A defensora pública Rosana Leite, coordenadora do Núcleo de Defesa da Mulher (Nudem) de Cuiabá, disse que ainda as mulheres não tem muito o que comemorar neste dia internacional comemorado em 8 de março. A maior parte das agressões ocorrem dentro do lar.

“Eu acho que é uma data de grande representatividade no universo feminino e, principalmente, para os feministas. Nós ganhamos muitos direitos e só conseguimos por conta da luta das mulheres feministas, aquelas que realmente deram a cara a tapa, muitas derramaram sangue para, hoje, termos os nossos direitos. Precisamos de muito mais e, principalmente do compromisso da sociedade, homens e mulheres agindo para que a violência, discriminação, preconceito sejam extirpados”, avaliou.

“O isolamento social não criou os agressores. Eles já existiam. Se não agredissem nesse momento, iriam agredir em outra oportunidade. Foi só um pretexto para que essa agressão aparecesse de alguma forma”, afirmou.

Os dados são da Superintendência do Observatório de Violência, da Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp-MT) com base nos dados lançados no Sistema de Registro de Ocorrências Policiais (SROP) e informações fornecidas pelas Diretorias Metropolitana e de Interior da Polícia Judiciária Civil (PJC-MT).

 Apesar do aumento nos casos de feminicídio, os homicídios dolosos com vítimas femininas, que incluem outras motivações para morte, como tráfico de drogas, reduziu 68% – 22 casos em 2019 contra sete em 2020. Os dados contemplam os 141 municípios de Mato Grosso.

Também ocorreram quedas nos registros de ameaça (-16%), lesão corporal (-10%), tentativa de homicídio (-25%), assédio sexual (-26%), dentre outros, sempre levando em conta os números de janeiro a maio deste ano em comparação com o mesmo período do ano anterior.

A coordenadora do Nudem considera que está ocorrendo uma subnotificação dos casos de violência envolvendo mulheres. “Tenho convicção de que a violência doméstica e familiar nessa época de quarentena aumentou, mas as subnotificações são uma realidade. Isso é o mais preocupante, tendo em vista que, se as mulheres não estão denunciando, lavrando um boletim de ocorrência, elas estão sofrendo dentro de casa”, destacou.

Denuncie:

O Núcleo de Defesa da Mulher da Defensoria Pública recebe denúncias e repassa orientações por telefone e WhatsApp: (65) 98463-6782.

Denúncias anônimas também podem ser feitas junto à Central de Atendimento à Mulher pelo Disque 180 (nacional), pelo 197 (Polícia Civil), para a região metropolitana, e 181, para o interior do estado. O atendimento é feito pelo Centro Integrado de Operações de Segurança Pública (Ciosp).