O Borealopelta markmitchelli é um poderoso nodossauro. O animal, que viveu cerca de 110 a 112 milhões de anos atrás, era dono de uma carapaça grossa e resistente, e pesava cerca de 1,3 tonelada. O poder de sua “blindagem” natural era tamanho que, de acordo com novas pesquisas, o dinossauro era capaz de suportar o impacto de uma colisão de carro de grande porte em alta velocidade.
Descoberto em 2017 em uma mina no Canadá, o fóssil estudado é considerado o mais bem preservado já achado até hoje. Embora a espécie Borealopelta markmitchelli tenha sido identificada em 2011, os únicos restos desse e de outros dinossauros blindados até então eram apenas seus espinhos ósseos. Por essa razão, paleontólogos inicialmente supunham que sua armadura se assemelhava à estrutura de um casco de tartaruga, feita de queratina.
No entanto, esse exemplar estava tão excepcionalmente preservado que sua carapaça permaneceu praticamente intacta. Isso permitiu aos cientistas analisar aspectos inéditos, como a cor de sua armadura, além de examinar seu estômago para determinar qual tinha sido sua última refeição. Surpreendentemente, até mesmo a queratina de sua carapaça — que costuma se deteriorar rapidamente — foi encontrada, possibilitando uma investigação detalhada, algo nunca antes visto em fósseis.
A carapaça desse dinossauro possuía uma camada densa de queratina que chegava a até 16 centímetros de espessura.
Para avaliar sua resistência a impactos, os cientistas compararam a quantidade de queratina presente no B. markmitchelli com outras defesas naturais de animais, como os espinhos de porcos-espinhos, ajustando as proporções com base no tamanho corporal de cada espécie. Um modelo 3D, feito em um programa de computador, também contribuiu para os testes.
Os resultados indicaram que esses nodossauros eram capazes de suportar mais de 125 mil joules de energia por metro quadrado — comparável à força gerada por uma colisão de um carro grande em alta velocidade.
“Essa coisa poderia afundar um F150 em alta velocidade”, disse Michael Habib, paleontólogo biomecânico e coautor do estudo, em entrevista ao portal Live Science. “Esses animais não estavam usando armadura de placas; eles estavam usando um colete à prova de balas sobre armadura de placas.”
Segundo o pesquisador, essa resistência pode ser atribuída ao habitat onde essa espécie vivia. Cercado por diversas espécies carnívoras, esse herbívoro possuía tanto uma mordida poderosa quanto uma carapaça protetora. Além disso, as camadas de queratina de sua armadura proporcionavam flexibilidade e podiam ser substituídas se danificadas — outra característica que ajudava o B. markmitchelli a se manter vivo.
O estudo oferece novas perspectivas sobre dinossauros blindados em geral, pois muitas dessas espécies provavelmente também possuíam espessas camadas de queratina em suas armaduras. No entanto, o peso dessa proteção ainda levanta dúvidas entre os paleontólogos. Sua resistência é tamanha que superava em muito a força dos predadores da época, o que pode indicar que a carapaça também seria útil em confrontos entre machos disputando parceiras
(Redação Galileu)