O Palmeiras entrou em campo na vitória por 3 a 1 sobre a Chapecoense, neste domingo, no Allianz Parque, com um esquema diferente do que vinha sendo utilizado.
O técnico Abel Ferreira escalou o Verdão com apenas dois zagueiros (e não três) e deixou a equipe mais ofensiva, com dois meias e três atacantes.
Após a partida, Abel explicou os motivos da escolha e se mostrou satisfeito com a atuação do Palmeiras.
– Minhas intenções não mudam pelo esquema tático, nossos comportamentos são sempre os mesmos. Nós não nos guiamos pelo sistema, nos guiamos pelo que a equipe quer quando tem a bola. Procurar circular a bola o mais rápido possível, ter as nossas três rotas de ataque, seja nos corredores, no centro ou com viradas. Não é o sistema que altera nossos comportamentos – analisou.
– Com respeito à Chapecoense, nós temos mais qualidade e podemos arriscar mais. Ter mais posse e oportunidade depende muito do adversário. E lembro que eles tiveram a primeira grande chance do jogo. Apesar das muitas ausências, os jogadores estiveram muito bem. Fizemos um primeiro tempo muito bom em termos ofensivos. Poderíamos ter chegado ao fim do primeiro tempo com mais gols e o jogo resolvido – falou.
Abel Ferreira também falou sobre o retorno de Deyverson, que se reapresentou ao Palmeiras no fim de semana. Ele fez elogios ao atacante e contou como pretende usá-lo.
– É um jogador que conhece o clube, tem contrato, pode nos ajudar. Conhece boa parte do elenco, sabe a exigência da torcida. Vai nos trazer experiência. Temos muitos garotos que precisam desse acompanhamento da experiência – declarou.
– Ele vem para nos dar mais uma solução, ajudar o time. Falamos que precisávamos de um centroavante, o Rony tem jogado muito bem ali. Muitas vezes gosto de jogar com dois centroavantes. Vai nos ajudar seguramente. Respeitando as hierarquias. Estamos dando uma chance – completou.
Confira outras respostas de Abel Ferreira na coletiva:
TIME SEM UM VOLANTE “5”
– Um treinador como o Guardiola, que perdeu a Liga dos Campeões, foi criticado por não ter jogado com um 5 puro. Quando fazemos o elenco temos em conta as características dos nossos jogadores, para procurar ter sempre um time competitivo. No último jogo o Patrick acabou como 5, sabemos que não é a posição dele. ELe nos dá muita saída, mas para fechar os dois zagueiros ele tem mais dificuldade. O Scarpa e o Veiga nos dão a bola, a saída.
ESQUEMA COM DOIS ZAGUEIROS
– Posso jogar com dois defesas, três defesas, cinco defesas, dois volantes, três volantes… Nossos comportamentos são sempre os mesmos. Vocês viram pressão no adversário, vimos o time o jogar na saída a três, eu não abdico da saída a três, com dois zagueiros e um lateral, três zagueiros, ou um volante mais baixo, portanto não é o esquema que muda nossos comportamentos. Vocês sabem que temos muitos lesionados, jogadores nas seleções, o Alan Empereur que vamos ver o que vai dar… Por muito que eu quisesse jogar com três zagueiros, não poderia. Não sou um treinador de sistemas, o mais importante é o comportamento dos jogadores, de entrarem em campo e saberem o que têm de fazer. Hoje fomos competitivos, mesmo com as ausências, os que estão aqui nos dão a capacidade de sermos sempre competitivos.
FUNÇÃO DOS LATERAIS NO TIME
– Procuramos fazer uma saída diferente, com um lateral mais baixo, mandamos subir o Mayke para dar largura no corredor direito, na esquerda era o Wesley. Assim jogamos com três na frente, Scarpa na meia esquerda, Rony na meia direita, com Luiz Adriano, Veiga e Patrick de Paula dando apoio. Os comportamentos não se alteram, fizemos a saída a três. Com três zagueiros ou quatro atrás, fizemos exatamente a mesma coisa. Pretendemos isso, ter o Mayke espetado sem bola e o Victor Luis trazer o jogo do pé, criando desequilíbrios.
WESLEY ABERTO NA ESQUERDA
– Quando falamos em três na frente, falamos de pontas abertos. Assim só chega um na área. O que posso dizer do Wesley, sabem que ele teve uma lesão muito grave no joelho, se recuperou, nos ajudou na Copa do Brasil, teve pubalgia e aos poucos está aprimorando a condição. Por isso não tem sido titular. Temos de ter muita paciência com eles, com os meninos, cometem erros e temos de ter paciência, aceitar os erros e seguir colocando, só assim que a gente cresce. Ele começa aos poucos a ganhar sua condição e sua confiança. Fez um grande jogo, foi um trabalho coletivo do lado esquerdo, ele pode jogar por dentro e por fora, as chances que ele criou foram com movimentos interiores. Já joguei de várias maneiras. O mais importante é os jogadores saberem o que têm de fazer.
JOGO MUITO PARADO
– Se depender do que digo aos meus jogadores, gosto de jogo intenso, com ritmo, com a bola rolando, nossa ou do adversário, por isso tenho eu defender também, mas depende da filosofia de cada técnico, dos jogadores. Muitas vezes por conta da densidade competitiva não conseguem andar mais do que o corpo deixa. Se o time estiver fresco, vai dar mais intensidade e ter mais jogo. Os árbitros podem deixar rolar mais um pouquinho. Mas faz parte de um todo, tem a ver com filosofia dos técnicos, a física dos jogadores, árbitros que controlam ou deixam seguir mais. É um fenômeno global que depende de muitas coisas.
PRIMEIRA VITÓRIA
– Digo sempre a eles: deem o vosso melhor, sejam homens em campo, assumam os riscos, aceitem as críticas, tenham calma com os elogios, mantenham-se equilibrados. Neste momento todos sabem em que ponto estamos. Treinador quer sempre o melhor, porque quando ganha, ganhamos todos, mas quando perde, perde o treinador. A cobrança dos resultados é sempre em cima do técnico. Ninguém vai querer saber se teve ausência ou não, todo mundo quer ganhar. Mas o mais importante é sentir que o time está competitivo, com pegada, que apesar das ausências eles querem. Isso me deixa confiante e contente.
– Fizemos três pontos no Brasileirão, é uma maratona. Quem está em casa tem de ter paciência. É como colocar moedinhas no nosso porquinho, pra quando chegar o final do campeonato e a gente partir o porquinho ele esteja cheio de pontos lá dentro. Vamos ganhar muitos jogos, perder outros, mas nosso foco está muito bem definido. É juntar pontos para chegar ao final dessa maratona e ter o nosso porquinho bem gordinho.
VAI POUPAR PARA O DÉRBI?
– Como vou fazer isso (risos)? Por isso tenho de ter orgulho de ser treinador desses jogadores, dos garotos, dos mais experientes. Ainda hoje tínhamos 19 jogadores, o Michel teve Covid hoje, o Veron está com Covid também. Temos 11 jogadores fora, uns lesionados e outros em seleções. Apesar dessas dificuldades, estes guerreiros sabem transformar das dificuldades, as forças. Isso que vamos fazer. Vamos falar com nosso departamento de saúde, infelizmente hoje acho que perdemos o Patrick. Mas o treinador está aqui para arranjar soluções, assumir quando não ganha, mas todos juntos vamos encontrar as soluções para dar alegrias aos torcedores e a nós também. Vamos seguir com essa exigência e compromisso com a vitória, jogando sempre para ganhar. (Globo Esporte)