A bióloga americana Hanna Koch praticava mergulho no final de março em Florida Keys, nos EUA, quando se deparou com uma garrafa de cerveja. Ao tentar retirar o objeto da água, porém, a especialista verificou que o interior do objeto servia como casa para uma família de polvos.
“Peguei a garrafa com a intenção de descartá-la da maneira correta. Mas, antes, para ter certeza de que não havia nada vivo lá dentro, retirei algumas conchas presas na boca do recipiente e dei uma espiada. Foi quando notei o que parecia ser um globo ocular me encarando”, relata Koch, aos sites Vox e The Dodo.
Veja vídeo registrado por ela abaixo. Nas imagens, é possível, inclusive, ver os filhotes da mamãe polvo:
O olho pertencia a uma mãe polvo, que guardava cuidadosamente sua ninhada dentro da garrafa. Chelsea Bennice, bióloga marinha da Universidade Estadual da Flórida, disse ao Vox que eles provavelmente se tratavam de exemplares de polvo-pigmeu-do-atlântico (Octopus joubini). Esta espécie é caracteristicamente pequena, com um comprimento máximo de apenas 15 centímetros.
“Eu conseguia ver claramente a mamãe polvo me encarando com um olho enquanto seus braços envolviam delicadamente sua ninhada”, lembra a cientista. “Os filhotes estavam totalmente formados, eu consegui ver seus olhos, braços e cromatóforos (as células especiais que lhes permitem mudar de cor para camuflagem e comunicação)”.
Abrigos improvisados
Depois que terminou de observar as características dos pequenos cefalópodes, Koch optou por devolver a garrafa para o fundo do mar, exatamente no ponto onde a havia encontrado. Ela fez isso para não deixar a família vulnerável ao processo de encontrar um novo esconderijo, nem estressar mais os animais.
Por mais interessante que tais descobertas possam parecer, elas são igualmente preocupantes. Ter um habitat estruturalmente complexo é essencial para fornecer microhabitats e nichos para que a vida marinha tenha oportunidade de obtenção de alimento e reprodução.
“Não podemos ficar felizes com a ideia de animais selvagens usando materiais descartados”, conclui a bióloga marinha. “Os bichos merecem algo melhor do que isso”.
(Por Arthur Almeida)