Dorival Júnior não irá renovar seu contrato com o Flamengo. O treinador descobriu o interesse do clube por Vítor Pereira, antigo treinador do Corinthians. Dessa forma, decidiu encerrar todas as negociações para continuar no Rubro-Negro. O técnico, que confirmou a saída no fim da noite desta sexta-feira (25), tem contrato se encerrando em 31 de dezembro.
O Flamengo não se pronunciou oficialmente, mas Dorival avisou à diretoria que não gostou do vazamento da informação. Com isso, decidiu desistir de continuar conversando com o clube. Nos últimos meses, o diálogo entre treinador e diretoria parecia caminhar para um final feliz, mas este rompimento encerra, assim, a vitoriosa passagem do treinador pela Gávea.
A notícia sobre o interesse do Flamengo em Vítor Pereira movimentou o noticiário a partir do fim da tarde desta sexta-feira (25). O jornal português ‘Record’ informou que o Rubro-Negro já vinha conversando com Vítor, que deixou o Corinthians logo após o fim do Brasileirão. A intenção da diretoria seria, assim, deixar a situação de Dorival em ‘banho-maria’ enquanto conversava com o luso.
Campeão da Libertadores e da Copa do Brasil, Dorival Júnior ficou apenas seis meses em sua terceira passagem no Flamengo, treinando a equipe em 41 jogos. Ao todo, foram 23 vitórias, seis empates e nove derrotas. Ele chegou ao Fla em junho, substituindo o português Paulo Sousa, que deixou o clube desprestigiado. Anteriormente, Dorival já tinha comandado o Flamengo, em 2012 e 2018.
No adeus, Dorival cita ‘momento de mudança’
Pouco depois da repercussão da informação, Dorival Júnior foi às redes sociais para se pronunciar. Em um vídeo em seu Instagram, o treinador garantiu que estava interessado em permanecer no Flamengo e que a questão financeira não seria um problema. No entanto, ele não comentou sobre o interesse da diretoria em Vítor Pereira: limitou-se a dizer que era ‘um momento de mudança’:
“Desde a minha chegada ao Flamengo, minha única preocupação, e todo o respeito possível, foram dedicados ao clube. Eu sempre disse à diretoria que, em 2023, isso não seria diferente. Financeiramente, a questão salarial não foi um problema. Como nunca foi em clube nenhum. A diretoria entendeu que esse seria o momento de uma mudança, e eu respeito isso”.
Dorival ainda lembrou o início de sua terceira passagem pelo Flamengo. Ele, que substituiu Paulo Sousa, recebeu um time que ainda precisava se encontrar, enquanto patinava na temporada. Ele citou a vitória sobre o Atlético-MG, pelas quartas de final da Libertadores, como um dos momentos mais marcantes desta passagem.
“Cheguei em 11 de junho. Para mim, foi uma emoção única. O que aconteceu a partir daí, o impulsionamento que ganhamos com a participação dos torcedores, me emocionou. Marcou minha vida, minha carreira e minha história. Jamais vou esquecer, do jogo do Atlético Mineiro em diante. E principalmente daquele domingo, em que comemoramos nossos títulos, todos juntos, no centro do Rio”, disse.
À torcida, o agradecimento final
Por fim, Dorival Júnior aproveitou para agradecer aos funcionários, jogadores e torcedores do Flamengo. Ele pontuou que sempre lembrará dos momentos que viveu na temporada de 2022 e destacou que foi a torcida a maior responsável por criar um ambiente sempre acolhedor para o time, especialmente nos jogos que aconteceram no Maracanã:
“Quero agradecer a todos os jogadores e funcionários, que fizeram nosso dia a dia ser leve, de trabalho e comprometimento. Carrego no coração toda a história e participação de todos vocês (torcedores). Que, às vezes, sem ter de onde tirar, estão sempre ali, torcendo pelo clube e fazendo com o que o Maracanã seja sempre um palco maravilhoso. Entreguei todo o possível para alcançarmos esses dois grandes títulos (Libertadores e Copa do Brasil), que vieram com o apoio da torcida”. (Jogada 10)
Vítor Pereira deve assumir
Vítor Pereira é o desejo do Flamengo para comandar a equipe a partir de 2023. O clube, que tem adiado as conversas com Dorival Júnior, tem negociação com o ex-treinador do Corinthians há cerca de dez dias e as partes estão otimistas em um acerto.
A informação foi divulgada inicialmente pelo jornal Record, de Portugal. O ge apurou que o empresário Giuliano Bertolucci é quem intermedia as tratativas, que tem participação direta do próprio Vitor Pereira. As negociações giram em torno de 4 milhões de euros por ano, ou seja, pouco mais de R$ 22 milhões para o Vítor e sua comissão técnica.
Paralelamente a isso, Dorival já está ciente da movimentação do clube e a relação, por mais que ainda não esteja encerrada, está deteriorada.
Neste meio tempo, Braz também fez contato com Jorge Jesus. O Flamengo sondou o português, mas ouviu que era preciso esperar até o meio do ano para qualquer situação.
Vítor Pereira em Coritiba x Corinthians — Foto: Gabriel Machado/AGIF
O Flamengo marcou com o empresário de Dorival Júnior, Edson Khodor, para iniciar negociações após a partida contra o Juventude, mas após uma semana no Rio de Janeiro nenhuma reunião mais profunda para tratar do tema foi realizada.
Na última semana, o agente do treinador tinha viagem marcada para nova leva de negociações até que recebeu da dupla Marcos Braz e Bruno Spindel, vice-presidente de futebol e diretor executivo do Flamengo, a recomendação de permanecer em São Paulo.
Na última quarta-feira, um encontro parecia ter selado a renovação até o fim de 2023 com cláusula de rescisão que previa o pagamento dos meses faltantes para o término do contrato. Advogados de Dorival Júnior ficaram no aguardo para conclusão, mas o Flamengo novamente não bateu o martelo.
O vazamento da negociação com Vitor Pereira deixou o clima pesado entre as partes, e por mais que não existe uma ruptura definitiva, a situação não é das mais simples. Braz e Spindel seguem em silêncio.
Vítor Pereira comandou o Corinthians durante esta temporada e deixou a equipe paulista após o fim do Brasileirão. O técnico português alegou a decisão “unicamente por questões familiares sem solução neste momento”.
“Sinto-me muito triste, queria muito continuar este projeto mas não tenho hipótese nenhuma. Não vou para clube nenhum, não vou para canto nenhum. Vou para casa, tenho de ajudar a estabilizar um pouco o processo da doença da minha sogra, que está a viver na minha casa. Por isso tenho que voltar para lá. Queria ficar aqui, mas não posso. O dia a dia do Corinthians é de tranquilidade. Toda a gente me apoiou, grande amizade com o presidente. Nunca tive problemas, de vez em quando inventam coisas mas nunca tive problemas. É muito fácil liderar este plantel, muito fácil”, afirmou. (GE)