ALFREDO DA MOTA MENEZES
Os Ministérios de Agricultura e do Exterior do Brasil encaminharam carta a União Europeia solicitando que essa entidade suspenda a intenção de não comprar bens do Brasil a partir de janeiro de 2025 por causa de desmatamento no bioma amazônico desde 2020. Sejam desmatamentos legais ou ilegais.
Os Ministérios alegam que o Brasil segue rígidas medidas ambientais. Que a atitude é unilateral e vai prejudicar o produtor, principalmente o pequeno. Alegam ainda que o Brasil não desmata mais e tudo que faz é dentro da lei brasileira sobre o assunto.
A ONG Observatório do Clima, por sua vez, encaminhou carta também a União Europeia endossando a decisão da entidade sobre desmatamento no bioma amazônico.
Mostram análises que, se ocorrer o boicote europeu, o Brasil, MT em primeiro lugar, deixaria de vender anualmente ali algo como 14 bilhões de dólares por ano. Número expressivo no comércio nacional externo.
Este é um assunto que deveria merecer debates e participações de gentes do agro e da politica para encontrar alternativas para o que pode vir a partir do ano que vem.
Além dessa preocupação tem outra do momento. A chuva tardia ou a falta dela pode afetar a produção do agro no estado. A Conab, Companhia Nacional de Abastecimento, informa que a falta de chuva pode derrubar a safra do estado em 7.7 milhões de toneladas. Saindo de uns 100 milhões toneladas no ano anterior para 93 milhões nesta safra.
Juntando a ameaça da União Europeia, mais a queda na produção estadual, o próximo ano poderá ser um tanto quanto estranho. O estado vem num crescimento contínuo de produção e exportação e no meio do caminho se tem dois fatores novos que poderia, em tese, atrapalhar um pouco a produção e exportação do agro do estado.
Volta-se a um antigo comentário: por que não trazer gentes da Europa para ver o que e como se produz no estado?
Mostrar que não se está desmatando mais no bioma amazônico do estado. Mostrar que se tem algo como 60% do território do estado preservado. Mostrar o que se incorporou de tecnologia para produção no campo. Mostrar ainda os resultados alcançados pela ciência no aumento da produção. Que aqui é capaz de competir em pé de igualdade com qualquer lugar do mundo em produção por hectares.
Por que não um grande encontro internacional aqui sobre assuntos do agro e meio ambiente? Não se pode ter receio de discutir isso abertamente com o mundo, principalmente num lugar que ainda mantem muita floresta.
Aliás, os Ministérios da Agricultura e Exterior é que deveriam propor um debate desses. Este debate ou encontro deveria ser aqui no estado, lugar que se produz mais e que ainda mantem boa parte das florestas. Senão os ministérios porque não a Aprosoja e outras entidades do agro fazer essa discussão internacional aqui no estado? Receio de que?
Alfredo da Mota Menezes é analista político.
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