Em comércios de Cuiabá, os cortes bovinos ficaram 16% mais caros, em janeiro deste ano, no comparativo com janeiro de 2020. Na pesquisa realizada pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (IMEA), os cortes músculo e costela foram os que apresentaram as maiores altas, com quase 28% de aumento em um ano.
A alta é motivada por diversos fatores, mas, principalmente, pelo que acontece no campo. O boi está valendo mais no pasto.
A arroba chegou a preços recordes nos últimos dias. Em Mato Grosso, está cotada a cerca de R$ 266, cerca de 55% a mais que no mesmo período do ano passado.
A arroba valorizada é o reflexo da forte demanda nas exportações. Tem mais comprador no mercado do que bois indo para o abate.
Outro fator é que está mais caro engordar o animal.
“O custo aumenta bastante para o produtor. Nós temos que estar sempre equilibrados, por que se não acaba saindo no prejuízo. Não adianta ter somente o aumento do preço da arroba. Esse é fator importante, mas os custos acompanham. Em 2020, os custos subiram muito mais do que a arroba. Tem produtos que aumentaram até 70%”, explicou o pecuarista Júlio César Rocha.
Para os frigoríficos, ter menos boi gordo, significa diminuir os abates. Em 2020, foram abatidos cerca de 5,2 milhões cabeças de gado, meio milhão a menos que em 2019.
A seca prolongada e o abate alto de matrizes contribuíram para que 2021 também começasse com a menor oferta de bois.
“O principal motivo foi o abate de fêmeas em 2018 e 2019. O índice de abate foi significativamente maior, e essas fêmeas não criaram os animais que morreriam agora”, disse o presidente do Sindicato das Indústrias Frigoríficas de Mato Grosso (Sindifrigo), Tadeu Paulo Belincanta.
A estimativa é que entre o final de março e início de abril a oferta de animais para o abate aumente. Com isso, os preços da arroba do boi devem ficar mais estáveis.