A goleada do Botafogo em cima do Flamengo por 4 a 1 no último domingo serviu para aumentar a moral da equipe e também as chances de terminar a competição em primeiro lugar. O time de Artur Jorge agora tem 41,57% de chances de terminar o Campeonato Brasileiro com o título aguardado desde 1995. Um aumento de 8,29 pontos percentuais.

Quem assume a segunda colocação agora é o Fortaleza – que também é vice-líder na tabela, sendo que ainda tem um jogo a menos e chegou a ocupar a liderança por menos de 24 horas nesta rodada. O time cearense agora tem 20,96% de chances de terminar a competição com o inédito título de campeão brasileiro.

A principal queda foi do Flamengo. Goleado pelo Botafogo, o time de Tite viu a possibilidade de terminar com o título despencar para quase a metade. Agora, nas simulações realizadas pelo ge, a equipe rubro-negra terminou na frente em 18% das vezes.

Fechando o top-4 está o Palmeiras. A equipe venceu em casa e está com sua maior chance de título na temporada até aqui: 11,54%. Veja a tabela e todos os números dos times que ainda têm chances abaixo.

 — Foto: Info esporte

— Foto: Info esporte

As chances são determinadas por modelos estatísticos aplicados pelo economista Bruno Imaizumi sobre microdados coletados pela equipe do Espião Estatístico desde 2013. Foram analisadas as características de 108.306 finalizações e resultados de 4.398 jogos de Campeonatos Brasileiros que servem de parâmetro para medir a produtividade atual das equipes no ataque e na defesa a partir da métrica de expectativa de gol (xG), consolidada internacionalmente.

Por exemplo, se uma equipe com desempenhos ofensivos e defensivos apenas medianos será visitante no segundo turno contra adversários que estejam com as melhores performances mandantes, as chances desse visitante vencer são menores do que de um time eficiente e de alta produtividade ofensiva que tem agendados confrontos contra adversários que, neste momento, estejam com os piores desempenhos caseiros.

Porém, conforme novos jogos são disputados, os potenciais futuros mudam, rodada a rodada. Essas são algumas possibilidades que explicam o fato de as chances não acompanharem exatamente as posições atuais da tabela de classificação: os potenciais futuros são diferentes dos resultados já conhecidos, entre outros motivos, devido à inversão de mandos no returno.

Os dados ajudam a calcular o potencial que cada equipe tem para vencer os jogos restantes, considerando mando de campo e outras características ao fazer 10 mil simulações para cada partida a ser disputada, o que resulta nos percentuais do quadro abaixo. A metodologia empregada está explicada no final do texto.

Chances de permanecer na Série A 2025

Na parte de baixo da tabela, cinco times têm menos do que 50% de chances de continuar na primeira divisão no ano que vem. Todos os outros 15 clubes apresentam mais de 76% de possibilidade de continuar na elite, o que indica que a briga para não cair tende a ficar entre os que estão nas últimas cinco posições do Brasileirão.

Quem está na situação mais difícil é o lanterna Atlético-GO. O triunfo em casa por 1 a 0 em cima do Internacional até fez aumentar a possibilidade de se manter na Série A, mas as chances ainda são de apenas 6%. Ao menos é uma luz no fim do túnel para quem ainda não havia vencido em casa.

Chances de permanecer na Série A em 2025 depois da 23ª rodada — Foto: Info esporte

Chances de permanecer na Série A em 2025 depois da 23ª rodada — Foto: Info esporte

Em seguida aparece o Fluminense, com 37,69%. A equipe de Mano Menezes está a um ponto do primeiro time fora da zona de rebaixamento, mas é quem tem a segunda pior probabilidade de se manter na primeira divisão.

Penúltimo colocado, o Cuiabá tem 45,85% de chance de seguir na elite do futebol brasileiro. Em má fase na competição, está com a pior porcentagem desde o fim do primeiro turno já que vem de cinco jogos seguidos sem vencer na competição, sendo quatro derrotas e um empate.

Primeiro time no Z-4, o Corinthians tem o mesmo número de pontos do Vitória (primeira equipe fora da zona de rebaixamento). Até por isso, menos de um ponto percentual separam os dois times. Veja o ranking completo abaixo.

Libertadores

Chances de G-6 na Série A depois da 23ª rodada — Foto: Info esporte

Chances de G-6 na Série A depois da 23ª rodada — Foto: Info esporte

Enquanto Copa do Brasil, Sul-Americana e Libertadores não estiverem decididas, os quatro primeiros colocados no Brasileirão se classificam para a fase de grupos da Libertadores do ano que vem, enquanto o quinto e o sexto colocados disputam uma fase preliminar.

Caso os campeões das três competições estejam entre os primeiros colocados do Brasileirão, novas vagas classificatórias para a Libertadores serão abertas no nacional. Por enquanto, apresentamos as chances de as equipes terminarem o Brasileirão até a quarta e até a sexta colocações.

Metodologia

Apresentamos as probabilidades estatísticas baseadas nos parâmetros do modelo de “Gols Esperados” ou “Expectativa de Gols” (xG), uma métrica consolidada na análise de dados que tem como referência as finalizações cadastradas pelo Espião Estatístico em 4.387 jogos de Brasileirões desde a edição de 2013.

As variáveis consideradas no modelo são: (1) a distância e o ângulo da finalização em relação ao gol; (2) se a finalização foi feita cara a cara com o goleiro; (3) se foi feita sem a presença do goleiro; (4) a parte do corpo utilizada para concluir; (5) se a finalização foi feita de primeira, ajeitada ou carregada; se o chute foi feito com a perna boa ou ruim do jogador; (6) a origem do lance (pênalti, escanteio, cruzamento, falta direta, roubada de bola, lateral etc); (7) se a assistência foi feita de dentro da área; (8) a posição em que o atleta joga; (9) indicadores de força do chute; (10) o valor de mercado das equipes em cada temporada a partir de dados do site Transfermarkt (como proxy de qualidade do elenco); (11) o tempo de jogo; (12) a idade do jogador; (13) a altura do goleiro em jogadas originadas de bolas aéreas; (14) a diferença no placar no momento de cada finalização.

De cada cem finalizações da meia-lua, por exemplo, apenas sete viram gol. Então, uma finalização da meia-lua tem expectativa de gol (xG) de cerca de 0,07. Cada posição do campo tem uma expectativa diferente de uma finalização virar gol, que cresce se for um contra-ataque por haver menos adversários para evitar a conclusão da jogada. Cada pontuação é somada ao longo da partida para se chegar ao xG total de uma equipe em cada jogo. Essa variação indica as chances de os times vencerem cada adversário e, a partir daí, é calculada a chance de os clubes terminarem o campeonato em cada posição.

O modelo empregado nas análises segue uma distribuição estatística chamada Poisson Bivariada, que calcula as probabilidades de eventos (no caso, os gols de cada equipe) acontecerem dentro de um certo intervalo de tempo (o jogo). Para chegar às previsões sobre as chances de cada time terminar o campeonato em cada posição foi empregado o método de Monte Carlo, que basicamente se baseia em simulações para gerar resultados. Para cada jogo ainda não disputado, realizamos dez mil simulações.

*A equipe do Espião Estatístico é formada por: Davi Barros, Guilherme Maniaudet, Guilherme Marçal, João Guerra, Leandro Silva, Roberto Maleson, Roberto Teixeira e Valmir Storti. (GE)