Em sua segunda passagem pelo Cuiabá, António Oliveira já está adaptado ao contexto do clube. O treinador exaltou a relação com o vice-presidente Cristiano Dresch, o convívio com os jogadores e falou sobre a busca por reforços na atual janela de transferências. Em entrevista exclusiva ao portal Primeira Página, em parceria com a equipe do ge, o comandante português ainda se emocionou ao abordar a conexão com o pai, Toni, ídolo do Benfica.
Contratado mais uma vez com o Brasileirão em andamento, António valorizou o elenco que tem em mãos. Questionado sobre o equilíbrio entre manter sua matriz de jogo e se adaptar às peças do plantel, o treinador afirmou ter um grupo heterogêneo e que consegue colocar em prática as ideias transmitidas pela comissão técnica.
– Felizmente tenho jogadores que conseguem se adaptar muito bem à nossa forma de jogar e, principalmente, conseguem potencializar suas características dentro desta forma. E isso é motivo de orgulho, dá um prazer enorme trabalhar com eles. Felizmente todos eles são diferentes e nos dão essas valências. Portanto, estou muito feliz com o que tenho.
Apesar da satisfação com o elenco auriverde, o treinador busca, assim como todos os clubes da Série A, reforçar as opções para a sequência da competição. Até o momento, a diretoria do Cuiabá contratou o atacante Clayson e o volante Lucas Mineiro, mas já tem como alvo duas posições prioritárias: lateral direita e ataque.
– Eu busco sempre trazer jogadores diferentes, da mesma posição, mas que permitam, de acordo com as exigências do jogo, eu poder utilizar. Portanto, é evidente que é um lateral, o mercado não está fácil, mas qualquer oportunidade que o mercado nos ofereça, principalmente na frente, nós vamos em busca. Para nós, a qualidade é sempre bem-vinda.
Formado pela escola portuguesa, António revelou sua principal referência no futebol: seu pai. Toni Oliveira é ídolo do Benfica e da seleção portuguesa, além de ter sido companheiro do filho no início da trajetória à beira do campo.
– Podemos ganhar Sul-Americanas, Libertadores, Liga dos Campeões, mas tudo que eu conquistei com meu pai, hoje já poderia morrer feliz. É minha grande referência, o que sou hoje, principalmente como homem, devo a ele. Os princípios e valores, não posso esquecer da minha mãe, é evidente, que esteve presente principalmente quando ele era jogador e treinador. Nossa vida de treinador é de ausência total, eu hoje passo pelo mesmo. Um homem multi-campeão no Benfica, atingiu duas finais de Liga dos Campeões, é minha grande referência.
António falou também sobre a relação de confiança com membros da comissão técnica, revelou arrependimento por deixar o Athletico em 2021 e explicou o curso para treinadores da UEFA que está fazendo. Veja abaixo outros tópicos abordados.
Divisão de tarefas na comissão técnica
Todos somos importantes, o António é o líder. Mas também para valorizar quem trabalha comigo e merece essa visibilidade. Um reconhecimento das valências e do trabalho que eles vêm desenvolvendo. É evidente que cada um tem sua especificidade. O Bernardo (Franco) faz a análise do adversário, um filtro maior, entrega ao treinador e então discutimos, avaliamos o plano estratégico de acordo com o que foi a análise que o Bruno (Lazaroni) fez da nossa equipe.
O Diego (Favarin) cuida do que envolve a bola parada. Nós entendemos cada vez mais que a bola parada é decisiva em um jogo. O Felipe (Zilio) na análise de desempenho já sabe o que quero e que horas eu quero. Mas acima de tudo somos como o McDonald ‘s, somos 24 horas por dia. O futebol comigo não tem hora, treinador não dorme.
Curso da UEFA
É uma licença PRO, que é a última e me dá a independência para eu treinar onde quiser. Agora posso treinar o Real Madrid (risos). Isso faz parte de um processo formativo dentro das licenças formadoras para eu poder ter minha independência e treinar onde quiser. Abre 20 vagas de dois em dois anos, e eu não iria abdicar.
Arrependimento ao deixar o Athletico
Havia uma relação muito forte, uma passagem que foi bem sucedida. Hoje eu digo, “António, o que tu fizestes? Tu vai pedir pra sair quando está em duas semifinais, uma na Copa do Brasil e outra na Sul-Americana?” E felizmente ainda hoje há essa admiração que me orgulha imensamente. Me lembro das palavras do mestre Paulo Autuori, que disse: “António, vocè roeu o osso e vai dar o filé pra alguém”.
Na altura não me arrependi, eu hoje me arrependo daquilo que fiz. Hoje, com muito mais experiência, muito mais lastro, tinha gerido a situação de outra forma. Situação simples, mas que às vezes leva o sangue à flor da pele e acabamos tomando decisões no calor. Aprendi a nunca tomar decisões no calor do momento. (GE)