Em pouco mais de uma semana de governo, o presidente Joe Biden, dos Estados Unidos, já mostrou porque encarna a esperança de muitos, inclusive de brasileiros, em um futuro melhor para o planeta.

Ao contrário de seu antecessor, Joe Biden é o antinegacionista por excelência.

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Não é um negacionista da pandemia da Covid-19. Joe Biden incentiva o uso de máscaras e o distanciamento social e procura estimular e coordenar um programa de vacinação para minimizar o impacto mortífero da tragédia que, mercê da incompetência da gestão anterior, já vitimou centenas de milhares de seus compatriotas.

 

Entre outras iniciativas busca facilitar o acesso dos mais pobres ao sistema de saúde (Obamacare), uma vez que o seu país não dispõe de um sistema universal e gratuito como o SUS, bem inspirada criação de nossos constituintes de 1988.

 

Joe Biden não é um negacionista do racismo estrutural que caracteriza a sociedade estadunidense, assim como, com diferentes características, a brasileira também. Desde o seu discurso de posse reafirmou o seu compromisso de enfrentar a violência de grupos supremacistas.

Joe Biden não é um negacionista dos direitos humanos. Já adotou importantes medidas de combate a preconceitos de gênero, etnia e religião, como odiosas medidas discriminatórias contra determinados grupos de imigrantes.

 

A presença na vice-presidência de uma mulher negra com a história e o preparo de Kamala Harris, ex-senadora e procuradora-geral da Califórnia, é bem mais do que um símbolo: é uma mudança cultural profunda e definitiva.

 

Joe Biden não é um negacionista das boas maneiras e da dignidade e da compostura que devem marcar a conduta de autoridades que servem ao público.

 

Não é visto nas redes sociais ou em eventos públicos utilizando linguajar de baixo calão ou se referindo a jornalistas e adversários políticos com palavrões e expressões preconceituosas. Biden sabe que quanto maior o cargo em que se está investido, maior é a responsabilidade de exercê-lo com sobriedade e transmitindo bons exemplos ao conjunto da administração pública e à sociedade.

 

Biden, como a chanceler alemã Merkel e como o presidente português Marcelo Rebelo, compreende que uma liderança política não granjeia respeito e se faz credora da admiração de seus concidadãos pelo volume dos insultos que dispara, mas pelo equilíbrio e coerência das propostas que apresenta.

 

Finalmente, Joe Biden não é um negacionista das mudanças climáticas globais. Um de seus primeiros atos foi determinar o retorno dos Estados Unidos ao Acordo de Paris sobre o Clima. Seu predecessor era uma deprimente marionete da indústria de combustíveis fósseis.

 

O novo presidente dos Estados Unidos compreendeu a gravidade da crise climática e o terrível potencial de seus impactos econômicos, sociais, sanitários e geopolíticos. Acreditou nos cientistas e nos relatórios do IPCC – Painel Intergovernamental das Mudanças do Clima e se dispôs a dialogar em fóruns multilaterais e adotar medidas para que o seu país cumpra as metas pactuadas e necessárias.

 

Com visão estratégica, o centro de sua política para criação de empregos é a reestruturação da matriz energética norte-americana a partir de fontes renováveis e com menores impactos na emissão de gazes do efeito-estufa. Positivamente influenciado pelos defensores do Green New Deal, a causa ambientalista deixa de ser vista como um estorvo limitador da política econômica para tornar-se um objetivo central e definidor das ações governamentais nos mais diversos setores.

 

Enquanto ainda há por aí reacionários com a sanha predatória de desmantelar a gestão ambiental e retroagir séculos nas normas de proteção ao meio ambiente, Joe Biden busca reposicionar os Estados Unidos para liderar a economia do século XXI, em que o valor agregado da produção será direta e positivamente relacionado ao maior nível de preservação ambiental.

 

Desejamos êxito para o governo de Joe Biden e Kamala Harris e que as suas boas intenções nas áreas ambiental e de direitos humanos possam se traduzir em realizações efetivas que inspirem mudanças e sirvam como exemplo para muitos países.

*LUIZ HENRIQUE LIMA  é professor e Conselheiro Substituto interino do Tribunal de Contas do Estado de Mato Grosso (TCE-MT).

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