Está bem, o Atlético-MG já esteve com a taça de campeão brasileiro mais próxima de sua sede em outras ocasiões, mas quando o título de 1971 ainda era mais fresco na memória. São quase 50 anos de jejum, e passou da hora de acabar. Acabará! O Galo nunca esteve tão próximo nos pontos corridos de ser o vencedor do Brasileirão. A análise é de Fred Ribeiro para o Globo Esporte. Confira:
Em 1977 e em 1980, o Atlético tinha time com grandes craques, históricos. Bateu vice-campeão em ambos. Primeiro, diante do São Paulo, era muito melhor, com uma primeira fase perfeita. Mas perdeu Reinaldo, em obscura decisão do STJD.
Depois, enfrentou o grande Flamengo de Zico, decisões equivocadas da arbitragem afastaram o caneco. Agora, a regularidade impera para Cuca e cia. exorcizarem o maior fantasma do Clube Atlético Mineiro. Após o apito final no jogo contra o Juventude, a torcida tentou se segurar, mas não conseguiu. Gritou “é campeão”, cantou o famoso samba “Vou Festejar”, atrasou ao máximo a saída do estádio para criar um clima de festa.
Vencer o Juventude em casa fez o Atlético ter condições de bater 80 pontos no próximo fim de semana. É verdade, precisa vencer o Palmeiras, fora de casa, na terça-feira. O Verdão estará com 99% do foco na final da Libertadores. E também é muito possível imaginar o Flamengo tropeçando para o Grêmio, na terça, também fora. O time de Renato também tem a final continental.
A máxima pontuação do Rubro-Negro, após vencer o Internacional no Beira-Rio, são 81 pontos e 25 vitórias. O Atlético precisa de três vitórias para se sagrar campeão sem depender mais de “secar” seu histórico rival. Neste cenário, teria de ser contra o Bahia, 2/12, fora, vencendo Palmeiras e Fluminense. Mas se o Flamengo não vencer Grêmio ou Ceará (30/11), a missão do Galo fica mais curta.
O jogo no Mineirão foi tenso. Mas Hulk, até então apagado – havia feito só uma boa jogada, cruzando para Diego Costa, no primeiro tempo – se sobressaiu novamente. Marcação de pênalti via VAR (questionável, é verdade, foi “menos pênalti” do que o pisão sofrido pelo camisa 19 antes) foi um verdadeiro alívio. Cuca é um personagem de destaque. O individual fez a diferença, mas a partida se apresentou ataque x defesa, e o treinador chegou a sacar um zagueiro (Réver) para colocar um armador (Nacho).
Atlético-MG x Juventude — Foto: Fernando Moreno/AGIF
Neutralizou totalmente os ataques do Juventude no segundo tempo, amassou o time no ataque. Eram pouquíssimos espaços para tocar, tabelar, driblar. Forçadamente, o Atlético só conseguia chegar na área em cruzamentos. Nathan Silva (vai se consolidando como o grande zagueiro do elenco) acertou uma bomba no travessão, do meio da rua. Nacho, mais distante do gol adversário, ainda sem ritmo. Mas o Galo apertou até sair o pênalti.
Depois, mais pressão na marcação das linhas altas. Keno roubou a bola e deu sua quinta assistência nos últimos seis jogos, para Hulk provar (precisa?) que não é só força bruta ou explosão muscular. Belo chute na gaveta para dar números finais à partida. Depois do jogo, a torcida do Atlético ficou na expectativa de o Inter conseguir ao menos o empate contra o Flamengo, o que deixaria possível ser campeão já na terça (desde que o Fla também não vencesse o Grêmio). Não será assim.
Mas, para quem esperou 50 anos, e também por aqueles que não estão mais aqui para ver o fantasma ir embora, esperar por mais três vitórias da equipe que já venceu 23 vezes na Série A, não será nada. (GE)