O São Paulo ainda não fez nenhum jogo de encher os olhos do torcedor e muito menos de quem não é torcedor do clube depois do retorno do futebol. Mas depois da eliminação para o Mirassol, nas quartas de final do Campeonato Paulista, o elenco mostrou uma característica que há muito não se via no time: o espírito de luta. A análise é de Eduardo Rodrigues, jornalista do Globo Esporte. Confira:

A vitória conquistada aos 46 minutos do segundo tempo sobre o Corinthians, no último domingo foi a maior prova disso. Mesmo após levar o empate em uma falha de Volpi, que poderia desestabilizar por completo o time, o São Paulo manteve a tranquilidade e soube administrar a partida.

As mudanças promovidas por Fernando Diniz deram força à equipe. Não por acaso, quatro garotos revelados na base: Brenner, Toró, Igor Gomes e Luan.

O gol da vitória foi marcado por Brenner, após cruzamento na medida de Toró. A comemoração deu um panorama desse ambiente de luta que vai se instalando nos jogadores.

O atacante tirou a camisa e celebrou com raiva. Os demais jogadores explodiram no banco de reservas e correram para dentro do campo.

A mudança de postura não é apenas deste duelo, mas também nos dois últimos jogos do Brasileirão, nas vitórias contra Sport e Athletico. Os resultados magros, por 1 a 0, obrigaram o São Paulo a se segurar na defesa em diversos momentos e não se abater com a pressão.

– Às vezes, nós jogadores nos empolgamos um pouco e deixamos de colocar o espírito que é marca nossa. Às vezes, precisamos chegar no fundo do poço para entender que: “Velho, assim não dá mais”. Às vezes, tem de mudar, chegar ao fundo do poço para ter atitude de mudança – afirmou Hernanes, autor do primeiro gol, na entrevista coletiva.

É uma equipe muito diferente daquela que se apresentou contra o Bahia, por exemplo, quando Volpi defendeu um pênalti com o jogo em 0 a 0. O time poderia crescer, mas acabou levando o gol em menos de dez minutos depois.

Ou até mesmo do São Paulo eliminado pelo Mirassol, que se mostrou apático após levar o terceiro gol e não demonstrou forçar para buscar o empate contra um time que está longe de ser da elite do futebol brasileiro.

Essa mudança tem muito a ver com os jogadores, claro, mas Fernando Diniz possui uma grande parcela de contribuição ao abrir mão de certas convicções e passar a acreditar em outras, como por exemplo a mudança na dupla de zaga. Arboleda e Bruno Alves, antes intocáveis, deram lugar a Diego e Léo. As alterações vão se mostrando um acerto.
Mais: até mesmo em não tentar recuperar um já descompromissado Alexandre Pato, que rescindiu o contrato após uma análise da comissão técnica e da diretoria de que ele havia perdido o foco.

O discurso “quem não está feliz tem que pedir para sair” de Fernando Diniz vai mostrando que o São Paulo pode ter um rumo até o final da temporada. (Globo Esporte)