Num dia de intensa movimentação, após mais de 14 horas dessão, a Câmara de Cuiabá cassou o mandato do vereador Abílio Brunini Júnior (PSC). Após a derrubada do parecer da Comissão de Constituição, Justiça e Redação (CCJR) pela nulidade e arquivamento do processo, a decisão ficou para a sessão extraordinária, no plenário das deliberações do Palácio Pascoal Moreira Cabral.

Foram 14 votos favoráveis à perda de mandato e 11 contrários. Antes do resultado, Abílio já tinha avisado que iria recorrer ao Poder Judiciário de Mato Grosso, contra a decisão.

O presidente da Câmara, vereador Misael Galvão (PTB), explicou que estava cumprindo a legislação.

“Estamos vivendo aqui hoje um dos momentos mais difíceis e duros dessa Casa de Lei. Aqui não é uma família, aqui não uma irmandade, não é uma cooperativa, aqui não é uma associação. Estamos aqui a mando da sociedade, pelo voto popular que nos conduziram a esse parlamento. Minha decisão é técnica e difícil de ser tomada”, ponderou ele.

Ricardo Saad foi relator do processo: “Você possui 14 processos e mais de 40 boletins de ocorrência”.

“Na condição de presidente eu tenho que ser o primeiro a dar exemplo, no sentido de fazer valer a legislação. Esse processo da Comissão de Ética deu a oportunidade de ouvir, analisar, defender e acusar e tinha que chegar a esse ponto”, enfatizou  Misael.

O presidente disse que os atos praticados por Abílio são incompatíveis com o decoro parlamentar, na Câmara Municipal.

Adevair Cabral (PSDB); Delegado Marcos Veloso (PV); Orivaldo da Farmácia (Progressistas); Chico 2000 (PL); Ricardo Saad (PSDB); Dr. Xavier (PTC); Juca do Guaraná (Avante); Justino Malheiro (PV); Luis Cláudio (Progressistas); Marcrean Santos (PRTB); Mário Nadaf (PV); Renivaldo Nascimento (PSDB); Toninho de Sousa (PSD) também votaram pela cassação de Abílio.

Votaram contra a cassação Abílio Júnior (PSC), Vinicius Hugueney (PP),Cleber Borges (DC), Diego Guimarães (PP), Dilemário Alencar (PROS), Felipe Wellaton (PV), Gilberto Figueiredo (PSB), Lilo Pinheiro (PDT), Marcelo Bussiki (PSB), Sargento Joelson (PSC) e Wilson Kero Kero (PSL).

Responsável pelo relatório na Comissão de Ética, o tucano Ricardo Saad  criticou  duramente a postura de Abílio.

“O senhor quer desmerecer minha história de 40 anos. Vou fazer questão de mostrar quem é você. Quatorze processos e mais de 40 boletins de ocorrência nas costas. O senhor é cínico. O senhor é uma afronta. Qual projeto de lei o senhor tem em três anos? O senhor é um fiasco, porcaria de vergonha de vereador”, disparou  Saad.

Já o vereador Juca do Guaraná reagiu com contundência. “Quero dizer ao Abílio. Ele falou ironicamente Juca do Pó do Guaraná.Tenho muito orgulho do meu nome. Antes de você nascer, meu pai foi longe, no Amazonas, trazer guaraná para vender no comércio. Trabalhei desde cedo com meu pai, tenho vida decente e honrada”, pontuou Juca.

Vereador Juca do Guaraná se sentiu ofendido com o trocadilho em seu nome

Caiu “atriando”

Os vereadores tiveram cinco minutos para debater cassação e logo após foi a vez de Abílio se defender, por duas horas.

“Minha meta não é ficar aqui, minha meta é tirar vocês daqui. Tirar Nadaf, o Juca, o Renivaldo, o Saad, o Xavier, Luis Claudio, Misael, Marcrean, Veloso, o Adevair. Eu poderia ter judicializado esse processo muito antes para não chegar a esse ponto, mas quero expor vocês. A sociedade verá a podridão que vocês são”, abusou Brunini Júnor.

“Cassar ele [Abílio] pelo ímpeto dele não é certo. Casse ele por quebra de decoro. Vocês vieram aqui, cada um de vocês vereadores, nenhum justificou o crime praticado pelo Abílio”, emendou o advogado   Carlos Rafael, responsável pela defesa de Abilinho.