Nesta parte remota da Europa, é possível observar trovants, rochas estranhas e misteriosas que crescem, se movem e até parecem respirar, atraindo a atenção da comunidade científica e dos turistas
Na natureza, a realidade ultrapassa muitas vezes a ficção. Um exemplo disso pode ser encontrado num canto pouco conhecido do sul da Romênia, na pequena aldeia de Costeti (ou Costeşti), onde pode ver um dos fenômenos geológicos mais intrigantes do mundo: os trovants, cujo nome significa literalmente “pedras em crescimento” em romeno.
Acredite ou não, estas pedras não são visualmente muito diferentes de outras rochas que pode ver no seu dia a dia. A particularidade destas formações rochosas reside no facto de os habitantes locais afirmarem que, após fortes chuvas, surgem pequenas e estranhas formas nas rochas, que continuam a ser um mistério para os cientistas, dando origem a hipóteses sobrenaturais ou paranormais.
Por que é que estas estranhas pedras “crescem”?
Para muitos geólogos, estas estruturas são únicas no planeta. A sua origem remonta a cerca de 6 milhões de anos. No início, eram pequenas formações, mas com o passar do tempo cresceram e se tornaram estruturas que, em alguns casos, chegam a ter 10 metros de altura. Embora as trovants continuem a crescer, fazem-no de uma forma imperceptível ao olho humano: pensa-se que demoram cerca de 1000 anos para crescer de 4 a 5 centímetros.
Além disso, têm geralmente uma forma esférica, cilíndrica ou nodular e as suas superfícies são geralmente lisas e sem aros. As análises efetuadas pelos geólogos indicam que as misteriosas formações são compostas principalmente por um núcleo de rocha dura. O resto é constituído por arenito compactado, formando uma espécie de concha à volta do núcleo. Mas as trovants escondem mais surpresas.
Depois de analisarem a zona, os mineralogistas chegaram à conclusão de que não havia qualquer diferença entre a areia presente nestes locais e a areia sedimentar que faz parte das pedras. Segundo vários estudos, há cerca de seis milhões de anos, a região fazia parte de uma grande bacia sedimentar e as areias foram compactadas por vários choques tectônicos, levando à formação das trovants.
O Muzeul Trovantilor foi inaugurado em 2006 e está localizado na aldeia de Costeti. As trovants podem ser encontrados dentro e fora do museu, e entre a coleção pode ver pequenas pedras e outras que têm mais de 10 metros de altura.
Estas acumulações de depósitos de areia e de arenito muito porosos por águas ricas em carbonato de cálcio explicam o crescimento das pedras. São os carbonatos que, quando a água se precipita sobre elas, pressionam as camadas exteriores e criam saliências que as fazem aumentar de volume. É por isso que se diz que crescem depois de chuvas fortes.
Também se movem e respiram
Outra particularidade destas pedras é o facto de também se “mexerem”. Segundo os especialistas que estudaram a zona de Costeti, deslocam-se em média 2,5 milímetros de duas em duas semanas, fazendo lembrar as pedras navegantes do Death Valley.
A partir dos vestígios deixados pelas trovants no seu percurso ao longo dos séculos, descobriu-se que este movimento se deve ao facto de o crescimento à superfície se processar de forma irregular, deslocado pela força gravitacional.
Parte da comunidade científica afirma que tem as características combinadas de uma planta e de uma rocha, pelo que seria confuso determinar se estas formações devem ser classificadas como seres vivos ou não vivos.
Como se isso não bastasse, descobriu-se que as trovants têm pulso e até foram capazes de detectar o tempo que decorre entre as “respirações”. Estima-se que passem até três semanas entre cada respiração, e esta pulsação só pode ser detectada com equipamento altamente sensível.
Uma grande surpresa no seu interior
As pedras foram colocadas ao microscópio dos cientistas para perceberem o porquê deste aumento de tamanho e dissecaram várias amostras para tentarem chegar ao fundo deste enigma.
Quando as abriram, encontraram uma estrutura semelhante à dos anéis circulares que formam o tronco de uma árvore, camada sobre camada, que serviu para calcular a idade de alguns dos fragmentos.
Atualmente, é uma das principais atrações turísticas desta região da Roménia
Alguns cientistas da atualidade defendem que as Trovants são de origem extraterrestre e que teriam chegado à Terra durante uma chuva de meteoros única, o que explicaria as suas características extraordinárias. Por uma razão ou por outra, o debate continua em aberto e cada vez mais curiosos querem aproximar-se deste lugar fascinante.
Devido ao seu incrível valor, foram declaradas Património Mundial da UNESCO e são protegidas pelo Museu Trovant, o que faz delas uma das principais atrações turísticas do condado de Valcea. Podem ser vistos exemplos impressionantes na pedreira de areia perto da aldeia de Costeşti ou ao longo do riacho Gresarea, perto da aldeia de Oteşani, mas também podem ser encontrados na Rússia, nas estepes do Cazaquistão ou na República Checa.
(Adriana Araújo)