A jornalista Cláudia Aparecida Sarubo foi agredida física e moralmente pelo ex-vereador e empresário Elizeu de Oliveira, em Itanhangá, nesta segunda-feira (19), quando fazia campanha eleitoral e pedia votos para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). No momento em que estava defronte ao Supermercado D & A, que pertence a Elizeu, defensor da reeleição do presidente Jair Bolsonaro (PL), ela recebeu um soco no braço e escapou de levar outro, no rosto (por poucos centímetros), e ainda sofreu uma saraivada de palavras de baixo calão.
O fato em Intanhangá ocorre menos de duas semanas após o registro da maior tragédia eleitoral da história de Mato Grosso, quando o eleitor bolsonarista Rafael Silva de Oliveira, 22 anos, assassinou a golpes de faca e machado, em Confresa (Vale do Araguaia), ao eleitor Benedito Cardoso dos Santos, 42 anos, defensor de Lula. O episódio causou comoção política em Mato Grosso e chocou o Brasil, tendo repercutido até mesmo em outros continentes, como Europa e América do Norte.
Tudo aconteceu tão rápido e de forma tão traiçoeira que a própria Cláudia Sarubo se disse surpresa, com o episódio. “Meu carro estava estacionado no Supermercado D & A, da cidade de Itanhangá. E, quando fui buscar o carro, o ex-vereador e empresário Elizeu [de Oliveira]começou a me agredir com palavras de baixo calão, falando que não queria carro de ladrão, no estabelecimento, e que estávamos sujando a cidade”, denunciou Cláudia, para a equipe de reportagem do portal de notícias Cuiabano News.
A ação do ex-vereador somente não terminou em tragédia por conta da agilidade da vítima, em fugir e começar a filmar. “Quando percebi que ele estava alterado, comecei a gravar em vídeo. Foi quando ele me deu um soco, querendo atingir meu rosto, mas pegou em meu braço”, citou ela. “Depois, ele tentou tirar o adesivo [do ex-presidente Lula] do meu carro”, continuou a denunciante.
“Tentei fazer BO [Boletim de Ocorrência], na Polícia Militar de Mato Grosso, em Itanhangá. Porém, estava sem sistema. Vim até à cidade de Tapurah, para fazer o BO, agora na Polícia Judiciária Civil. E também não consegui, porque o sistema também estava fora do ar”, pontuou Cláudia Sarubo, para o Cuiabano News.
Cláudia Sarubo é jornalista há mais de duas décadas em Mato Grosso e faz parte da equipe de coordenação da campanha do vereador Wanderley Paulo da Silva (PP), da Câmara de Sorriso, candidato a deputado estadual. Ele é o único candidato da região, fora do PT e PCdoB, a declarar publicamente apoio para o presidenciávle Luiz Inácio Lula da Silva; e vem sendo hostilizado pelos concorrentes e pelas elites domintantes da região.
Wanderley Paulo saiu em defesa de Cláudia Sarubo. “Sob nenhuma hipótese se pode bater em mulher. O senhor [Elizeu de Oliveira] vai responder, na justiça, porque bater em mulher é covardia”, argumentou o candidato a deputado estadual pelo PP.
“Isso não pode ocorrer num país decente; num país democrático. O senhor pode ter certeza de que a polícia vem aqui, para buscá-lo. A senhora que é mulher; a senhora que é mãe e que é trabalhadora, não pode aceitar nunca que outra mulher seja agredida. Este país é livre, independente do seu pensamento político. Toda população de Itanhangá é ordeira e respeitosa. E é por isso que vamos ter um presidente que sabe respeitar as mulheres”, pontuou Wanderley Paulo, pedindo votos para Lula.
Cláudia Sarubo é radicada em Sorriso e trabalha na imprensa, tendo servido profissionalmente a vários veículos de comunicação e prestado assessoria em instituições públicas e privadas. Vale registrar que há mais de uma década, o município de Sorriso, em Mato Grosso, recebe o título de Capital Nacional do Agronegócio (Lei Federal 12.724/2012), com renda per capita de quase R$ 80 mil – uma das mais elevadas do Brasi e da América Latina.
Elizeu Oliveira foi vereador e presidente da Câmara de Itanhaná. Ele esteve entre os presos, na Operação Terra Prometida, da Polícia Federal, em 2014. A operação mandou para cadeia 52 suspeitos de participar da organização criminosa que tinha como líderes produtores rurais e empresários que ameaçavam beneficiados para que deixassem terras da reforma agrária, pertencentes à União, para a ocupação ilegal, localizadas nos municípios de Itanhangá e Tapurah.
Elizeu de Oliveira não atendeu nem retornou às ligações da reportagem do portal de notícias Cuiabano News. O espaço democrático continua totalmente aberto para publicar a sua versão sobre os fatos.