Apesar da promessa de campanha de reduzir a estrutura do governo para apenas 15 ministérios, o presidente Jair Bolsonaro deu pontapé em seu mandato com 22 ministros – ainda assim, número menor do que os de seus antecessores Michel Temer (MDB) e Dilma Rousseff (PT), que tinham 29 e 35 ministérios, respectivamente. E, dos 22 ministros que começaram o governo Bolsonaro, apenas nove permanecem após três anos de mandato. Um deles segue no governo, mas em um ministério diferente de onde começou. E oito estão na mesma pasta.
Atualmente exercendo o posto de ministro do Trabalho, Onyx Lorenzoni é o integrante do governo que mais ocupou cadeiras na Esplanada dos Ministérios desde o começo do governo Bolsonaro. Inicialmente comandava a Casa Civil, pasta responsável pela articulação do Palácio do Planalto com o Congresso. Depois migrou para o Ministério da Cidadania. Em seguida, passou a ocupar a Secretaria-Geral da Presidência. Sua última (e atual pasta) é o Trabalho.
Os oito ministros que permanecem nos mesmos cargos desde o início do governo são: Paulo Guedes (Economia), Bento Albuquerque (Minas e Energia), Marcos Pontes (Ciência, Tecnologia e Inovações), Tereza Cristina (Agricultura), Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional), Wagner Rosário (Controladoria-Geral da União), Tarcísio Gomes de Freitas (Infraestrutura) e Damares Alves (Mulher, Família e Direitos Humanos).
Bolsonaro sempre manteve ministros militares no governo
Apesar das diversas reformas ministeriais promovidas por Bolsonaro ao longo destes três anos de governo, o Executivo sempre manteve um grupo de militares na gestão. No começo, além de Augusto Heleno e Bento Albuquerque, Bolsonaro contava ainda com quadros como general Carlos Alberto Santos Cruz (que ocupou a Secretaria de Governo) e o general Fernando Azevedo e Silva (que comandou a pasta da Defesa até março de 2021).
Atualmente, além de do general Heleno e do almirante Albuquerque, o governo tem ainda com o general Braga Netto, que já passou pela Casa Civil e hoje está no Ministério da Defesa. Outro nome das casernas é o general Luiz Eduardo Ramos, que ocupa a Secretaria-Geral da Presidência. Antes disso foi ministro-chefe da Secretaria de Governo e ministro-chefe da Casa Civil.
De aliados a adversários na disputa eleitoral em 2022
Além disso, nomes que ocuparam lugares de destaque na Esplanada dos Ministério agora fazem oposição ao governo e são (ou chegaram a ser) cotados para disputar a Presidência em outubro contra Bolsonaro.
Anunciado como superministro ainda do início do mandato, o ex-juiz da operação Lava Jato Sergio Moro chegou ao Executivo para comandar o Ministério da Justiça e Segurança Pública como um dos nomes mais populares da gestão Bolsonaro. A aliança, no entanto, acabou em abril de 2020, quando Moro deixou o cargo acusando o presidente de interferir politicamente na Polícia Federal.
Outro desafeto do governo é Luiz Henrique Mandetta, que ocupava o Ministério da Saúde desde o primeiro dia da gestão. Sua demissão ocorreu em 2020, em meio as divergências sobre a condução da pandemia do coronavírus. Também aliado do Planalto, Santos Cruz foi demitido em junho de 2019 depois de divergência com a chamada ala ideológica do governo.
Atualmente, Moro, Mandetta e Santos Cruz são alguns dos principais opositores do governo Bolsonaro. Desde que deixaram o governo, o trio costuma disparar críticas ao presidente e encampam uma candidatura na chamada terceira via para 2022.
Filiado ao Podemos, Moro tenta viabilizar seu nome ao Planalto com apoio de Santos Cruz, que se filiou ao mesmo partido e deve disputar uma cadeira no Legislativo em 2022. No mesmo grupo, Mandetta chegou a ser cotado para entrar na corrida presidencial pelo União Brasil, mas agora cogita entrar ser vice na chapa de Moro ou disputar uma cadeira do Senado por Mato Grosso.
As explicações de Bolsonaro para não ter cortado mais ministérios
Durante recente cerimônia de início do leilão das bandas de comunicação 5G para celulares, Bolsonaro comentou os motivos para não ter cumprido a promessa de reduzir o número de ministérios para 15.
“Quando a gente não está no governo tem um pensamento. Quando vai [para o governo], muda muito. Pelo tamanho, o Brasil pode ter mais de 23 ministérios. Um país pequeno pode ter uma cúpula menor. O tamanho do Brasil não justifica”, disse Bolsonaro.
A redução inicial do tamanho de ministérios, em relação aos governos Temer e Dilma, foi obtida por meio de fusões e alterações de competências – como no caso do Ministério da Cultura, que virou Secretaria Especial vinculada ao Ministério da Cidadania e que hoje integra o Ministério do Turismo. Em junho de 2020, com a criação do Ministério das Comunicações, o governo Bolsonaro chegou ao número de 23 ministérios.
Em fevereiro deste ano, com a autonomia do Banco Central, voltou a 22 (até então, o presidente do BC tinha status de ministro, mas perdeu essa condição com a lei que garantiu a independência da instituição). Mas com a recriação da pasta do Trabalho, voltou aos atuais 23 citados por Bolsonaro no discurso.
(Fonte: Gazeta do Povo)