Pela primeira vez, Bernardinho foi a uma edição das Olimpíadas como técnico e não subiu ao pódio. Nesta segunda-feira (5), sob o comando do treinador de 64 anos, o Brasil perdeu para os Estados Unidos e foi eliminado nas quartas de final dos Jogos de Paris. Uma derrota que pode marcar a despedida de figuras conhecidas da seleção verde e amarela, como Bruninho e Lucão. E também do próprio Bernardinho. Em entrevista após a eliminação, ele deixou o futuro em aberto, apesar de não querer se distanciar totalmente da equipe nacional.

– Eu tenho que ver o que minhas filhas vão dizer. É a minha vida, mas pode ter certeza que, se não estiver como protagonista liderando, vou estar próximo. Não vou me afastar e deixar de contribuir de maneira nenhuma com essa rapaziada e com o novo ciclo que se inicia. Precisamos realmente trabalhar muito bem. Existe um equilíbrio, e a consistência que nos falta só pode ser alcançada de um jeito. É estando na arena nesse nível de jogo, nas competições internacionais, contra as principais equipes do mundo. E esse time precisa disso, jogar, rodar. Os Adrianos da vida, os Darlans da vida, todos os meninos precisam viver isso aqui muito mais vezes. E eu tenho que aprender a lidar com a nova geração, ser melhor para ela. Não é gritando mais ou gritando menos. Tenho que ser eficiente – disse Bernardinho, que também ocupa o cargo de coordenador de seleções da Confederação Brasileira de Voleibol (CBV).

O técnico reassumiu o comando da seleção masculina no fim de 2023, mas só pôde trabalhar com o grupo na Liga das Nações deste ano. Foram cerca de três meses até as Olimpíadas. Pouco tempo para desenvolver o trabalho, principalmente se compararmos com a outra passagem de Bernardinho, que durou 15 anos, entre 2001 e 2016.

Ainda que a dolorida queda nas quartas de Paris – a primeira desde Sydney 2000 – tenha deixado o Brasil na 8ª posição, a pior desde as Olimpíadas de Munique 1972, Bernardinho acredita que os resultados vão melhorar no futuro.

– Pode escrever o que digo aqui. O vôlei masculino vai brigar mais com esses principais times. Não tenho dúvida disso. Vamos ter que trabalhar muito, ralar muito, sentir um pouco mais as coisas. O trabalho lá embaixo mesmo vai ter que começar. Eu nem sei se sou a pessoa ideal para estar. Posso contribuir? Claro que eu posso e vou. Tenho que refletir. Será que sou a pessoa ideal para ser o treinador na próxima geração? Essa é uma questão muito importante. Agora, quero poder voltar para ajudar. Não quero sair do processo com um gosto amargo de ter ficado fora da semifinal das Olimpíadas – avaliou o treinador, dono de dois ouros e duas pratas olímpicas à frente da seleção masculina. (GE)