Brechós podem ser considerados soluções econômicas e sustentáveis para o consumo de roupas, pois, além de serem uma opção mais barata, também são uma forma de estar na moda, fazer a própria moda, e por que não, abrir o próprio negócio? O 19º episódio do Podcrê, produzido pelo Sistema Comércio de Mato Grosso, trata justamente do assunto e tem como tema “Moda Sustentável e Empreendedorismo”.
As convidadas Sara Silva, que juntamente com a irmã Isabel, é proprietária do “Catarina Sisters Brechó”, e Juliana Souza, do brechó “Encontrei”, conversaram com as apresentadoras Thielli Ehlert, diretora de Comunicação e Marketing do Sistema Comércio-MT, e Naiagia Vasconcelos, gerente de Comunicação e Marketing do Sesc-MT.

“Não existe uma receita para brechó. É um segmento muito diferenciado. O que funciona para mim, pode não funcionar para ela, e vice-versa. A gente vai captando onde pode, como bazares que são fontes boas, apesar de não ter muitos”, explicou Sara, sobre como encontrar as roupas que são vendidas nos brechós.

Ela ressaltou que, atualmente, a principal fonte de roupas, que alimenta o “Catarina Sisters Brechó”, são os desapegos das clientes, ou de pessoas que apenas desapegam, e não consomem os produtos do brechó. “O importante é que elas estão fazendo girar a roupa e estão levando para o lugar certo. E a demanda é imensa. Há alguns anos, a gente pedia pra Deus mandar. Hoje não! A gente precisa avisar pelo WhatsApp que está suspensa a avaliação, porque senão ficamos o dia inteiro comprando”, contou.

Já Juliana Souza, do brechó “Encontrei”, explicou que trabalha com “garimpo” nos bazares filantrópicos e das igrejas, mas também trabalha com a parte do desapego, de a pessoa levar a roupa até ela para avaliar. “A parte boa é que quem leva a roupa também faz renda extra, e quando já é cliente, alguns preferem deixar o valor de crédito para pegar outra roupa, o que é interessante também”, explicou.

Reprodução/Instagram

Juliana Souza, do brech� Encontrei

Juliana Souza, do brechó “Encontrei”: empreendedorismo surgiu no momento difícil da vida

Sara contou que trabalhava no setor de Recursos Humanos de uma empresa antes de abrir o negócio, mas que em casa sempre teve a cultura de reinventar as roupas junto com as irmãs, além de ser consumidora de brechós. “Eu estava cansada de trabalhar com carteira assinada, então, um dia, fazendo compras em um brechó, tive a ideia de abrir o próprio negócio. Foi então que chamei minha irmã, começamos a estudar o tema, que na época não tinha tanto espaço em Cuiabá. Metemos a cara, e estamos aqui, hoje, há quase 10 anos”, lembrou.

Já Juliana contou que o empreendedorismo surgiu na vida dela em um momento bem difícil, e como solução para o sustento de sua família, já que aos 15 anos, descobriu que estava grávida.

“O brechó veio como um respiro para eu continuar estudando, mas não foi a primeira coisa que fiz. Eu já pintava por hobby, então vendi quadros na escola, minha mãe fazia enroladinho de salsicha para eu vender na escola também. Até que um dia eu peguei roupas da minha mãe, do meu irmão e da minha cunhada, sem eles nem saberem. Fiz cartazes e foi vender em uma feira que estava acontecendo na UFMT. Fui chamando o pessoal, apresentando as roupas, não tinha arara, não tinha etiqueta. Eu forrei com um pano o chão do Restaurante Universitário da UFMT, com meu bebê pequeno ali do lado, e meu irmão ajudando. Comecei em 2019. O meu filho nasceu em março e em abril abri o brechó. Tem cinco anos, e com o tempo foi estruturando e crescendo, e hoje é a única fonte de renda”, ressaltou.

As entrevistadas enfatizaram que os brechós fazem parte da mudança de comportamento humano, de um novo tipo de produto, um novo tipo de consumo e que, com o tempo, acaba descontruindo questões pessoais, como a de não usar roupas usadas.

Sara e Juliana lembraram que o custo-benefício de se comprar em um brechó ocorre porque é um produto que não vai passar por uma produção e, além disso, há a contrapartida da sustentabilidade, pois o reuso das vestimentas por outras pessoas irá prolongar o tempo máximo dessas roupas para que não sejam descartadas em aterros ou em outros lugares.

“A ideia total disso tudo é para que essas roupas não vão fora, ou vão mais tarde, porque a produção do mundo não para. A cereja do bolo do brechó é o fato de que o você vai comprar lá é o único. É uma compra diferenciada, não é você que compra, é a roupa que te encontra”, completou Sara.

O episódio completo do PodCrê com Sara Silva e Juliana Souza está disponível no canal do Sesc Mato Grosso no Youtube e plataformas de áudio (Spotify/ Deezer/ Apple Podcasts/ Amazon Music/ Google Podcasts/ Castbox).

Sobre o PodCrê 

PodCrê, é o podcast semanal realizado pelo Sistema Comércio MT que apresenta análises, dicas e reflexões, por meio de uma visão única sobre assuntos da atualidade que impactam diretamente a jornada pessoal e profissional, com o auxílio das vozes de especialistas, influenciadores e personalidades de Mato Grosso.

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