A avaliação do governo do presidente Jair Bolsonaro (PL) melhorou entre os beneficiários do Auxílio Brasil, programa que recebeu reajuste para R$ 600 dois meses antes da eleição e teve seu alcance ampliado às vésperas do segundo turno.

Segundo a mais recente pesquisa do Datafolha, 31% dos eleitores que recebem o benefício consideram o atual governo ótimo ou bom, ante 27% na semana passada, no final do primeiro turno. A taxa de aprovação neste grupo é a melhor desde que o levantamento começou a ser feito, há um mês.

O índice de rejeição ainda supera o de aprovação, mas dá sinais de recuo, atingindo seu menor patamar em toda a série. São 41% os que consideram a gestão de Bolsonaro ruim ou péssima -eram 45% na última pesquisa. Já os que a classificam como regular somam 28% (eram 27%).

Na primeira rodada de entrevistas para o segundo turno, o Datafolha ouviu 2.884 eleitores, entre os dias 5 e 7 de outubro, em 179 cidades. Contratado pela Folha e pela TV Globo, o levantamento está registrado no TSE sob o número BR-02012/2022. A margem de erro é de 2 pontos percentuais, para mais ou para menos.

Na pesquisa, 24% dos eleitores brasileiros disseram receber ou morar com algum beneficiário do Auxílio Brasil. Na pesquisa da semana anterior, eram 28%.

O reajuste do valor do benefício foi uma das principais apostas de Jair Bolsonaro, que aparece atrás de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas pesquisas de intenção de voto para o segundo turno da disputa presidencial. De 19 a 30 de setembro, o benefício foi pago a 20,65 milhões de famílias, 450 mil a mais do que em agosto, quando 20,2 milhões tiveram direito à renda.

No primeiro turno, contudo, a expansão do programa não conseguiu reverter a tendência de votos no PT entre os mais pobres.

A melhora na aprovação do governo entre quem recebe o Auxílio Brasil sugere que a estratégia de Bolsonaro para aumentar a popularidades entre os eleitores de baixa renda pode estar dando certo. Contudo, o crescimento na avaliação positiva não se restringe a esses eleitores.

O governo melhorou sua taxa de aprovação de forma geral. Conforme mostrou o Datafolha, 37% consideram a gestão do presidente como ótima ou boa -na semana passada eram 31%. Este é o melhor índice de aprovação alcançado pelo presidente desde dezembro de 2020.

Outro dado cada vez mais positivo para o candidato à reeleição é o de confiança em suas declarações. Entre os que recebem o Auxílio Brasil, 24% dizem confiar sempre no que o presidente diz -na última pesquisa a taxa era de 18%.

Segundo o levantamento, 49% dos beneficiários nunca confiam nas falas de Bolsonaro, um recuo de sete pontos percentuais na comparação com a rodada anterior. Nunca antes, os dois indicadores de confiança foram tão positivos para o atual presidente.

O recorte geral da pesquisa também mostra que Bolsonaro atingiu o pico de confiança em suas declarações. Uma parcela de 28% diz acreditar sempre no que o mandatário fala (eram 21%), e 46% nunca confiam (eram 51%).

Lula tem 56% entre os que recebem Auxílio Brasil Apesar da melhora nos índices de aprovação do governo Bolsonaro, Lula aparece em primeiro nas intenções de voto entre os beneficiários do Auxílio Brasil. Segundo o Datafolha, 56% dos eleitores desse grupo dizem que votariam no candidato petista, enquanto 37% escolheriam Bolsonaro. Os que pretendem anular ou votar em branco representam 5%; os indecisos 2%.

A diferença entre os candidatos é maior neste grupo do que no recorte geral, onde Lula marca 49% e Bolsonaro, 44%.

A nova rodada da pesquisa também indica que a grande maioria dos beneficiários (92%) diz estar totalmente decidida a votar no candidato apontado.
Como este levantamento é o primeiro exclusivamente sobre o segundo turno, não é possível comparar com pesquisas anteriores para saber se as intenções aumentaram ou diminuíram.

Embora as últimas edições do Datafolha questionassem os eleitores sobre eventuais cenários numa segunda etapa da disputa presidencial, tratavam-se de simulações entre possíveis candidatos. Agora, o levantamento mede efetivamente a intenção de voto, o que resulta numa diferença de pergunta e de perspectiva.

Na última pesquisa, feita antes do primeiro turno, 64% dos eleitores que recebem Auxílio Brasil diziam votar em Lula; 30%, em Bolsonaro.

Beneficiários acreditam que Lula é mais preparado para combater a corrupção e manter Auxílio em R$ 600 A nova pesquisa do Datafolha também questionou os eleitores sobre quais temas eles consideram mais relevantes na hora de decidir o voto, e qual candidato tem mais condições de defender determinadas pautas.

Combate ao crime e à corrupção, defesa da democracia, assuntos ligados à economia e proteção do ambiente lideram a lista de fatores considerados muito importantes.

A manutenção do Auxílio Brasil em R$ 600 reais, por sua vez, é vista como muito importante por 65% dos eleitores na hora de definir em quem votar.
No recorte geral, Bolsonaro é mais apontado como mais preparado que Lula para manter o benefício com o atual valor (48% a 43%). Já entre os que recebem o benefício, o cenário é o oposto. Metade diz que o petista tem mais condições de manter a quantia, enquanto 42% acreditam ser o ex-capitão.

Inversões semelhantes -comparando beneficiários e não beneficiários do Auxílio- ocorrem em relação a outros temas. Para a maioria dos que não recebem a assistência (54%), Bolsonaro é o candidato mais preparado para defender os valores da família tradicional. No grupo do Auxílio, 52% indicam ser Lula.

Sobre combate à corrupção, 48% dos não beneficiários acreditam que o atual presidente tem mais condições de lidar com o tema. A metade dos beneficiários acredita que o petista sairia melhor.

Fonte: FOLHAPRESS