Você, com certeza, já ouviu falar do Outubro Rosa, Novembro Azul ou Dezembro Laranja, mas já ouviu falar do Agosto Branco? Pois é, o câncer de pulmão é um dos cânceres mais mortais do mundo e normalmente não possui sintomas claros. O mês vem conscientizar as pessoas sobre a importância da prevenção desse tipo de câncer.

Para se ter uma ideia da abrangência da doença, o câncer de pulmão é o que mais causa mortes no mundo. Em homens é o primeiro da lista, em mulheres é o segundo entre as estimativas mundiais. Segundo a Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC), foram 1,7 milhão de vítimas no mundo em 2020, mais de 30 mil mortes apenas no Brasil.

Ainda, segundo os dados, o câncer de pulmão, é o terceiro mais comum em homens (17.760 casos novos) e o quarto em mulheres no Brasil (12.440 casos novos), sem contar o câncer de pele não melanoma. Ou seja, é uma doença que merece mais destaque nas ações de saúde e nas campanhas nacionais.

O paciente com câncer que chega até nós, tem um perfil muito delimitado. Normalmente eles aparecem na consulta com a doença já avançada, em condições menos favoráveis para o tratamento curativo, então partimos para o paliativo. Esses pacientes são, na maioria das vezes, fumantes e moradores da zona rural com menor instrução. Essa característica exemplifica a mortalidade da doença, mostrando que o diagnóstico tardio e o fumo são dois entraves.

O tabagismo, incluo aqui os cigarros eletrônicos, é o principal fator de risco do câncer de pulmão, representando 85% dos casos. O que mostra que uma parcela dos pacientes que não fumam pode desenvolver a doença, atrelada a fatores genéticos, exposição a determinados gases e metais pesados, como sílica, pessoas que usam o fogão a lenha com frequência e ainda os fumantes passivos, que são aqueles que convivem com pessoas que fumam.

O grande desafio do câncer de pulmão é que ele é, normalmente, silencioso, com sintomas iniciais não muito claros e até mesmo tardios. Quando os sintomas aparecem, tendem a significar que a doença já está em estágio mais avançado, como tosse por mais de um mês, com presença de sangue ou com piora progressiva, dor torácica persistente, falta de ar e dificuldade para respirar.

Por isso, o diagnóstico precoce é tão importante. Para você que fuma, ou já fumou, mora com alguém que usa tabaco, ou mesmo que usa muito fogão à lenha ou trabalha exposto a algum gás, mantenha consultas regulares com médicos especialistas e realize tomografias de rastreamento.

E, o mais importante, a principal prevenção é parar de fumar! Sem o fumo, mantendo hábitos de vida saudável, praticando atividades físicas e tendo uma alimentação saudável, as suas chances de aproveitar o melhor da vida aumentam exponencialmente.

 

*LUCAS BERTOLIN  é médico,  Cirurgião Oncológico no Hospital de Câncer de Mato Grosso; da Oncolog e do Consórcio de Saúde da Região do Vale do Peixoto.

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