Fazer críticas e debater políticas é algo saudável em uma democracia. Porém infelizmente o cenário político nacional indica que tanto uma parte da direita como uma parte da esquerda não conseguem lidar muito bem com exercício do debate e com as diferenças de idéias e pensamentos. Em alguns momentos essa dualidade praticamente acaba com as possibilidades de realizar uma discussão aprofundada sobre o futuro do país, e transforma o processo democrático em um grande plebiscito de sim ou não. Mas qual projeto cada lado defende? E será que ambos os lados conseguem respeitar as diferentes visões, para construir uma unidade nacional capaz de tirar o país da crise que se encontra?

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As últimas grandes mobilizações que reuniu segmentos da esquerda e direita ocorreram em 2013. As pautas iam muito além das críticas aos aumentos nas tarifas de transporte público. A insatisfação com algumas medidas governamentais, as denúncias de corrupção, os problemas na saúde, na educação e a necessidade de uma reforma política, eram alguns dos pontos centrais no debate. Dilma e o parlamento deram uma resposta tímida as mobilizações, que logo findaram junto com as comemorações da vitória do Brasil na Copa das Confederações.  Na época, por exemplo, a cidade de Cuiabá vivia a euforia da promessa que o Veículo Leve Sobre Trilhos (VLT), estaria funcionando no ano seguinte para os jogos da copa do mundo. Quase oito anos se passaram, mais de um bilhão foi gasto, o VLT não ficou pronto e ao que tudo indica nunca ficará, já que o governo decidiu trocar o modal pelo Bus Rapid Transit (BRT).

Qualquer governo possui erros e acertos, e qualquer governante precisa estar disposto a discutir sobre os pontos negativos e positivos de suas decisões. Apresentar críticas aos governos de Fernando Henrique Cardoso, Lula, Dilma, Temer e Bolsonaro faz parte do processo democrático. E aqueles possuem o desejo de concorrer a um cargo público, em especial a presidência do país, precisam apresentar para sociedade de forma clara a plataforma que defendem. O Brasil precisa de um projeto de desenvolvimento para o país, e por isso o debate é tão importante.

Porém, em meio à uma grande crise sanitária, com centenas de milhares de mortos, com a desigualdade social e o desemprego aumentando, devido à crise econômica. O governo Bolsonaro decide adotar como prática, realizar denúncias contra adversários ou pessoas que fazem crítica a atual gestão. Esse fato demonstra um perfil autoritário e perseguidor, e que não se preocupa com a vida da população, o que não condiz com estado democrático de direito. Essas recentes medidas deveriam ter gerado reações no congresso e no judiciário, visando mudar a legislação herdada da ditadura, que permite esse tipo de prática perseguidora ou realizar a construção de novos entendimentos sobre a aplicabilidade da lei.

Precisamos na política nacional entender a crítica como algo construtivo, e a autocrítica como algo necessário. É preciso reconhecer onde estão os erros, corrigir esses erros com rapidez e tentar fazer o melhor para o país. Ignorar os erros custa caro, causa danos a economia, pode causar muitas mortes e diversos outros impactos sociais e ambientais. O Brasil precisa reunir forças para encontrar um caminho balanceado onde a boa gestão pública, a eficiência e o planejamento sejam os pontos centrais de uma gestão, proporcionando emprego, reduzindo desigualdade e gerando oportunidades. Precisamos debater o país e encontrar saídas para as várias crises que vivemos.

Não pode ser considerado errado, ou muito menos um crime, pessoas de esquerda criticarem governos de esquerda ou de direita. Da mesma forma as pessoas de direita podem criticar governos de esquerda ou de direita. As críticas são fundamentais para que erros sejam corridos. Um debate maduro e sadio é o caminho para fortalecer a democracia e o país, não existe milagre, solução mágica ou salvador da pátria. Apenas a estruturação do estado brasileiro pode tornar o país menos burocrático, mais eficiente, com políticas públicas abrangentes e que consiga garantir mais oportunidade e igualdade para todos. Ninguém precisa ficar abandonado no caminho, para que alguém possa vencer. É possível construirmos um país para todos. E para isso, a crítica, a autocrítica, a participação social e o exercício da democracia são fundamentais.

*CAIUBI EMAUEL SOUZA KUHN   é professor do Instituto de Engenharia da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT); Campus Várzea Grande  Geólogo, mestre em geociências e especialista em gestão pública. 

E-MAIL:             caiubigeologia@hotmail.com 

CONTATO:         www.facebook.com/caiubi.kuhn

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