é da Academia Mato-Grossense de Magistrados (AMA), da Academia de Direito Constitucional (MT), poeta, professor universitário e juiz de Direito na Comarca de Cuiabá.

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