Faltam 480 dias para a cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos de Tóquio, agora oficialmente marcados para o dia 23 de julho do ano que vem. Parece muito tempo, mas a verdade é que os atletas vão ter que fazer um planejamento perfeito para a periodização de treinos em apenas 16 meses e chegar no pico de rendimento na Olimpíada.

Eu, aqui no blog, costumo fazer uma previsão de medalhas em cada uma das provas nas Olimpíadas. E, com esse adiamento e a falta de Campeonatos Mundiais para usar como parâmetro, será a edição olímpica mais imprevisível desde os boicotes de Moscou 1980 e Los Angeles 1984. Na época, boa parte das estrelas abriu mão dos Jogos por questões políticas, o que deu um nó em qualquer prognóstico.

As estrelas do esporte ainda não têm no horizonte uma data para voltarem a treinar, já que os principais centros do mundo estão fechados por conta da pandemia do novo coronavírus. O planejamento já costuma ser muito importante na preparação. Mas agora será ainda mais essencial. As equipes técnicas terão que acertar o que fazer em 2020 (esquecer o ano ou fazer um trabalho intenso mesmo sem uma grande competição?), ajustar a preparação para 2021 e chegar ao pico no mês de julho.

É bem possível que os grandes atletas cheguem aos Jogos Olímpicos sem terem feito uma grande competição desde o meio de 2019. A maioria das modalidades teve seus Campeonatos Mundiais entre julho e outubro do ano passado, ou seja, mais de vinte meses antes da Olimpíada, agora marcada para julho 2021. Isso é ruim para eles, que vão ficar sem a adrenalina e o ritmo de grandes eventos por muito tempo.

Simone Biles conquista cinco ouros no Mundial de Stuttgart — Foto: Reprodução/Twitter

Simone Biles conquista cinco ouros no Mundial de Stuttgart — Foto: Reprodução/Twitter

O calendário dos Campeonatos Mundiais ainda não está definido, mas há possibilidade de algumas modalidades trazerem as competições que seriam no segundo semestre do ano que vem, para o fim deste ano, ou mesmo para o início de 2021. Seria um evento grande para os atletas antes dos Jogos, mas se forem colados com a data das Olimpíadas terão uma importância mínima. O Mundial de atletismo foi adiado para 2022, fazendo com que a modalidade fique sem grandes competições entre 2019 e as Olimpíadas.

Teddy Riner  — Foto: Abelardo Mendes Jr/ rededoesporte

Teddy Riner — Foto: Abelardo Mendes Jr/ rededoesporte

Há, claro, o aspecto emocional para os atletas, que esperam por quatro anos para atingir o ápice do desempenho, e vão ter que prolongar esse apogeu em mais uma temporada.

E, consequentemente, o ciclo de Paris 2024 já está prejudicado. Isso porque, alguns atletas usam o ano pós-olímpico para descanso ou realizar alguns objetivos pessoas (como ser mãe, por exemplo), e aí focam na preparação para as Olimpíadas por três temporadas. Com a diminuição do próximo ciclo, já que os Jogos continuam marcados para 2024, é provável que a renovação dos atletas fique totalmente prejudicada.

Parece que não, mas a mudança das Olimpíadas para 2021 altera todo o calendário de preparação dos atletas até os Jogos de Paris 2024. (Guilherme Costa/Globo Esporte)