Para os futeboleiros do mundo inteiro, Oscar Niemeyer fica em segundo lugar: a principal obra arquitetônica erguida em solo brasileiro é o Maracanã. O estádio inaugurado em 1950 carrega na simples nomenclatura uma aura difícil de ser equiparada em qualquer quadrante de qualquer hemisfério. Palco de duas finais de Copa do Mundo e de jornadas inesquecíveis, muitas vezes vividas em um singelo clássico de estadual com cem mil torcedores, o Estádio Mário Filho não é terreno fértil para fazer brotar taças da Libertadores. A análise é do jornalista Douglas Ceconello. Confira:
No final da tarde de sábado, por exemplo, Santos e Palmeiras disputam, além do cobiçado posto de melhor time do continente, quem terá a honra de ser o primeiro clube brasileiro a erguer a Copa Libertadores na mítica paisagem. A cena será presenciada por poucos convidados — uma lástima, quase uma deslealdade cósmica, tanto para os postulantes quanto para o velho estádio. Será apenas a segunda vez em que veremos a Libertadores levantada no gramado abençoado por Ghiggia, Garrincha e Pelé.
Na primeira e única vez em que isso aconteceu, o protagonista foi ninguém menos que Pepe Pancho Cevallos, arqueiro que se consagrou na decisão por pênaltis entre Fluminense e Liga de Quito. Os tricolores foram épicos, mas não fizeram história: chegaram ao 3 a 1 após perder de 4 a 2 no Equador, mas diretamente da marca da cal perderam a primeira Libertadores entregue no templo de concreto.
Pelé contra o Boca Juniors em 1963 — Foto: Santos / Acervo
Assim, que Pelé e Zico se colocassem nos seus devidos lugares. Porque, durante muito tempo, quem se gabava de ser o único time carioca a levantar um título internacional no Maracanã era o valeroso Botafogo de 1993, campeão da Copa Conmebol em glamourosa final contra o Peñarol, sob a condução de Sinval e Perivaldo e do técnico Carlos Alberto Torres. Isso, é claro, levando em conta a moderna conformação dos torneios sul-americanos, após o advento da Libertadores, sem considerar a Copa Rio (que o próprio Palmeiras venceu) e outros perrengues que ultrapassaram fronteiras e desafiaram a geografia.
Cevallos fazendo história em 2008. — Foto: GloboEsporte.com
Dessa forma, o já retumbante embate libertador entre Palmeiras e Santos ganha outros requintes históricos. Porque, apesar da mitologia e da onipresença no imaginário futebolístico, ou talvez também por isso, não é todo dia que o Maracanã oferece a Copa Libertadores para ser erguida aos céus. (Globo Esporte)