Com a metade da população, o município de Primavera do Leste (243 km de Cuiabá) recebe um recurso do Ministério da Saúde para aplicação em procedimentos de média e alta complexidade (MAC) mais de 86% superior ao fornecido para o município de Várzea Grande. Com cerca de 300 mil habitantes, a cidade da região metropolitana de Cuiabá recebe de MAC R$ 3,7 milhões, enquanto que o município do sul do Estado conta com R$ 6,9 milhões.

As informações foram reveladas pela secretária municipal de Saúde de Várzea Grande, Deisi Bocalon, em entrevista ao Agora Pod, onde também explicou os esforços que a gestão atual está fazendo para mudar a realidade de recursos na área.

Deisi explicou que o município conta com o valor mensal de cerca de R$ 10 milhões, fora o valor empenhado em folha de pagamento dos servidores da Saúde. Montante que ela considera como muito limitado.

“O MAC de Várzea Grande, que tem 300 mil habitantes, é de R$ 3,7 milhões mensais. O de Primavera do Leste, que é metade da população de Várzea Grande, é de R$ 6,9 milhões. Então, é uma diferença gritante. Mas, por que isso? Existem formas de você melhorar esse recurso. Essas formas são habilitação de serviço e a execução de serviços em território de Várzea Grande”, começou a explicar a gestora.

Conforme a profissional, que é enfermeira de carreira no serviço público, Várzea Grande esteve habituada a destinar seus recursos pactuado a Cuiabá para que ela executasse os serviços de média e alta complexidade, mesmo tendo condições de fazer. Por ser um processo moroso de retomada dessa atribuição, a gestora acredita que secretários anteriores não queiram ter tido esse enfrentamento.

“Várzea Grande não era habituada a fazer o faturamento e demonstrar ao Ministério da Saúde que estava realizando esse gasto de recursos e encaminhava os pacientes para Cuiabá. E é isso que a gente está tentando remodelar, fazer com que Várzea Grande seja responsável de fato pelos seus munícipes. Isso tudo é um processo moroso, chato de ser realizado. Então, é por isso que os outros gestores não tenham feito, que é trabalhoso mesmo, mas que precisa ser realizado”, conclamou.

A secretária acrescentou que o município passa a fazer procedimentos como neurocirurgias e até alguns de cardiologia, iniciando pelo programa Fila Zero. “A gente tá tentando limitar ao máximo a vinda de pacientes de Várzea Grande para Cuiabá. Cuiabá já tem uma sobrecarga importante. Então, quanto mais aliviarmos Cuiabá eles também vão ficar mais tranquilos”, ponderou.

Para que haja a ampliação dos recursos enviados pelo Ministério da Saúde, é necessário que a gestão comprove que realiza os procedimentos. Outras especialidades já estão no radar.

“A gente precisa provar que estamos realizando esse serviço pra fazer daí a repactuação desses recursos. E também pleitear a habilitação de serviços que é o que nós temos feito. Vamos tentar habilitar agora a ortopedia e a traumatologia, nós estamos pleiteando a habilitação desses serviços no Pronto-Socorro de Várzea Grande. Daí, quando a gente habilita um serviço, o Ministério da Saúde aumenta esse teto MAC também”.

Por fim, embora reconheça que os valores são aquém do necessário, a gestora ponderou que esse ainda não é principal desafio na área em Várzea Grande, mas a organização dos serviços. “Quando a gente sabe que é possível organizar para melhorar esses recursos, fica melhor para resolver”, disse, mesmo diante da dívida de R$ 54,5 milhões deixada pela gestão anterior.

Confira a entrevista:

(Leiagora)