Conflitos armados que se espalharam pelo Sudão nos últimos dias fizeram com que nove brasileiros vivessem momentos de tensão em Cartum, capital do país africano. Cinco membros da comissão técnica e quatro jogadores do Al-Merreikh estão trancados em seus apartamentos desde o último sábado.

Entre eles, estão o técnico Heron Ferreira, que tem passagens por Vila Nova, ASA e Bonsucesso, e trabalha fora do Brasil desde 2018, e o atacante Paulo Sérgio, revelado pelo Flamengo e que recentemente jogou por Ponte Preta, Operário Ferroviário e Santo André.

Em contato com a reportagem do ge via chamada de vídeo, Heron relatou os acontecimentos dos últimos dias.

– Muito barulho de tiro, aviões passando em voos rasantes. Perigo iminente. Na entrada do prédio tem um policial armado, mas que não tem força para bloquear uma questão mais séria. Situação angustiante, tememos pelas nossas vidas. Falamos com o embaixador, que não está em Cartum, está na Arábia Saudita. Estamos falando com deputados, ministros. Queremos voltar para o nosso país, somos cidadãos brasileiros – disse Heron, que prosseguiu com o apelo.

Fumaça negra cobre o céu de Cartum no segundo dia de confrontos no Sudão — Foto: AFP

Fumaça negra cobre o céu de Cartum no segundo dia de confrontos no Sudão — Foto: AFP

– A responsável pelo Itamaraty (Ministério das Relações Exteriores) diz que não tem nenhuma situação, nenhum planejamento para nos tirar daqui. Isso é realmente muito angustiante. A gente não ter a quem recorrer nesse momento. Estamos apelando para as autoridades para que vejam que somos brasileiros, cidadãos brasileiros, e precisamos sair desse conflito

Os outros jogadores são Alex Silva, Sérgio Raphael e Matheuzinho. Todos estão no mesmo prédio, onde permanecem desde que o jogo do fim de semana foi cancelado. Os relatos são de que mantimentos e água estão acabando no local, e que nem mercados estão sendo reabastecidos.

Um grupo paramilitar tomou o palácio presidencial e aeroportos do país, e canhões e blindados circulam pelas ruas desde o fim de semana. Os conflitos até agora deixaram 180 mortos e cerca de 1.800 feridos, afirmou o Sindicato dos Médicos Sudaneses – clique aqui e entenda melhor o contexto.  (GE)