Faltam só duas rodadas no Campeonato Brasileiro e, com a queda confirmada do Goiás, que se junta a Coritiba e América-MG, já rebaixados antes da jornada deste meio de semana, falta apenas mais uma indesejada vaga na Série B 2024. O Bahia perdeu para o São Paulo e seguiu no Z-4, o que fez com que suas chances de permanência caíssem de 64,13% para 56,30%. A esperança tricolor de deixar a zona de perigo está no duelo do próximo domingo diante do lanterna América-MG, em Belo Horizonte. A equipe baiana precisa vencer e secar Vasco e Santos para que um dos dois ocupe o 17º lugar antes da rodada final.

O Vasco também perdeu na rodada 35 para o Corinthians, em casa, e segue muito ameaçado. As possibilidades cruz-maltinas de permanecer na elite do Brasileirão caíram de 80,75% para 67,49%. Além disso, o seu próximo jogo é bem difícil, pois encara o Grêmio, em Porto Alegre, que ainda tem uma pequena chance de título e luta para entrar no G-4.

O Santos praticamente se manteve no mesmo patamar em que se encontrava antes mesmo perdendo feio por 3 a 0 para o Fluminense, na Vila Belmiro. Suas chances de permanência foram de 78,98% para 78, 28% favorecido pelos maus resultados dos rivais Bahia e Vasco, além da confirmação da queda do Goiás.

O Cruzeiro tem dois adversários difíceis da parte da cima da tabela de classificação nas duas últimas rodadas: Botafogo fora e Palmeiras em casa. No entanto, está com boas chances de ficar na Série A com 97,96%, porque seus rivais na disputa pela permanência não estão se notabilizando por sequência de vitórias nesta reta final. Se vencer um de seus jogos, a Raposa assegura um lugar na Série A 2024.

São Paulo, Internacional, Fortaleza e Cuiabá garantiram a participação no Brasileirão 2024 após a 36ª rodada, independentemente dos resultados de suas partidas, e o Corinthians só precisa de mais um pontinho para também começar a planejar a próxima temporada.

Chances de permanecer na Série A

Após a 36ª rodadaPermanência
Corinthians99,97%
Cruzeiro97,96%
Santos78,28%
Vasco67,49%
Bahia56,30%
Goiás (rebaixado)0%
Coritiba (rebaixado)0%
América-MG (rebaixado)0%

Em parceria com o economista Bruno Imaizumi, analisamos todas as finalizações cadastradas pelo Espião Estatístico em 4.159 jogos de Brasileirões desde a edição de 2013, que servem de parâmetro para medir a produtividade atual das equipes no ataque e na defesa a partir da expectativa de gol (xG), métrica consolidada internacionalmente. Os dados ajudam a calcular as chances de cada equipe vencer os jogos restantes, fazendo 10 mil simulações para cada partida a ser disputada, o que resulta nos percentuais do quadro abaixo. A metodologia empregada está explicada no final do texto.

Chances de título

O título do Brasileirão foi bem encaminhado pelo Palmeiras na 35ª rodada. Além de vencer o lanterna América-MG com tranquilidade, viu o Flamengo, que estava com a mesma pontuação que o Alviverde, levar um baile do Atlético-MG, no Maracanã, e o Botafogo, que estava um ponto atrás do líder, empatar com o rebaixado Coritiba. Com isso, as chances do 12º título brasileiro dos palmeirenses foram de 56,4% para 86,03%.

Chances de título após a rodada 36 do Campeonato Brasileiro — Foto: InfoEsporte

Chances de título após a rodada 36 do Campeonato Brasileiro — Foto: InfoEsporte

O Galo assumiu a terceira colocação e está a três pontos do Palmeiras , além de oito gols atrás no saldo, o que significa que, mesmo que empate em pontuação na próxima rodada, dificilmente vai ultrapassar o atual primeiro colocado. Em relação às chances, a equipe alvinegra teve uma leve subida de 3,26% para 5,52%.

Os grandes derrotados na luta pela taça neste meio de semana foram Flamengo e Botafogo. Os rubro-negros caíram de 24% de possibilidades para apenas 3,13%, enquanto os alvinegros foram de 13% para também 3,13%.

Chances de título no Brasileirão

Após a 36ª rodadaTítulo
Palmeiras86,03%
Atlético-MG5,52%
Botafogo3,13%
Flamengo3,13%
Grêmio2,19%

Chances de Libertadores

Todos os classificados para a Libertadores 2024 foram decididos nesta rodada. Atlético-MG e Grêmio estão garantidos no G-6, enquanto o Bragantino só pode ser ultrapassado pelo Fluminense, que é o atual campeão da principal competição sul-americana e, por isso, já havia garantido a sua vaga na próxima edição.

A luta agora é pelo G-4, que dá uma vaga direta para a fase de grupos da Libertadores. Com 99,91% de chances de ficar entre os quatro primeiros, o Palmeiras está praticamente garantido. O Atlético-MG subiu de 50,98% para 84,95% ao atropelar o Flamengo e encara o São Paulo no sábado, em casa, para ficar ainda mais próximo desse objetivo.

Sem vencer há nove jogos, o Botafogo ainda mantém ótimas chances de G-4, pois teve leve queda de 83,61% para 73,16%. Uma vitória em casa contra o Cruzeiro, no próximo domingo, pode deixar a vaga na fase de grupos mais perto do clube carioca.

Tiquinho em empate entre Coritiba e Botafogo — Foto: Robson Mafra/AGIF

Tiquinho em empate entre Coritiba e Botafogo — Foto: Robson Mafra/AGIF

O Flamengo também depende só de suas forças para ficar com uma das vagas do G-4: 72,31%. Mas vai precisar se recuperar imediatamente da derrota para o Atlético-MG diante de um adversário que, assim como o Galo, já lhe venceu por 3 a 0 no atual Brasileirão: o Cuiabá. A diferença é que o confronto do turno foi na Arena Pantanal e agora será no Maracanã. Se o Rubro-Negro vacilar, o Grêmio, que tem 58,91% de possibilidades de G-4, tem tudo para beliscar a vaga direta para a fase de grupos da Libertadores.

Chances de ir para a Libertadores

Após a 36ª rodadaG-4G-6
Palmeiras99,91%100%
Atlético-MG84,95%100%
Botafogo73,16%100%
Flamengo72,31%100%
Grêmio58,91%100%
Bragantino10,76%88,98%
Fluminense*0%11,02%

Metodologia

Apresentamos as probabilidades estatísticas baseadas nos parâmetros do modelo de “Gols Esperados” ou “Expectativa de Gols” (xG), uma métrica consolidada na análise de dados que tem como referência as finalizações cadastradas pelo Espião Estatístico em 4.124 jogos de Brasileirões desde a edição de 2013.

As variáveis consideradas no modelo são: (1) a distância e o ângulo da finalização em relação ao gol; (2) se a finalização foi feita cara a cara com o goleiro; (3) se foi feita sem a presença do goleiro; (4) a parte do corpo utilizada para concluir; (5) se a finalização foi feita de primeira, ajeitada ou carregada; se o chute foi feito com a perna boa ou ruim do jogador; (6) a origem do lance (pênalti, escanteio, cruzamento, falta direta, roubada de bola, lateral etc); (7) se a assistência foi feita de dentro da área; (8) a posição em que o atleta joga; (9) indicadores de força do chute; (10) o valor de mercado das equipes em cada temporada a partir de dados do site Transfermarkt (como proxy de qualidade do elenco); (11) o tempo de jogo; (12) a idade do jogador; (13) a altura do goleiro em jogadas originadas de bolas aéreas; (14) a diferença no placar no momento de cada finalização.

De cada cem finalizações da meia-lua, por exemplo, apenas sete viram gol. Então, uma finalização da meia-lua tem expectativa de gol (xG) de cerca de 0,07. Cada posição do campo tem uma expectativa diferente de uma finalização virar gol, que cresce se for um contra-ataque por haver menos adversários para evitar a conclusão da jogada. Cada pontuação é somada ao longo da partida para se chegar ao xG total de uma equipe em cada jogo. Essa variação indica as chances de os times vencerem cada adversário e, a partir daí, é calculada a chance de os clubes terminarem o campeonato em cada posição.

O modelo empregado nas análises segue uma distribuição estatística chamada Poisson Bivariada, que calcula as probabilidades de eventos (no caso, os gols de cada equipe) acontecerem dentro de um certo intervalo de tempo (o jogo). Para chegar às previsões sobre as chances de cada time terminar o campeonato em cada posição foi empregado o método de Monte Carlo, que basicamente se baseia em simulações para gerar resultados. Para cada jogo ainda não disputado, realizamos dez mil simulações.

*A equipe do Espião Estatístico é formada por: Gabriel Leonan, Guilherme Maniaudet, Guilherme Marçal, João Guerra, Leandro Silva, Roberto Maleson, Roberto Teixeira, Valmir Storti e Victor Gama. (GE)