O que a seleção brasileira não quer é asteriscos em um possível título do Mundial Sub-17. Mas há sempre quem lembre que o time só está ali por ser anfitrião e ter ganhado o torneio depois da desistência do Peru. A eliminação precoce do Brasil no Sul-Americano da categoria perseguia a equipe de Guilherme Dalla Déa. Mas a boa campanha na primeira fase deu confiança ao grupo e o ajudou a superar o trauma.

Passaram-se sete meses daquele 3 a 0 com requintes de crueldade para a Argentina, em Lima, com o terceiro gol aos 48 do segundo tempo. O Brasil caía pela primeira vez na primeira fase do Sul-Americano Sub-17. Em campo, não conquistou sua vaga no Mundial. No entanto, de lá para cá, a seleção fez 11 jogos: venceu 10 vezes, empatou uma, marcou 32 gols e tomou oito. Enfrentou seleções da América do Sul, América do Norte, África, Ásia e Oceania.

Embora o discurso do técnico Guilherme Dalla Déa seja o de impor um futebol envolvente e alegre, a consistência defensiva tem sido um trunfo. Desde o trauma diante dos argentinos, o Brasil nunca tomou mais de um gol por jogo. Passou pela primeira fase do Mundial Sub-17 com apenas um sofrido – no 4 a 1 diante do Canadá. Algo notável para o goleiro Donelli.

– É muito bom a gente ter uma defesa sólida. Não depende só de mim. Depende de toda a equipe. Todo mundo marca, todo mundo ataca. Mas é muito importante porque passa segurança, passa cada vez mais confiança para toda a equipe. Então acho que isso é muito importante para a sequência do campeonato – comentou o jogador do Corinthians.

Partidas do Brasil desde a queda no Sul-Americano sub-17:

O técnico Guilherme Dalla Déa não deixa de exaltar a sequência positiva. Vê o time motivado com as vitórias em série. Mas ressalta que a hora de vencer é no mata-mata.

“Essa ainda não é a missão. A missão era passar a primeira fase. Agora a gente sabe que é uma outra competição”, reforçou o treinador

– É importante recuperar os atletas, dar confiança novamente, resgatar isso, que eles estavam precisando. São 11 partidas, 10 vitórias e um empate. É passo a passo, construindo cada vez mais com eles. É hora de refinar um ajuste – comentou o técnico.

Defesa… e ataque em alta

A agressividade ofensiva também é um trunfo. O Brasil superou a primeira fase do Mundial Sub-17 com média de 21 finalizações por jogo: 33 contra o Canadá, 15 diante da Nova Zelândia e mais 15 contra Angola.

A seleção gosta de ficar com a bola nos pés. Só não teve mais posse contra os neozelandeses, quando atuaram com um a menos por mais de um tempo de jogo: 59% diante do Canadá, 46% contra Nova Zelândia e 59% diante dos angolanos.

Ter mais a bola e mantê-la no ataque ajuda o Brasil a ter bons números na defesa, segundo o zagueiro e capitão Henri.

– Futebol alegre a gente tem, mas agressividade é com a bola. Ser contundente. A gente leva isso como aprendizado para a vida toda. Não pode ser desleal ao nosso adversário. A gente pode controlar bem o nosso jogo, em cima e em baixo, e sair sem tomar cartão amarelo, sem expulsão, para no próximo jogo ir melhor ainda.

Líder do Grupo A, com nove pontos, nove gols marcados e apenas um sofrido, a seleção brasileira retorna a Brasília neste sábado e terá um dia de descanso, sem atividades. A equipe terá que esperar até domingo para conhecer seu rival nas oitavas de final, que será um dos terceiros colocados dos Grupos C, D ou E.

O compromisso pelas oitavas de final será na próxima quarta-feira, às 20h (de Brasília), no estádio Bezerrão, no Gama-DF. (Globo Esporte)