O paulista Abner Teixeira vai ficar com a medalha de bronze nas Olimpíadas de Tóquio 2020. O peso pesado (até 91kg) de Santo Amaro-SP foi até as semifinais, mas esbarrou no cubano Julio La Cruz, medalha de ouro no peso meio-pesado (até 81kg) na Rio 2016 e tetracampeão mundial amador. La Cruz venceu por decisão dividida (4-1) e segue à final, e o brasileiro termina com o bronze, já que não há disputa de terceiro lugar no boxe.
É a quarta medalha de bronze do boxe brasileiro na história dos Jogos Olímpicos: além de Abner, Servílio de Oliveira (Cidade do México 1968) e Adriana Araújo e Yamaguchi Falcão (Londres 2012) também conquistaram esta medalha. A seleção brasileira tem ainda mais duas medalhas garantidas em Tóquio, com Hebert Conceição e Bia Ferreira, já classificados às semifinais em suas categorias.
Abner Teixeira tomou o centro do ringue no começo, mas respeitou o cubano nos minutos iniciais, lutando na longa distância. La Cruz acertou um bom direto de direita para abrir os trabalhos. O brasileiro acertou um bom cruzado de direita e tocou a linha de cintura do adversário, que resolveu avançar. Abner começou a sentir confiança e baixou a guarda como o oponente. Ele conectou alguns bons golpes, incluindo um cruzado de esquerda que fez La Cruz pedalar para trás. Mas o cubano também acertou bons diretos, que lhe deram a vantagem na pontuação.
Abner conectou um bom gancho na linha de cintura e começou a soltar os diretos de esquerda de longe. Mas La Cruz combinava boas sequências de golpes na linha de cintura e cruzados na cabeça. O brasileiro começou a buscar o clinche para aproximar La Cruz e cansá-lo. O cubano acelerou na reta final e, com sua esquiva em dia, evitou os contragolpes, enquanto conectava uppercuts e ganchos na linha de cintura.
Com três juízes dando vitória de La Cruz, Abner precisava de um nocaute ou de um round convincente. Ele foi para cima, combinando golpes na linha de cintura com cruzados potentes. La Cruz respondia espetando a linha de cintura e pressionando. O cubano acelerou com golpes curtos por dentro da guarda e não dava espaço para Abner soltar suas bombas. La Cruz pressionou na reta final, acertando muitos golpes para selar sua vitória.
Os juízes pontuaram decisão dividida (4-1) a favor do cubano. Na saída do ringue, Abner Teixeira não escondeu a decepção com a derrota, mesmo tendo a medalha garantida.
– Isso vai ficar chato de dizer na TV, mas estou p*** né? Ninguém gosta de perder, especialmente eu, odeio perder. Trabalho para não acontecer isso. Mas pelo fato de ser medalhista, fico feliz, era o que tinha me proposto a fazer. É a realização de um sonho, de querer estar aqui, participar de uma Olimpíada e não só isso, ganhar uma medalha – afirmou o paulista ao SporTV.
Sobre a luta, Abner reconheceu o mérito estratégico do tetracampeão mundial.
– Ele soube usar a experiência dele bem. Eu estava me sentindo muito bem para essa luta, não tem desculpa, nem lesão, nada. Trabalhei da melhor forma possível, a luta ficou um pouco agarrada, acho que foi a estratégia dele, não estava conseguindo boxear. Ele acabou parando comigo na curta, não estava esperando. Mas mesmo sem esperar, eu estava pronto, fiz o que consegui fazer. Tentei explodir, acertar o corpo dele, minar o gás dele, mas ele acabou sendo melhor.
Julio La Cruz (dir.) acerta um cruzado de direita contra Abner Teixeira (esq.) — Foto: Pool via REUTERS/Luis Robayo