Condenados pela Fifa a pagar R$ 3,4 milhões de dólares (R$ 18,2 milhões na cotação atual) ao Nagoya Grampus, do Japão, Jô e o Corinthians, por meio de seus advogados, preparam o recurso que será enviado à Corte Arbitral do Esporte (CAS). Eles têm até o dia 26 de fevereiro para apresentar a defesa.
Embora a Fifa tenha proferido a sentença ainda em novembro do ano passado, clube e jogador aguardavam que a entidade enviasse a íntegra do processo para prepararem o recurso junto ao CAS, o que só ocorreu nas últimas semanas.
Os advogados de Jô acreditam que no CAS será possível anular a condenação, visto que, diferentemente do que acontece na Fifa, nesta corte é possível arrolar testemunhas e apresentar uma defesa mais ampla. Também há o entendimento de que o Corinthians não tem de ser parte no processo, uma vez que foi o Nagoya quem pediu a rescisão de contrato do jogador, e não o contrário.
Jô tinha vínculo com o Nagoya Grampus até o fim do ano passado. O clube japonês alega ter havido abandono de emprego do atacante e, por isso, não só suspendeu os pagamentos a ele a partir de abril, como também entrou com uma ação na Fifa pedindo uma indenização referente ao valor restante do contrato até dezembro.
O desentendimento de Jô com o Nagoya Grampus começou em fevereiro de 2020, quando o jogador machucou o joelho esquerdo.
– O treinador do Nagoya entendeu que o Jô tinha que ficar no Japão, mesmo com o clube fora para pré-temporada. Só que os fisioterapeutas e médicos viajaram com o time, estavam fora do país. O Jô entendeu que não iria se recuperar bem, precisava de uma fisioterapia que fizesse efeito e veio ao Brasil se tratar no Flamengo. Ele custeou a viagem para ter um tratamento melhor – explicou Breno Tannuri, advogado do atleta, em entrevista ao ge no fim do ano passado.
Semanas depois, Jô voltou ao Japão com Cláudia, esposa dele, mas não foi relacionado para as duas primeiras partidas da temporada. Na sequência, o campeonato local foi suspenso por conta da pandemia do novo coronavírus.
– Ele deixou os filhos no Brasil com os avós. Só que começou um “zum-zum-zum” de que os estrangeiros não poderiam sair do Japão. Quando falaram que seria fechada a fronteira, o Jô disse: “Eu preciso voltar”. Isso foi em abril. Então, eles voltaram ao Rio de Janeiro – conta o advogado.
O Nagoya Grampus havia liberado os atletas para ficarem em casa, mas não para deixarem o Japão. Assim, semanas depois, Jô foi avisado pelo clube de que seu salário estava suspenso.
Segundo o advogado de Jô, o atacante respondeu essa notificação e explicou o motivo da volta ao Brasil. As alegações, porém, não foram suficientes para convencer os asiáticos.
– Ele tinha que receber entre o final de abril e o começo de maio um bônus de 1 milhão de dólares, previsto em contrato. O que acontece é que, quando ele fala para o tradutor, numa quinta à noite, que voltaria ao Japão na segunda-feira, os diretores mandam uma notificação para o Jô no dia 2 de maio falando que o contrato estava rescindido. Se ele volta para o Japão, o Nagoya teria que pagar os salários e essas luvas de 1 milhão de dólares – revela Tannuri.
O advogado de Jô concorda que o atacante poderia ser punido pela volta ao Brasil, mas alega que não havia justificativa para o rompimento de contrato. Breno Tannuri afirma que o atleta não perdeu treinamentos e nem havia motivo para tanta pressa, visto que o campeonato local só será retomado no próximo mês.
Após deixar o Nagoya, Jô assinou contrato de três anos e meio com o Corinthians. Por isso, a Fifa entende que o clube tem de ser solidário no pagamento da indenização. (Globo Esporte)