Um bom inicio começa por uma boa base, não é? Pois bem, base para edificar pilares, construir prédios, planejar uma economia financeira, para qualquer planejamento a base é fundamental! Essa base também aplicamos para formação de grupos, sociedade e outros fins, mas nesse caso vamos usar a letra “B” maiúsculo, na palavra Base. Por que essa Base é ligado ao fator esportivo, especificando, futebol.
No futebol moderno, a Base é fundamental para formações de novos atletas. Garotos iniciam geralmente numa escolinha de técnicas futebolísticas, aos 5 ou 7 anos, de lá pra cá só vai aprimorando, até completar os 14 anos, eis que esta pronto para atuar num campeonato pegado de atletas sub-15. Dai por diante só vai subindo de categoria, sub-17, sub-20 até chegar ao profissional.
A filosofia da base mudou completamente, hoje os atletas não pensam em permanecer nos clubes, pensam alto demais, sair do seu país de origem, ir para o velho continente e jogar por um clube europeu. Não é nem mais o dólar que está em alta, o Euro está preponderando, e os nossos jovens estão sendo seduzidos por empresários em busca de “barcas boas”, mas enfim, o importante é se tornar profissional. Mas será que o jovem da Base do Clube que revelou está preocupado em se tornar o ídolo do seu clube do coração? Infelizmente hoje, os próprios clubes não tem mais essa mentalidade de formar o atleta com intuito de ser um ídolo do clube, que conquiste títulos e perpetue com a camisa do clube por no mínimo cinco anos.
Não, os tempos são outros, a mentalidade é outra, e a Base é uma moeda de troca, o jovem jogador pode até ficar do sub-15 até o sub-20, se for insistente ele pode até treinar com o elenco profissional, se ele não der futuro ou não ter um bom empresário ou padrinho lá dentro do clube, o seu sonho se torna um pesadelo. O que leva muitos a desistirem do sonho de jogar profissionalmente, mas não de gostar de jogar futebol, o que acaba levando muitos atuar na várzea, e disputar campeonatos amadores.
BASE NO MATO GROSSO
Aqui em nosso querido Estado, na Baixada Cuiabana, não é diferente, de 20 atletas do sub-19, 12 ou 10 são aproveitados para Copa FMF Sub-21, mesmo assim jovens de 20 anos não são aproveitados no time principal de profissionais. Dirigentes ou Técnicos preferem manter um elenco principal com atletas mais experientes, de preferência jogadores rodados vindo de outros Estados do Brasil.
Muitos desses jovens atletas Mato-Grossenses que surgem no futebol de base, são facilmente seduzidos por valores simbólicos para atuar 40 ou 80 minutos de jogo, o que eles acham “no mundo imaginário deles”, que “Eles” estão no auge da “fama”, mas mau eles sabem que podem envolver com um lado obscuro da sociedade ligado a lavagem de dinheiro. Onde se machucar, não terá assistência para se tratar!
O lado positivo que permite esse atleta aspirante de jogar futebol amador, vai depender da postura do clube que está inscrito, se for um clube liberal, evidentemente o jovem atleta pode ganhar seu salario e um extra jogando em dia de folga nos campeonatos amadores. Isso se for contrato de “gaveta”.
Mas pra que essa “gurizada” deixar de lado o futebol amador, é preciso haver mais profissionalismo, por parte da Federação, dos Clubes e do próprio jogador. Bom senso é a vitamina para que possamos ter em todos os clubes profissionais do nosso Estado.
Ser profissional não é ser metido, é ter postura! A juventude está longe de saber o que é profissionalismo, o que é realmente uma estrutura, digamos que a Organização do Cuiabá é a realidade mais próxima disso! Mas a maior de todas posturas para um atleta é o clube lhe valorizar com aquilo que merece, trabalhar dignamente e receber em dias. Não podemos deixar de citar que o reconhecimento do torcedor do clube é fundamental, principalmente na hora de pegar no pé se está de mal a pior… (risos), mas de fato apoiar o jovem atleta quando entra em campo, isso tudo é preciso ter cuidado.
Não podemos perder os nossos futuros atletas para o amadorismo! Futebol amador é pra quem não teve sonho concretizado de se tornar jogador profissional, mas ama jogar futebol nas peladas ou fins de semana. A nossa Base é muito rica em craques, Uirapuru, AABB, Projeto Bom de Bola Bom de Escola são uma das principais escolinhas que temos para ingressar atletas na Base dos clubes, ou muitas das vezes acabam saindo daqui para jogar em outro Estado.
Até quando futebol profissional da Baixada Cuiabana, vamos perder valiosos diamantes para Bases de fora do nosso estado ou para o amadorismo? É preciso rever esse conceito, o que é melhor gastar, formar um time com jogadores rodados, gastando R$ 60 mil á R$ 80 mil com folha de pagamento, ou manter um elenco de sub-20 por três anos pagando a eles a metade de tudo isso? Com único objetivo, não cair para divisões inferiores, brigar com raça de igual para igual, o resultado é o entrosamento e um time formado a longo prazo.
Outro ponto que precisou ser detalhado, para ter essa base de jovens atletas, no nosso caso, é preciso jogar o estadual, pós-estadual com sequencia de amistosos até a disputa da Copa FMF, dai meus amigos, é analisar se o elenco está jogando o fino da bola, só que pra isso são necessários para o clube investir cerca de R$ 1 milhão ao ano. O calendário nos dois semestres do ano também é fundamental para que se tenha um grupo solidificado, seja no time principal quanto nas categorias de Base.
No início desse texto, filosofei um pouco, expressando sobre a palavra base e os seus poli significados, como essa Base que destaquei merece sim um olhar com maior carinho, é preciso trabalha-la de forma correta, dar esperança de que eles serão o Bife, Nasser, Wender Said, Dito Siqueira e Fernando (esse ultimo foi o artilheiro que marcou mais de 10 gols no estadual, de lá pra cá ninguém fez mais gols do que ele), esses fizeram história no nosso futebol, e nossa história precisa ser recriada, a base está renovando, com isso precisamos relançar um novo ídolo do futebol local.
O sonho continua, a cada Um milhão de jovens atletas, 10 conseguem se profissionalizar, 1 alcança o estrelato do futebol, e assim a história se repete em meio as glorias e frustrações.
*IGOR GABRIEL é jornalista, radialista, locutor esportivo e mestre de cerimônia; mora em Várzea Grande e milita há anos no esporte de Mato Grosso.
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