Dra. Giovana Fortunato
Durante o mês de abril, a cor roxa ganha destaque em todo o mundo como uma forma de conscientização sobre a adenomiose, uma alteração benigna do útero que pode afetar a fertilidade e a gestação das mulheres. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), uma em cada dez mulheres no mundo sofre com a doença, que pode ser confundida com a endometriose.
Algumas mulheres, por motivos ainda não explicados, têm a camada interna do útero e a intermediária “mescladas”. Dessa forma, células endometriais se misturam ao miométrio. Essa condição é chamada de adenomiose, e pode ser classificada em superficial, intermediária ou profunda, de acordo com as camadas de músculos que são afetadas.
As alterações na parede do útero causadas pela adenomiose levam à inflamação local, com piora no período menstrual.
Os sintomas que a doença apresenta:
. Cólicas menstruais muito fortes;
. Dor durante relações sexuais
. Edema da barriga;
. Prisão de ventre e dor ao evacuar
. Aumento da quantidade e duração do fluxo menstrual;
Em alguns casos, porém, a adenomiose pode ser assintomática durante uma etapa da vida, se manifestar após a gravidez e desaparecer após a menopausa. Como os sintomas da doença não são específicos, o diagnóstico deve ser feito por um médico especialista por meio da entrevista, do exame físico, da avaliação e de laudos de exames de imagem do sistema reprodutor feminino. No exame de toque realizado na consulta ginecológica, pode ser percebido um útero aumentado e doloroso. Os principais exames utilizados para o diagnóstico de adenomiose são a ultrassonografia e a ressonância magnética.
De acordo com o estágio em que se encontra, a adenomiose pode causar infertilidade feminina. Uma vez que o embrião encontra dificuldade para se fixar na parede do útero, acontecem abortos espontâneos ou falhas na implantação.
Além disso, na maior parte dos casos a adenomiose está associada à endometriose, que hoje é apontada como um dos principais fatores de infertilidade em mulheres.
Nem toda mulher que tiver adenomiose será estéril. Existem tratamentos, que serão definidos pelos médicos de acordo com a extensão da doença. Entre eles: uso de remédios hormonais, que provocam a liberação de hormônios relacionados à ovulação; uso de anti-inflamatórios, para o alívio da dor e inflamação; cirurgia para retirada do excesso de tecido endometrial (em caso de adenomiose focal); medicamentos que impedem o crescimento do tecido endometrial dentro do miométrio.
O tratamento da adenomiose tem o objetivo de minimizar os sintomas da doença e, principalmente, possibilitar a gravidez para a mulher que deseja engravidar. Nesse caso, o uso de técnicas de reprodução humana assistida associado a um tratamento medicamentoso prévio é a forma que pode ser indicada de tratamento.
Os medicamentos utilizados no tratamento da adenomiose visam regular os hormônios e eliminar os sintomas causados pela doença.
Alguns estudos apontam que existe uma relação entre adenomiose e infertilidade, portanto, as mulheres que apresentam a doença e desejam engravidar devem procurar um médico especialista em reprodução humana assistida para que ele indique o tratamento adequado e faça o acompanhamento necessário.
Dra. Giovana Fortunato é ginecologista e obstetra, docente do Departamento de Ginecologia e Obstetrícia do HUJM e especialista em endometriose e infertilidade no Instituto Eladium, em Cuiabá (MT).
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