Primeiro médico a fazer transplante de rim em Mato Grosso, na década de 1990, o deputado estadual Doutor João José (MDB) apresentou, na sessão de ordinária quinta-feira (5), requerimento para realização de audiência pública visando fomentar a conscientização sobre a importância da doação de órgãos. A audiência ocorrerá no Dia Nacional da Doação de Órgãos (27 de setembro), às 9h, no Auditório Milton Figueiredo, na Assembleia Legislativa de Mato Grosso, em Cuiabá.
“A audiência vai cons cientizar as pessoas e apresentar informações importantes sobre a doação de órgãos. Você sabia, por exemplo, que a legislação brasileira em vigor determina que a família seja a responsável pela decisão final de doar ou não órgão do parente falecido? Isso quer dizer que agora não é mais decisiva apenas a informação de doador registrada no documento de identidade. É a família quem tem que autorizar formalmente a doação do órgão. Em relação aos rins, no caso de morte encefálica, é possível que uma única pessoa ajude até duas pessoas”, explicou o deputado Doutor João.
Doutor João relembra que a sua equipe de “pioneiros” realizou nos anos 90 em torno de 200 transplantes renais, totalmente gratuitos pelo SUS no Hospital Geral Universitário (HGU) em Cuiabá. No entanto, por questões políticas as cirurgias foram suspensas há mais de 10 anos pela gestão da época. “De lá para cá, a fila de espera por transplantes de rim só aumentou em Mato Grosso. Hoje são mais de 1.900 pacientes na fila de espera por cirurgia. Então, chegou a hora do Estado voltar a atender os cidadãos. Isso porque, atualmente os pacientes precisam sair de Mato Grosso para fazer cirurgia em outros estados. Por isso, precisamos voltar a realizar este trabalho no estado”, explicou o deputado.
Na atualidade, o Governo do Estado aguarda apenas a finalização de aspectos legais para retomada definitiva dos transplantes, prevista para ocorrer no final do ano. O deputado estadual explicou que a Central Estadual de Transplante instalada no Hospital Santa Rosa já está em pleno funcionamento fazendo os exames e o cadastramento dos pacientes de hemodiálise que poderão vir a serem submetidos ao transplante, assim que houver órgãos disponíveis. “Conversei com muitos médicos nefrologistas do Estado para motivá-los em relação à retomada dos transplantes, e eles estão muito animados. Com a volta dos transplantes, e pelos profissionais que temos em Mato Grosso, em alguns anos poderemos fazer do Estado uma referencia nacional”, afirmou.
Conforme informações da Secretaria de Estado de Saúde, os procedimentos documentais já foram protocolados no Ministério da Saúde e a SES trabalha intensamente para buscar todas as liberações necessárias para reiniciar os trabalhos ainda este ano. Dos 1.900 pacientes que fazem hemodiálise, ao menos 50% devem ter a indicação para o transplante renal. Contudo, o percentual só pode ser confirmado após a avaliação da equipe médica.
Dia Nacional
De acordo com o Ministério da Saúde, o Dia Nacional da Doação de Órgãos Foi instituído pela Lei nº 11.584/2.007, e visa conscientizar a sociedade sobre a importância da doação e, ao mesmo tempo, fazer com que as pessoas conversem com seus familiares e amigos sobre o assunto.
Apesar da ampliação da discussão do tema nos últimos anos, trata-se ainda de um assunto polêmico e de difícil entendimento, resultando em um alto índice de recusa familiar. Um estudo da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) identificou três motivos principais para essa alta taxa de recusa, que não ocorre só no Brasil: incompreensão da morte encefálica, falta de preparo da equipe para fazer a comunicação sobre a morte e religião.