Vagner Mancini viveu seus últimos momentos como técnico do Corinthians na noite do último domingo, na Neo Química Arena, em Itaquera. O técnico foi comunicado sobre sua saída pouco depois da derrota para o Palmeiras, por 2 a 0, pela semifinal do Campeonato Paulista.

Foram momentos de abatimento, decepção e da concretização do que já vinha sendo bastante notado internamente há algum tempo: o trabalho sofreu um desgaste forte nas últimas semanas, acentuado pela eliminação da Copa Sul-Americana, com goleada sofrida para o Peñarol, no Uruguai. O Timão ainda fará dois jogos pela fase de grupos do torneio, mas não tem mais chances de classificação.

A derrota no Dérbi, da maneira como foi e por tudo o que representa o clássico, somada à pressão imposta pela torcida nos últimos dias, foi a gota d’água. Mas, ao contrário do que aconteceu com Tiago Nunes, o desgaste não era de relacionamento, e sim dentro do campo.

Apesar de discordâncias pontuais quanto a decisões do comandante, o grupo gostava de Mancini. A grande prova do carinho pelo técnico foi a fila de jogadores para abraçá-lo na saída do vestiário da Arena. Um a um os atletas foram se despedindo.

Gustavo Mosquito, por exemplo, foi um dos que agradeceu ao técnico pela oportunidade e pela evolução obtida em campo. Embora tenha sido Tiago Nunes a pedir sua volta, foi com Mancini que seu futebol cresceu.

Houve também certo abatimento pelo que envolve uma demissão. O próprio presidente do clube, Duilio Monteiro Alves, chegou à Arena acreditando que poderia manter por mais tempo o treinador, mesmo em um cenário de derrota, desde que o Corinthians jogasse muito bem.

Nos bastidores, porém, Duilio já vinha recebendo pedidos de aliados para que mudasse o comando da equipe há algumas semanas.

Com o desempenho do Palmeiras, chegando com facilidade ao gol de Cássio, o mandatário se viu sem outra alternativa a não ser desligar o treinador com tempo hábil para encontrar um substituto antes do começo do Campeonato Brasileiro, dia 30 de maio.

Abatido, Duilio esperou o apito final para conversar no próprio vestiário com Roberto de Andrade e Alessandro Nunes, dirigentes do departamento de futebol, antes de chamar Mancini para o papo final.

Desde outubro de 2020 no Timão, o treinador comandou a equipe em 45 jogos, com 20 vitórias, 13 empates e 11 derrotas, aproveitamento de 54%.

Agora, ainda sem um nome de consenso no clube, o presidente vai tirar a segunda-feira para definir o substituto de Mancini e, embora não tenha pressa, pretende fechar negócio a tempo do novo técnico conhecer e trabalhar com o grupo antes do Brasileirão.

O contrato de Mancini não previa multa rescisória, algo também adotado pelo treinador em seu clube anterior, o Atlético-GO, e que facilitou sua vinda ao Timão.  (Globo Esporte)(