O Brasil está prestes a realizar a primeira aplicação de vacina contra a COVID-19 totalmente produzida no país. Será no próximo dia 29 de outubro, em Salvador, Bahia. O anúncio foi feito nesta quinta-feira, 07, pelo senador Wellington Fagundes (PL-MT), relator da Comissão da Covid-19, durante reunião da Comissão Mista do Orçamento, que aprovou crédito suplementar no valor de R$ 89,9 milhões como reforço de dotações constantes da Lei Orçamentária do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação.

A primeira vacina 100% nacional será aplicada em pacientes do Hospital da Bahia, em Salvador (BA), e abre os estudos clínicos do imunizante, produzido pelo SENAI/CIMATEC. A vacina de repRNA é o primeiro imunizante que utiliza essa tecnologia a ter uma fase de estudos realizada no Brasil. O trabalho terá participação de mais de 30 pesquisadores e contará com a participação de 90 voluntários não vacinados.

Entusiasta do imunizante totalmente nacional, Fagundes reuniu-se na quarta-feira, 06, com o ministro Marcos Pontes, quando foi comunicado sobre a iniciativa e recebeu convite para integrar a comitiva governamental. Ele lembrou que no mês de junho o Congresso Nacional garantiu recursos na ordem de R$ 415 milhões do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT) para custear testes clínicos das vacinas nacionais contra Covid-19, nas fases 1 a 3.

“Eu sempre disse que um país como o Brasil, uma das grandes potências mundiais, não poderia deixar de ter sua própria vacina contra a Covid-19. Até porque novas variantes são possíveis e também porque há falta de vacinas no mundo – comemorou Fagundes. Aprovamos os recursos e o resultado disso é a aplicação das primeiras doses de vacinas fabricadas no Brasil”.

Até o final do próximo mês, o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, segundo o relator da CT da Covid-19, deverá iniciar testes em humanos de pelo menos mais duas vacinas. Ele citou o trabalho da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), que está desenvolvendo a SpiN-TEC, uma das três em estágio mais avançado no país.

O ministro Marcos Pontes explicou que o ministério investiu recursos em 15 tipos de tecnologias nacionais, e que quatro delas já foram avaliadas pela Anvisa – com uma já aprovada para testes clínicos. “Começaremos a fase 3 de testes com essas aplicações, na intenção de que o país seja independente na produção de vacinas, e não só no envasamento delas” – ele adiantou.

FÁBRICA DE VACINAS

Autor da Lei 14.187/2021, que autoriza fábricas brasileiras de saúde animal a produzir vacinas contra o novo coronavírus, Wellington Fagundes ressaltou que estima-se que as vacinações sejam necessárias ano após ano, por conta de um possível aparecimento de novas cepas. Uma vez convertidas, esses laboratórios poderão produzir até 400 milhões de doses de imunizantes.

Na reunião, o ministro Marcos Pontes adiantou que a Organização Mundial de Saúde tem a expectativa de que o Brasil se torne um hub de vacinação mundial, prevenindo a disseminação de novas cepas e o contágio transfronteiriço.