Um assentamento de 11.000 anos descoberto em Saskatchewan, no Canadá, pode reescrever a história das civilizações indígenas na América do Norte. O sítio arqueológico, chamado Âsowanânihk, que significa “um lugar para cruzar” na língua cree, o assentamento sugere que sociedades organizadas e possivelmente sedentárias existiam na região muito antes do que se imaginava.

A descoberta, feita pelo arqueólogo amador Dave Rondeau em 2023, revelou evidências de uma ocupação prolongada, incluindo ferramentas de pedra, fogueiras e ossos de bisões. “Este sítio está abalando tudo o que pensávamos saber e pode mudar a narrativa das primeiras civilizações indígenas na América do Norte”, afirmou Rondeau em um comunicado.

Entre os achados mais significativos está uma grande fogueira, que indica uso contínuo ou repetido ao longo do tempo. Glenn Stuart, arqueólogo da Universidade de Saskatchewan envolvido no projeto, explicou que o local provavelmente não era um acampamento temporário de caça, mas sim um assentamento de longo prazo. “A evidência de assentamento de longo prazo e administração de terras sugere uma presença profundamente enraizada. Também levanta questões sobre a Teoria do Estreito de Bering, apoiando histórias orais de que as comunidades indígenas viveram aqui por inúmeras gerações”, disse Stuart.

Imagem áerea do sítio arqueológico Âsowanânihk, que o nome significa "um lugar para cruzar" na língua cree. — Foto: Sturgeon Lake First Nation
Imagem áerea do sítio arqueológico Âsowanânihk, que o nome significa “um lugar para cruzar” na língua cree. — Foto: Sturgeon Lake First Nation

A datação por radiocarbono de carvão encontrado em uma das lareiras apontou para uma idade de aproximadamente 10.700 anos, colocando a ocupação do sítio logo após o fim da última era glacial, quando a região se tornou habitável. “As pessoas chegaram a este local assim que foi possível viver aqui e o reocuparam continuamente por milhares de anos”, destacou Stuart.

Para Christine Longjohn, chefe da Sturgeon Lake First Nation (SLFN), destacou a importância da descoberta para a valorização da história indígena na região. “Por muito tempo, nossas vozes foram silenciadas, mas este local fala por nós, provando que nossas raízes são profundas e ininterruptas”, declarou.

Apesar da relevância arqueológica, o sítio enfrenta ameaças de destruição devido à erosão natural e à exploração madeireira na área. O Conselho de Âsowanânihk e pesquisadores estão trabalhando para proteger o local e garantir sua preservação para as futuras gerações.

(Por Carina Gonçalves)