Se busca… motivação para as Eliminatórias? A brincadeira que norteou provocações entre brasileiros e argentinos (“se busca rival em Sudamerica”) durante a última Copa América pode ser adaptada à situação que a Seleção vive na competição continental. A classificação já está para lá de praticamente garantida com 27 pontos – oito na frente do segundo colocado, 11 para o quarto lugar (último que leva vaga direto ao Catar) e Tite está em nova fase de experiências.
Da vitória de virada sobre a Venezuela (3 a 1), foi possível ver uma Seleção com baixa competitividade na primeira etapa. Não foi só o gramado escorregadio – que nocauteou Fabinho e Marquinhos para a cabeçada de Ramírez -, mas houve desatenção de Gerson, que perdeu duas bolas bobas no primeiro tempo, na passagem de Soteldo e menos combatividade ainda de Paquetá na cobertura, antes do gol.
Ainda que em marcha lenta na primeira etapa, a Seleção conseguiu criar dois lances de boa troca de passes, com mais de um minuto cada um, com paciência, construção e giro de lado a lado.
Num deles – o de troca de passes de nove jogadores por 1min15seg –, Everton Ribeiro tentou Gabigol e a bola foi cortada. Deixou a dúvida: em jogo mais importante teria tentado o passe para seu companheiro ansioso para marcar ou teria finalizado direto?
A Venezuela nunca tinha terminado o primeiro tempo na frente do placar contra o Brasil. Mas não segurou o resultado. Em Eliminatórias, são 18 jogos, com 17 vitórias do Brasil e um empate. No geral, agora são 28 partidas, 24 triunfos brasileiros, três empates e uma derrota.
Tite chegou a comentar depois da Copa América de 2019 que sentiu motivação menor nos amistosos daquele fim de ano – o de piores resultados e desempenho com a Seleção, quando perdeu dois jogos (Peru e Argentina), empatou três (Colômbia, Senegal e Nigéria) e ganhou apenas da Coreia do Sul. O tema pode voltar à tona nestes últimos nove jogos das Eliminatórias.
Claro que há um antídoto natural, que foi visto no segundo tempo, principalmente. O da escalação de novidades, das chances. E neste cenário é normal de ver desentrosamento.
Foram mudanças na lateral (Guilherme Arana na vaga de Alex Sandro), no meio (Fabinho no lugar de Casemiro) e no ataque (com a dupla de Gabriéis), mas a maior diferença da primeira etapa foi da competividade baixa que se traduziu em falhas técnicas que não combinam com jogadores da categoria dos escolhidos de Tite.15
Quatro atacantes na segunda etapa
O gol que saiu de pênalti em Gabigol veio após boa arrancada de Raphinha e tabela com Antony – os dois estreantes da noite. Com a dupla, Emerson e Vini Jr o Brasil ficou, obviamente, mais veloz e com novo fôlego. Buscou tabelas e envolveu a Venezuela com mais frequência. O jogo saiu do meio – onde invariavelmente se encontravam Paquetá, Ribeiro e Gerson, principalmente – para as pontas.
Depois da ideia inicial de Tite de gerar troca de posições a todo momento no quarteto ofensivo – aproveitando entrosamento de Ribeiro e Gabigol pela direita e na tentativa de Jesus e Paquetá pela esquerda -, a formação da segunda etapa dispensou articuladores.
Gerson chegava com mais constância, Arana menos – pareceu não se encaixar no sistema ofensivo -, mas as jogadas saíam no cerco ao sistema defensivo venezuelano.
No próximo domingo, às 18h, contra a Colômbia em Barranquilla, Tite tem Neymar de volta. Resta saber como Tite vai aproveitar Raphinha, o melhor em campo na virada, e quais serão as próximas experiências – não há dono da posição ao lado de Casemiro, embora Tite mantenha aposta em Gerson, a sétima tentativa e o sistema de jogo com mais meias ou três atacantes também parece instável.
Ainda assim, mesmo irregular durante a partida, com ajustes constantes e problemas de criação em volume por jogo, o Brasil consegue cercar adversários e pressionar em busca do gol.
Tite orienta jogadores da Seleção na vitória por 3 a 1 sobre a Venezuela — Foto: Lucas Figueiredo / CBF
(Globo Esporte)