Arqueólogos na Turquia descobriram um raro amuleto do século V, que representava uma mistura de religiosidade e simbolismo militar de proteção para os cavaleiros bizantinos. Essa peça que estava nas escavações de Hadrianópolis, uma antiga cidade bizantina, tem uma mensagem simbólica: um pendente de bronze que retrata o Rei Salomão montado a cavalo e segurando uma lança enquanto enfrenta diabo.
O arqueólogo Ersin Çelikbaş, da Universidade de Karabük, explica em uma declaração, que o amuleto era utilizado como um talismã de proteção contra o mal e as forças do mal, o que era comum na época, especialmente entre os militares. “É um símbolo de religião e poder”, complementa ele.
Essa peça também contém inscrições em grego antigo, um dos idiomas mais influentes da época. Em um dos lados é possível ler: “Nosso Senhor derrotou o mal” e, no outro, são mencionados os anjos Azrael, Gabriel, Miguel e Israfil são figuras importantes tanto na tradição judaica quanto na cristã e islâmica. Assim, evidenciando a conexão com Salomão, uma figura reverenciada nessas três principais religiões.
“Embora ele seja referido como um governante na Torá e na Bíblia, ele também é reconhecido como um profeta no islamismo. A representação de Salomão neste [pingente] nos surpreendeu e revelou a importância do artefato para a arqueologia da Anatólia”, diz o líder da escavação.
Embora a figura de Salomão seja amplamente reconhecida em textos religiosos, há pouco apoio arqueológico para confirmar sua existência histórica. Contudo, o amuleto oferece uma visão única sobre como sua imagem foi usada como símbolo de poder e proteção, especialmente durante o período bizantino, quando o cristianismo se consolidava como a religião dominante do império.
Çelikbaş e sua equipe acreditam que o amuleto tenha pertencido a um soldado de cavalaria. A descoberta foi feita em uma área que poderia estar relacionada a atividades militares em Hadrianópolis, sugerindo que o pendente teria sido usado como uma forma de proteção espiritual. O próprio Salomão, de acordo com as tradições bíblicas, é descrito como um grande comandante de exércitos, o que reforça a ideia de que a peça era considerada um símbolo de força e proteção, possivelmente ajudando a manter o moral dos soldados bizantinos.
A cidade de Hadrianópolis, originalmente chamada Uskudama, era habitada por povos trácios antes de ser reconstruída em 124 d.C. pelo imperador romano Adriano, que lhe deu o nome em sua homenagem. Posteriormente, a cidade se tornou um importante centro religioso e militar do Império Bizantino, conhecido por mosaicos de animais e impressionantes ruínas arqueológicas, como banhos, igrejas, fortificações, sepulturas, teatros e vilas.
O pingente foi encontrado em um edifício possivelmente relacionado à atividade militar, sugerindo que pode ter pertencido a um soldado de cavalaria, segundo Çelikbaş. Artefatos semelhantes ao amuleto foram encontrados em Jerusalém, outra cidade de grande relevância para o cristianismo e o judaísmo. Isso sugere que Hadrianópolis foi, em seu auge, um importante centro religioso conectado a diferentes tradições.
O amuleto de Salomão está em análise em laboratório e será exibido em um museu no futuro. Para os pesquisadores, sua presença em Hadrianópolis ajuda a compreender o papel da espiritualidade na consolidação de impérios, especialmente em tempos de guerra e conflito. As escavações continuam prometendo revelar mais segredos dessa antiga cidade e reforçando sua relevância histórica.
(Redação Galileu)