É improvável, mas Luiz Felipe Scolari pode deixar o comando do Palmeiras nesta semana. O técnico deu entrevista no Maracanã após a derrota por 3 a 0 para o Flamengo, neste domingo, e até planejou mudanças no time titular, mas sua permanência não está garantida.
O GloboEsporte.com apurou que a fraca atuação no Rio de Janeiro incomodou profundamente a diretoria, a ponto de se cogitar reconsiderar o que foi dito antes da partida pelo presidente do clube, Maurício Galiotte.
– Confiamos muito neste grupo, nesta comissão técnica. Vamos dar continuidade ao trabalho, porque temos um campeonato importante pela frente – disse Galiotte, na chegada ao Maracanã, quando também bancou a permanência do diretor de futebol Alexandre Mattos.
O semblante dos dirigentes na saída do estádio também foi outro, muito parecido com o da derrota de terça-feira para o Grêmio, no Pacaembu, que resultou na eliminação nas quartas de final da Libertadores.
Desta vez, tanto Galiotte quanto o diretor de futebol, Alexandre Mattos, saíram juntamente com Felipão do vestiário, logo depois da entrevista coletiva do treinador, na qual ele reconheceu os resultados ruins e prometeu mudanças na equipe.
A delegação deixou o Rio de Janeiro ainda neste domingo e deve se reunir novamente até segunda-feira para reavaliar o trabalho da comissão técnica de Felipão. A certeza que se tinha sobre a permanência do técnico não é mais a mesma.
O próximo compromisso do Palmeiras no Brasileirão será no sábado, diante do Goiás. Com o resultado deste domingo, o time permaneceu com 30 pontos, agora seis abaixo de Flamengo e Santos, que têm uma partida a mais.
NO FLAMENGO, O MELHOR JOGO PARA JESUS
Desde antes de o jogo entre Flamengo e Palmeiras começar, já dava para saber que o Rubro-Negro iria para cima. Com Willian Arão na função de primeiro volante, o time de Jorge Jesus comandou a partida do início ao fim, mesmo tendo levado dois sustos em gols do time paulista que foram anulados pelo VAR. E foi justamente essa ofensividade vista em campo, aliado à efetividade, que o técnico português considerou como a melhor exibição de seus jogadores.
– Foi talvez o melhor jogo desde que cheguei ao Flamengo. Equipe cada vez mais consciente do que tem que fazer. Hoje jogou com um rival muito forte que não conseguiu nos segurar, fomos forte ofensivamente, seguros defensivamente, não lembramos nenhuma oportunidade de gol do Palmeiras. Isso se deve ao bom trabalho dos jogadores, aquilo que eles acreditam e confiam. Nós ganhamos mais um jogo, nada mais – disse o treinador na coletiva de imprensa após o jogo.
Jorge Jesus considerou o jogo contra o Palmeiras um dos melhores do Flamengo no ano — Foto: André Durão/GloboEsporte.com
No comando desde a parada para a Copa América, Jesus viu o time do Flamengo melhorar o desempenho que mostrou no primeiro semestre, além de arrancar até a liderança do Brasileirão. Com um futebol ofensivo, o Rubro-Negro embalou e a torcida abraçou o time mais uma vez. Quando isso acontece, nas palavras do próprio treinador português, o jogo já começa 1 a 0.
– Estamos líderes juntamente com Santos. Quando chegamos estávamos 8 pontos atrás do Palmeiras, neste momento temos 6 a mais. Parabéns aos jogadores, à torcida do Flamengo. Já disse isso algumas vezes, cada vez conheço melhor este clube. No Maracanã antes de começar a jogar já está ganhando de 1 a 0. Nem sempre as coisas vão correr bem, espero que quando não correrem eles sejam iguais. Vitória para eles, é a satisfação de milhares de brasileiros, eu também, sou um dos milhares satisfeitos com essa exibição.
Mais respostas da coletiva de Jesus
Trio Arrascaeta, Bruno Henrique e Gabigol
– É verdade que esses jogadores têm uma característica que tentamos libertar, soltar o talento dentro do talento da equipe, e eles estão a justificar isso… Me perguntou se já tive jogadores com tantos gols assim, já tive dois jogadores com 50 e muitos gols, mas quando acabou o ano. Eles vão estar à frente, ainda tem muitos jogos. Deve-se à qualidade e ao talento. Os jogadores que temos avançados, Arrascaeta, Everton Ribeiro, Gabi e Bruno Henrique, não é fácil segurá-los. E cada vez mais vai ser mais difícil.
Declaração de Renato Gaúcho de que se tivesse R$ 160 milhões montaria uma seleção
– Eu não quero entrar por aí. Tive uma opinião, respeito muito o treinador Gaúcho. Eu cheguei ao Brasil agora, ele tem muitos anos de Brasil, já conquistou muita coisa. Eu não conquistei nada. Não quero entrar em polêmica, quero dar satisfação aos torcedores onde trabalho. Estou concentrado nos objetivos, aquilo que o Flamengo pode alcançar: a conquista do título nacional, chegar à final da Libertadores.
Desfalques
– Perdi três jogadores: o Léo (Duarte), o Diego e o Cuéllar. Neste momento, precisávamos que houvesse um ajustamento, mas é difícil, já acabou a janela. Mas de qualquer forma a equipe está cada vez ficando mais forte. Esses 11, 12, 13, 14 jogadores, temos feito um rodízio, não deixa a equipe cair de produção. Portanto vamos tentar, é um campeonato muito longo, muito competitivo, com muita qualidade.
– Na Europa não se tem noção do que é o Campeonato Brasileiro. No dia que tiverem noção, vão ver mais jogos. Em Portugal passa os jogos aos fim de semana, é um espetáculo. Temos muita coisa ainda, muitas dificuldades. Não conquistamos nada.
Cantos da torcida
– Ainda não consigo, não percebo muito o significado das palavras. Sinto o barulho, a emoção, mas não o significado. Hoje no fim senti o “mister, mister”. Sinto que o trabalho está agradável para quem venho trabalhando. Isso dá satisfação para qualquer trabalhador. É para eles que trabalho todo dia, estou constantemente a pensar, não digo 24h, mas 18h por dia. É assim que eu era e vou continuar a ser.
Enfrentar Felipão
– O Felipão deixou um prestígio em Portugal, os adeptos não o esquecem. Estive várias vezes com o Felipão, somos amigos. Eu hoje ainda não o cumprimentei, não gosto de fazer isso antes dos jogos, gosto no fim. Mas não o cumprimentei por causa do resultado, a cabeça dele não deve estar boa. Mas sou amigo dele, tenho muito respeito por ele. É um dos grandes treinadores do futebol brasileiro.
Campeonato Brasileiro
– Vocês não qualificam o vosso campeonato, não é prioridade. Preferem Super Taça, Copa do Brasil… Isso na Europa vale alguma coisa, mas o que vale mesmo são os campeonatos nacionais. Esse é o meu objetivo. Não vim ao Brasil por um contrato. Se fosse por condições financeiras, nunca estaria aqui. Tem equipes que pagam três vezes mais do que ganho no Flamengo. Vim por objetivo esportivo, minha cabeça, e trabalho nesse sentido. Se vou conseguir ou não, não sei.
Time melhor contra o Grêmio?
– Com o tempo, as equipes vão melhorando. Há coisas defensivamente que a equipe ainda não está no ponto que acho que tem que estar. Jogamos contra uma grande equipe, mas o Palmeiras não teve uma oportunidade de gol. Não é porque os jogadores não têm qualidade. Tem o Dudu, o Adriano, o Scarpa que entrou, os laterais super ofensivos. Hoje eles não conseguiram porque o Flamengo soube se defender bem e com poucos, isso que é difícil. Há coisas ainda a melhorar, como na bola parada defensivamente.
Arão pode ser o que Cuéllar era para o time?
– Não me esqueço dos jogadores que trabalharam comigo, portanto não vou esquecer dele, mas já foi. Agora são mais importantes para mim Arão, Piris e o menino Vinícius que mandei subir do sub-20. Penso que com o tempo vai ser um jogador acima do que é normal. O Arão jogou dentro daquilo que é o talento e característica dele. É um jogador que se adapta muito fácil a situações de jogo defensivo e ofensivo. Como é o Gerson.
– É um orgulho ter dois jogadores com essas características. Sabendo explorar o talento deles, as coisas tornam-se mais fáceis. Não posso dizer a mesma coisa do Piris, que é mais defensivo, tem uma qualidade mais posicional, coberturas defensivas. E o Gerson tem só 22 anos, não vai demorar muito tempo a dar um salto.
Questão física de Rodrigo Caio
– Ele vem de uma lesão e recuperou muito rápido. Não canso de dizer isto, Flamengo tem um departamento clínico dos melhores. Aquilo que conheço como treinador, já peguei (DM) dos melhores do mundo, e este do Flamengo é super. Tem uma forma de recuperar os jogadores rápida, isso faz a diferença. Ele vinha de lesão complicada, fez alguns jogos, mas dando sinais de fadiga muscular. Como o resultado estava favorável, eu e o Dr. Tannure falamos no banco se podíamos sacá-lo para não por em risco.
Bola parada
– Na prática não temos sofrido tanto gol assim, tirando esse do Inter, mas tenho notado que não está ainda no ponto que a equipe tem que estar para não sofrer gols. Quero que percebam minha ideia: eu não olho para o jogo pelo resultado. olho para o jogo e o que tenho que fazer para melhorar minha equipe. Não olho se fiz 3 a 0, se tomei 3 a 0 do Bahia. É pelo que tenho que fazer como equipe. Dentro deste princípio vou continuar.
Time com cara de Jesus
– Tem a cara dos jogadores. Nós trabalhamos em função de uma ideia, é verdade que me incluo e participo. Nós vamos passando no treino para depois no jogo sermos uma equipe como fomos hoje, com uma disciplina tática muito grande. Acho que cada vez mais o time vai crescer. Se não acontecer nada de contusões graves, como tivemos com Diego e Vitinho, penso que vamos dando uma caminhada passo a passo. A qualidade dos jogadores faz com que eu, como treinador, acredite que temos tudo para dar certo.
Convocações de Arrascaeta, Bruno Henrique e Berrío
– Acredito que isso é a valorização da equipe, ninguém ganha sozinho. Tive a felicidade de encontrar um grupo muito profissional, que gosta muito de aprender e trabalhar, envolvido no espírito da amizade. Acredito que está no caminho certo. Mas futebol muda de um momento para outro, tenho muitos anos de futebol, já passei por coisas incríveis, tanto positivas quanto negativas. Então é ter sempre cuidado com minha profissão, é jogo a jogo. Eu não me iludo.
Poupar contra o Avaí
– Temos muito tempo para recuperar. Vamos ter um jogo de semana a semana agora, isso é bom para a equipe. Portanto não vou fazer (poupar), vão jogar aqueles que estiverem melhores, não quer dizer que sejam os mesmos. A semana de trabalho que vai dizer.
Mais técnicos portugueses no futebol brasileiro
– Diria que o futebol brasileiro precisa cada vez mais de ter tanto talento que tem com jogadores daqui. Cada vez mais sentirem esse fluidos, é um campeonato espetacular. Muitas equipes na Europa têm treinadores portugueses, estão nos melhores campeonatos do mundo. Eu sinto orgulhoso por estar em um dos melhores do mundo, que é o Brasil.
Filipe Luís jogando por dentro
– O Filipe tem características específicas, não é um jogador muito habituado a movimentar-se por dentro com a bola. Eu tenho passado algumas ideias, não quero que seja tanto assim, que jogue também por fora. Mas pouco a pouco a gente vai fazendo. É um jogador muito seguro, com uma qualidade de passe incrível.
– Não posso esquecer do Renê, que fez um jogo soberbo contra o Ceará. Hoje estive em dúvida entre eles porque normalmente mexo em quatro, cinco jogadores. Hoje só mexi em um porque um (Cuéllar) foi embora. É tentar que o Filipe Luís, às vezes também o Rafinha, entrem mais nas minhas ideias que tenho para a equipe.
(Globo Esporte)