DEUSDÉDIT DE ALMEIDA
A liturgia do advento, especialmente as celebrações eucarísticas dominicais, traça um caminho espiritual de preparação para o Natal do Senhor. Converter-se e acolher Jesus é seguir uma estrada cujo fim realiza o mais profundo desejo do coração humano: amar a Deus, que nos amou primeiro.
É tempo de piedosa espera. Esperar uma pessoa querida requer alegre e cuidadosa preparação. A coroa do advento com suas quatro velas: verde, vermelha, roxa e branca, nas celebrações, manifestam o belo simbolismo da vitória da luz sobre as trevas.
Esta preparação para o natal tem dupla característica: tempo de preparação para as solenidades do Natal, nas quais se recorda a primeira vinda do Filho de Deus na humanidade; e simultaneamente, tempo em que, com esta recordação, os espíritos se dirigem para a expectativa da segunda vinda de Cristo no fim dos tempos (Parusia).
Celebrando cada ano este mistério, a Igreja nos exorta a renovar continuamente a lembrança de tão grande amor de Deus para conosco. Eis aqui algumas atitudes que nos ajudarão a preparar uma celebração digna, santa e frutuosa do Natal. A primeira atitude é de oração. A oração abre-nos, por Cristo, em Cristo e com o Espírito Santo, à contemplação do rosto do Pai, colocando-nos em comunhão e sintonia com a Trindade, fonte de santidade, de alegria e da verdadeira paz. Dentro da mística de oração, a novena do Natal em família é uma expressão belíssima de oração e preparação familiar.
A Segunda atitude é a da reconciliação. Reconciliação com Deus-Trindade e reconciliação com as pessoas: familiares, parentes, amigos e colegas de trabalho. É bom celebrar o Natal livre dos ressentimentos, das mágoas, do rancor contra os nossos semelhantes e sentimento de vingança.”.
Onde não existe amor, ame e haverá! A terceira atitude é a da caridade. O tempo do advento é propício para o exercício da solidariedade e amor fraterno em relação às pessoas mais necessitadas e sofredoras. Atos de solidariedade dignificam e enobrecem a alma humana. Os gestos solícitos de bondade e de generosidade, encantam a vida, tornando-a bela e grandiosa!
Neste tempo que antecede o Natal, vamos escancarar as portas do coração e da vida para acolher o Rei dos Reis que vai chegar! Jesus é o “Príncipe da paz” (Mq 5,4) que veio instaurar o reino de fraternidade e paz no mundo! Neste advento, precisamente no dia 29 de Dezembro, será aberto, na Catedral, o ano do Jubileu da Encarnação, convocado pelo Papa Francisco, através da bula “Spes Non Confundit (A esperança não decepciona – Rm 5,5), cujo tema é: “Peregrinos de Esperança”. Somos semeadores de esperança.
Estamos vivendo na sociedade brasileira um momento de muita polarização ideológica, alavancada por extremismos que aprofundam as discórdias e desavenças familiares.
Quando chegará o dia de nos reconhecermos que somos todos irmãos, acima de nossas diferenças ideológicas? Disse o grande líder que combateu arduamente a segregação racial, Nelson Mandela: “Ninguém nasce odiando outra pessoa por causa da cor, da sua pele, da sua origem ou da sua religião.
Assim, como a pessoa aprende a odiar, deve, também, aprender a amar. Pois o amor chega mais naturalmente ao coração do que seu oposto.” Afirmou Santo Agostinho: “O limite do amor é amar sem limite! Lutemos pela reconciliação e paz social. A paz é um valor universal que deve ser buscada arduamente por todos. Pois, não há nenhum coração humano que não se sente bem quando ao seu redor reina a paz, sobretudo no ambiente familiar e de trabalho.
Deusdédit M. de Almeida é padre da Catedral Basílica do Senhor Bom Jesus.
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