Para ajudar Mato Grosso, que está entre os estados brasileiros com alta no número de contaminados pela covid-19, o primeiro-secretário da Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT), deputado Eduardo Botelho (DEM), voltou a cobrar a participação dos grandes produtores do agronegócio no enfrentamento à pandemia, com a arrecadação de recursos que ajudem, por exemplo, no combate à fome.

Para ajudar, os deputados aprovaram durante a sessão ordinária, desta segunda-feira (05), o requerimento da Mesa Diretora para a alocação de recursos financeiros e adoção de procedimentos para aquisição de 200 cilindros de oxigênio, após análise de preços e legalidade da iniciativa.

Em seu discurso, Botelho disse que é inconcebível que apenas os pequenos empreendedores, especialmente, os do setor de eventos, se esforcem para o combate à pandemia, com a suspensão das suas atividades, sem a devida atenção para que superem a crise econômica causada em decorrência à covid-19.

Ele conclamou a comissão especial do Observatório Socioeconômico Social, presidida pelo deputado Carlos Avallone (PSDB), para formar uma força-tarefa com os produtores rurais para ajudar.

“Quem está sofrendo mesmo com essa pandemia são os comerciantes, são aqueles do setor de eventos. Esses, sim, estão pagando por todos. Ora, se estão fechados, se estão parados, não é para o bem de todos? É! Então, não é justo que todos paguem essa conta? Ou é só eles e as pessoas que vão perder empregos que vão pagar, enquanto outros estão nadando em berço esplêndido? Não! Temos que fazer justiça. É preciso fazer uma distribuição de renda para o bem de todos. É hora de essas pessoas [grandes produtores] virem à frente e fazer uma grande campanha para arrecadar recursos e ajudar os pequenos empresários e as pessoas que passam fome.  É preciso um grande debate contra a fome em Mato Grosso”, disse Botelho, ao lembrar a força do agronegócio, inclusive, quando há interesse de eleger algum representante político.

Botelho reconheceu o empenho dos deputados para ajudar, mas alertou que a ALMT mesmo tendo recursos, esbarra na legislação e o Ministério Público Estadual pode entrar com ação. Ele defende a atuação incisiva da ALMT na área social para contribuir com milhares de cidadãos que estão sendo penalizados, seja pela falta de atendimento hospitalar ou pela falta de alimentos à mesa.

“A fome assola o povo, no estado mais rico da federação, proporcionalmente, que teve ganhos nessa pandemia, ganhos para poucos, apenas uma parcela de empresários e, sobretudo, os que atuam no agronegócio, mas a grande maioria está passando fome sim. Será que não é hora de entrarmos nisso? Temos recursos na Assembleia e podemos comprar. Agora, o sistema de atendimento das prefeituras está colapsado, não estão fazendo isso de forma eficaz. A Assembleia poderia fazer esse trabalho social. Mas, esbarramos no Ministério Público, estamos fazendo uma consulta no Tribunal de Contas para a compra de cilindros de oxigênio e sacolões. Vamos enfrentar essa luta!”

Avallone informou que alguns empresários já manifestaram a vontade de doar cilindros de oxigênio através do projeto Oxigênio Solidário. “Vamos doar 200 cilindros porque em 24 horas conseguimos 238 doações de empresários”, explicou Avallone, durante a sessão.