Após o médico dermatologista que atua em Divinópolis, Delano Santiago Pacheco, ter divulgado um vídeo na internet em que afirma que tomou duas doses da CoronaVac e não adquiriu anticorpos contra a Covid-19, baseado em um exame sorológico feito por ele, a Prefeitura e o Instituto Butantan – responsável pela fabricação do imunizante, contestaram a fala e divulgaram notas na terça-feira (13) dizendo que testes sorológicos não servem para avaliar se alguém está ou não protegido da doença e a ainda ressaltaram que a eficácia da vacina é reconhecida pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
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A situação gerou polêmica na cidade com contestação de infectologistas. Em entrevista ao G1, o imunologista Diego Antunes Neto, comentou sobre o teste sorológico apresentado pelo profissional.
Em vídeo gravado e publicado na internet, o dermatologista, que também é ex-vereador de Divinópolis, aparece no consultório onde atua sendo filmado por uma pessoa que não foi identificada na gravação. Delano então começa dizendo que tem “um comunicado muito sério para se fazer”.
Em seguida, diz que após seis meses de vacinado fez um exame de titulação de anticorpos e o mesmo deu negativo. Ele completou falando que tomou a CoronaVac e afirmando que não adquiriu anticorpos contra a doença.
Ainda no vídeo, Delano mostrou um papel do exame e reclamou:
“10% de resultado, enquanto deveria ter dado acima de 20% ou 50%. Eu não tenho anticorpos contra o coronavírus mesmo após vacinado, e aqui está a prova”.
Depois, Delano exigiu uma nova vacinação. “Por direito eu exijo uma nova vacinação. Eu estou no grupo de frente atendendo coronavírus. Fui vacinado com a CoronaVac e medi os anticorpos e não atingiu meu anticorpo,” salientou.
“Eu não tenho anticorpo com a vacina CoronaVac. Isso é um absurdo, um exame caríssimo, eu sabia que tinha algo de errado”, finalizou.
O outro lado
Depois da repercussão nas redes sociais a Prefeitura, através da Secretaria Municipal de Saúde (Semusa), por meio da Central de Imunização, emitiu uma nota. Veja abaixo a íntegra:
“Diante dos crescentes questionamentos sobre a realização de exames para avaliar a eficácia de vacinas e das solicitações de doses adicionais de imunobiológicos, a Secretaria Municipal de Saúde (Semusa), por meio da Central de Imunização, vem através dessa nota, descrever e apresentar algumas fundamentações científicas que desaconselham a realização de testes de dosagem de anticorpos neutralizantes para avaliar a proteção imune contra Covid-19 gerada por meio dos imunobiológicos.
A Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIM), por meio de nota técnica de 26/03/2021, esclarece que a resposta imunológica desenvolvida pela vacinação não depende apenas de anticorpos neutralizantes. Há a estimulação do sistema imunológico de forma mais ampla, gerando também anticorpos não neutralizantes que agem de maneira diferente e a estimulação de células TCD4+ e TCD8+ (imunidade celular). Além disso, aliada à resposta imune específica, contamos também com a imunidade inata, mais um mecanismo de proteção contra infecções. Nesse sentido, a complexidade que envolve a proteção contra a doença torna desaconselhável a dosagem de anticorpos neutralizantes com o intuito de se estabelecer um correlato de proteção clínica.
A Agência Nacional de Vigilância Nacional (ANVISA), em nota técnica sobre o assunto, afirma que não existe, até o momento, definição da quantidade mínima de anticorpos neutralizantes necessária para conferir proteção imunológica contra a infecção pelo covid-19. Dessa forma, não há embasamento científico para recomendar o uso destes testes laboratoriais para determinar proteção vacinal.
Os imunobiológicos em uso no Brasil passaram por análise e autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Os municípios brasileiros devem seguir o esquema vacinal e dosagem estabelecidos pela Anvisa e que foram definidos após estudos clínicos específicos.
O Ministério da Saúde (2021) informa que, os indivíduos que iniciaram a vacinação contra a Covid-19 deverão completar o esquema com a mesma vacina. Afirma também que, indivíduos que, por ventura, venham a ser vacinados de maneira inadvertida com duas vacinas diferentes ou com esquemas vacinais com quantidade de doses ou com prazos inadequados deverão ser notificados como um erro de imunização e serem acompanhados com relação ao desenvolvimento de eventos adversos e falhas vacinais. Diante desse contexto, no Plano Nacional de Operacionalização da vacinação contra Covid-19, fica estabelecido que não se recomenda a administração de doses adicionais de vacinas.”
Instituto Butantan
O Instituto Butantan – responsável pela fabricação do imunizante também se manifestou sobre a fala do médico, veja abaixo.
“É um fake News, um desserviço á saúde, o vídeo que circula nas redes sociais em que um homem afirma não ter gerado anticorpos contra a Covid-19 depois de ter tomado a CoronaVac. Ele exibe um teste de anticorpos que teria sido feito seis meses após tomar a vacina do Butantan.
A verdade: testes sorológicos não servem para avaliar se alguém está protegido ou não contra a Covid-19. Os testes de anticorpos detectam a presença de anticorpos em determinado momento, sendo úteis apenas para identificar pessoas que fora expostas ao vírus, não para garantir se alguém está protegido ou não contra a doença. A Anvisa recomenda não utilizar estes testes para avaliar a proteção .
A eficácia da CoronaVac é reconhecida pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Ela ajuda a salvar vidas!”
Infectologista explica
Diego Antunes comentou sobre o teste sorológico apresentado pelo profissional.
“A Sociedade Brasileira de Imunologia, assim como a Organização Mundial de Saúde, nem tão pouco o CDC dos Estados não aconselham a utilizar teste sorológicos para a detecção de imunoglobulina totais ou neutralizante como teste determinante de eficácia da vacinação contra a covid-19”, disse.