Já adentrava a madrugada desta quinta-feira quando o Grêmio enfim começou suas manifestações após a derrota por 2 a 0 para o Juventude, o sexto jogo sem vitória que lhe assegurou a lanterna do Brasileirão por mais uma rodada. No vestiário do Alfredo Jaconi, após uma reunião de mais de uma hora, ficou praticamente desenhado um prazo ao técnico Tiago Nunes: o próximo domingo.

Na entrevista coletiva conjunta entre dirigentes e treinador, o vice de futebol Marcos Herrmann suscitou um “fato novo” para mudar o panorama de crise no clube. Por sua vez, o presidente Romildo Bolzan, último a falar, esclareceu que qualquer coisa diferente de uma vitória, no domingo, contra o Atlético-GO, deve resultar na saída de Tiago.

Bolzan, Herrmann, o CEO Carlos Amodeo e o executivo Diego Cerri estiveram reunidos por uma hora no vestiário em Caxias do Sul. A urgência por resultado foi a tônica da conversa, corroborada pelo presidente logo depois, ao deixar claro que pode encerrar a passagem do treinador pelo Grêmio a qualquer momento. São 60 dias de trabalho e 15 jogos com Tiago Nunes no banco de reservas.

Não tem mais espaço para derrota. Para vacilar. Para ficar esperando. Ou fazemos a mudança de uma atitude forte e ganhamos uma partida ou vamos começar de novo. Não tem como ser diferente.

— Romildo Bolzan

— Temos que dar tempo ao tempo para amadurecer (o time). Mas não temos muito tempo para isso, temos tempo para reagir e vencer. Não estamos mais com prazo. Se tiver que mexer, vamos ter que mexer, alterar. O treinador tem liberdade, sabe que pode e deve fazer, saberá fazer porque está ali para isso, um sangue novo para criar condição de vitória — destacou o presidente gremista.

Em sua vez de falar, Tiago Nunes disse que tudo foi tratado às claras na reunião e não se vê “limitado” ao domingo.

— Ser demitido ou não ser não entra em pauta. Nunca me baseei nisso para minha trajetória, nunca fiz trabalho pensando em segurar emprego. Sempre em dar o meu melhor e ajudar as pessoas à minha volta potencializar o que têm de melhor. Não levo isso como perspectiva, a questão de trabalhar é o que mais importa. Se o emprego vai continuar ou não, é uma decisão que cabe exclusivamente à direção que me oportunizou estar aqui — comentou o treinador.

O que precisamos e exigimos é que seja feita uma remobilização importantíssima para domingo. É fundamental. Aceitar isso passivamente, não vamos. E nem a comissão está aceitando.
— Marcos Herrmann, vice de futebol

Os bastidores do clube seguiram em ebulição durante a madrugada, com trocas de mensagens e cobranças. Nas redes sociais, a torcida também manifestou descontentamento não só com os resultados, mas também com algumas declarações.

A diretoria promete trabalhar junto em uma remobilização para o duelo de domingo, embora as ações práticas não tenham sido citadas nas entrevistas. Internamente, fala-se no presidente Romildo Bolzan mais presente no vestiário pelo tipo de liderança que exerce.

O Grêmio chegou a seis jogos sem vitória e tem apenas dois pontos no Brasileiro em 18 disputados. É a pior campanha do clube na era dos pontos corridos. Assim, se mantém na lanterna da competição. (Globo Esporte)