O título da Copa América não veio, mas o torneio continental ofereceu uma rara oportunidade para o técnico Tite trabalhar a seleção brasileira e observar jogadores. Foram 45 dias com o grupo reunido, sendo que 23 convocados dos 25 convocados entraram em campo – as exceções foram os zagueiros Felipe e Léo Ortiz. A análise é de Bruno Cassucci e Raphael Zarko para o Globo Esporte. Confira:

Como saldo final, a competição deixa alguns nomes mais afirmados, como o meia Lucas Paquetá, mas dúvidas e vagas abertas em diferentes setores.

Com o gosto amargo do vice-campeonato, a Seleção mira agora a Copa do Mundo do Catar, no fim de 2022. Até lá, o Brasil disputará seis amistosos (em junho e setembro do ano que vem) e 12 rodadas das Eliminatórias da Copa.

Os próximos compromissos serão em setembro, contra o Chile, Peru e Colômbia.

Tite faz anotações durante treino da seleção brasileira — Foto: Lucas Figueiredo / CBF

Tite faz anotações durante treino da seleção brasileira — Foto: Lucas Figueiredo / CBF

Abaixo, confira um panorama da seleção brasileira em todos os setores, com os nomes que ganharam e que perderam espaço durante a Copa América e aqueles que podem (re)aparecer nas próximas listas do técnico Tite:

Goleiros

A Copa América trouxe novidade na posição. Tite promoveu um rodízio e deu chance aos três convocados: Alisson, Ederson e Weverton.

Elogiado pela frieza e qualidade para jogar com os pés, o goleiro do Manchester City ganhou a concorrência de Alisson, titular desde o início da era Tite, e foi o escolhido para os três jogos do mata-mata. O único gol sofrido por ele foi na final.

Goleiros Ederson, Weverton e Alisson com os preparadores da Seleção, Marquinho e Taffarel — Foto: Lucas Figueiredo / CBF

Goleiros Ederson, Weverton e Alisson com os preparadores da Seleção, Marquinho e Taffarel — Foto: Lucas Figueiredo / CBF

A tendência é que o setor passe por poucas mudanças até a Copa do Mundo do Catar. Santos, do Athletico, ganhou chances recentemente e foi convocado para a disputa das Olimpíadas. Cássio, reserva na Copa do Mundo e na Copa América de 2019, perdeu espaço.

Laterais

A Copa América serviu para Tite conhecer melhor o jovem Émerson Royal, de 22 anos, que já tinha sido convocado, mas disputara apenas seis minutos com a amarelinha até então.

Escolhido para entrar no segundo tempo da final contra a Argentina, o lateral-direito participou de outras duas partidas, uma delas como titular (contra o Equador). Agora jogador do Barcelona, Émerson ganhou pontos com Tite.

Emerson Royal em treino da seleção brasileira em Teresópolis — Foto: Lucas Figueiredo/CBF

Emerson Royal em treino da seleção brasileira em Teresópolis — Foto: Lucas Figueiredo/CBF

Já Danilo teve a sua maior sequência como titular da posição, mas segue convivendo com a sombra de Daniel Alves. Convocado para as Olimpíadas, o veterano do São Paulo ainda sonha em ir à Copa do Catar, onde chegaria com 39 anos.

Presente na última Copa do Mundo e na Copa América de 2019, Fagner perdeu espaço. Já o jovem Gabriel Menino, de 20 anos, figurou em listas das Eliminatórias e corre por fora na disputa.

Do lado esquerdo, Alex Sandro ameaçou a titularidade de Renan Lodi (que começou os quatro jogos de 2020), mas se machucou e perdeu todo o mata-mata.

Embora tenha falhado no lance do gol da Argentina, Renan Lodi ainda é um nome que agrada a Tite, sobretudo por sua qualidade ofensiva. Alex Sandro, por sua vez, é visto como um lateral que marca melhor.

Renan Lodi, lateral-esquerdo da seleção brasileira, em partida da Copa América — Foto: Lucas Figueiredo / CBF

Renan Lodi, lateral-esquerdo da seleção brasileira, em partida da Copa América — Foto: Lucas Figueiredo / CBF

Alex Telles, do Manchester United, e Guilherme Arana, do Atlético-MG e da seleção olímpica, são nomes que podem reaparecer nas convocações de Tite.

É improvável que o treinador volte a dar chances a Filipe Luís e Marcelo, laterais da última Copa.

Zagueiros

Um dos nomes que deixa a Copa América mais consolidado na seleção brasileira é Éder MilitãoAntes mesmo do torneio, o zagueiro tinha sido titular nas partidas das Eliminatórias contra Equador e Paraguai, na ausência de Thiago Silva.

Depois, iniciou três duelos – contra Venezuela, Peru e Equador – e teve boas atuações, fazendo até um gol. Em jogada de bola aérea.

Éder Militão, zagueiro do Real Madrid, em treino pela Seleção — Foto: Lucas Figueiredo / CBF

Éder Militão, zagueiro do Real Madrid, em treino pela Seleção — Foto: Lucas Figueiredo / CBF

Com Marquinhos e Thiago Silva com status de titulares absolutos, resta a disputa pela quarta vaga na defesa. Na Copa América, o primeiro escolhido foi Felipe, mas o jogador do Atlético de Madrid se machucou durante treinamento e não entrou em campo. Léo Ortíz, do Bragantino, o substituiu, mas também não atuou.

Lucas Veríssimo, do Benfica, Rodrigo Caio, do Flamengo, e Diego Carlos, do Sevilla e da seleção olímpica, são outros postulantes do setor que já foram convocados por Tite e podem reaparecer no futuro.

Volantes

Casemiro segue absoluto, depois de grande participação na Copa América e nos últimos jogos das Eliminatórias. Fred, que não era convocado desde o fim de 2018, teve bons momentos, e só não volta a ser convocado se houver grandes mudanças na visão da comissão técnica de Tite.

Faltou ao jogador do Manchester United participar mais da criação e também arriscar mais finalizações. O que tem mais a ver com as funções exigidas por Tite do que com a capacidade ofensiva do meia brasileiro.

Fabinho foi titular numa partida da Copa América e teve bom desempenho nas poucas oportunidades que teve. Ele segue como substituto natural de Casemiro.

A quarta vaga – e qualquer alteração nessa lista – vai depender muito do que Douglas Luiz, titular no início das Eliminatórias com Casemiro e com poucos minutos na Copa América, e Bruno Guimarães mostrarem na Olimpíadas de Tóquio. Matheus Henrique, que também vai ao Japão, segue no radar. O início de Gerson no Olympique de Marselha será observado por Tite, que tem Arthur e Allan, dois campeões da Copa América de 2019, no horizonte.

Meias

A rearrumação de Neymar na Seleção mostra que o setor é o mais carente de Tite. Lucas Paquetá fez boas partidas (marcou duas vezes na Copa América) como terceiro homem de meio de campo, Everton Ribeiro alternou momentos, mas tudo indica que Tite vai atrás de velhas e novas opções. Philippe Coutinho ainda é um dos preferidos do treinador.

Claudinho treina com a seleção olímpica em Belgrado: ele vai a Tóquio e será observado pela comissão de Tite — Foto: Ricardo Nogueira / CBF

Na seleção olímpica, há expectativa pelo desempenho de Claudinho, do Bragantino. Jovem, de 24 anos, o meia tem boa chegada na área, chute de média distância, mas, até pela trajetória de carreira, ainda precisa ser mais provado. Tóquio pode dar uma direção para mensurar as chances do jogador.

Entre os jogadores mais jovens, é preciso notar a evolução de Reinier, comprado pelo Real Madrid, com poucos jogos pelo Borussia Dortmund, que vai para a olimpíada. Tem apenas 19 anos, mas é um talento a ser observado.

Atacantes

Entre os convocados para a Copa América, hoje parece mais ameaçado para a sequência de Tite aquele que menos jogou – Vini Jr, que não começou nenhuma partida entre Eliminatórias e nas sete partidas da competição continental. Mesmo que tenha entrado na final contra a Argentina, a comissão quer ver o jogador corrigir a deficiência de conclusão e evoluir taticamente.

Dois anos depois de ser destaque da conquista continental brasileira, a queda de Everton Cebolinha também chama a atenção. O jogador funcionou muito pouco nas cinco partidas que fez na competição. Pouco criou, pouco driblou. Para os lados do campo, há nomes como Rodrygo ou outros dois da seleção olímpica, como Antony e Paulinho.

Richarlison não foi bem, mas dificilmente deixa a lista de preferidos de Tite. Gabigol também deve seguir no grupo, assim como Roberto Firmino, que já vinha de temporada abaixo no Liverpool. De boa participação, Gabriel Jesus segue firme com Tite. Há expectativa pela aparição de centroavantes nas próximas convocações. Matheus Cunha e Pedro são boas opções. ( Bruno Cassucci e Raphael Zarko/Globo Esporte)