Abel Ferreira gostou da disciplina tática do Palmeiras na vitória sobre o Bahia por 1 a 0, neste sábado, no Allianz Parque, mas avaliou que o time poderia ter feito três ou quatro gols, se caprichasse mais nas conclusões.

Depois da terceira vitória seguida no Brasileirão, o treinador até explicou em entrevista coletiva o que deseja com o novo esquema, em que usa três zagueiros, uma dupla de ataque e meio-campistas com mobilidade para criar espaços. Esta flexibilidade em campo fez com que Abel citasse até as ideias de futebol total, do holandês Rinus Michels.

– Nós temos tido nos últimos jogos uma disciplina tática, mas com liberdade para trocar posições, voltar aos tempos do Rinus Michels, do futebol total. Esses jogadores têm posições a cumprir, mas também liberdade. A diferença foi na eficácia. Fizemos um jogo semelhante ao do São Paulo, mas não podemos desperdiçar tantas oportunidades – afirmou.

– Fiquei um pouco aborrecido, você chuta 25 vezes e faz um gol, como foi contra o Boca. Hoje fizemos 20 e poucos e fizemos um gol. Contra o São Paulo fizemos 12 chutes, e convertemos cinco. Era um jogo para ficar três ou quatro, mas não tivemos a calma. Jogar no Palmeiras é muita responsabilidade, tem que passar a bola para ao lado se o jogador tiver mais condições.

Com as vitórias sobre Coritiba, São Paulo e Bahia, o Palmeiras chegou a 53 pontos e está na segunda colocação, a seis do Botafogo, mas com duas partidas a mais.

Ao ser perguntado sobre a situação alviverde no campeonato, Abel Ferreira não quis falar em título brasileiro.

– Já falei sobre isso, não vou reprisar. Temos nove jogos, temos um bom jogo pela frente. Um jogo a cada vez, queremos ganhar todos. Queremos ganhar o próximo – completou.

O Palmeiras agora volta a jogar na quarta-feira, justamente contra o Botafogo, às 21h30 (de Brasília), no estádio Nilton Santos.

Veja outras respostas de Abel Ferreira:

Formação ideal contra times compactos

– Quando há jogos diferentes, adversários diferentes, com uma linha de cinco pode ser agressiva ou pouco agressiva. Posso jogar com a linha no meio-campo ou com a linha em cima da linha da área. No primeiro tempo, posse de bola foi 71%. Fizemos 26 remates, contra o São Paulo foram 12 remates e fizemos cinco. O sistema dá o que você quer. Se quiser jogar com os pontas abertos e um centroavante na frente, tem que ter dois meias que rompem as linhas, dois Veigas. Os dois meias têm que chegar à área. Tivemos o Veiga atrás dos dois atacantes, dois dando largura, cinco contra cinco. Depois criam superioridade numérica com combinações pelo meio, com o Ríos. O Luan jogou mais na frente, depois baixou um pouco para dar profundidade aos jogadores de fora. Não teve a ver com o sistema, teve a ver com a capacidade de finalizarmos.

Arbitragem

– Para mim, esse árbitro apitou duas vezes: Internacional, um jogo difícil, e hoje. É um dos melhores árbitros para apitar. Isso mostra que segue as leis do jogo. Há uma falta, mas a bola segue em poder da equipe, tem que seguir. É só seguir as leis. Eu gosto deste árbitro. Se fizessem isso, parar o jogo, é porque são fracos.=

Formação do Bahia

– Não estávamos esperando que jogariam com linha de cinco. Quando saiu a escalação com três zagueiros, já jogamos com equipes com linha de cinco, temos uma forma de criar dificuldades. Uma coisa é quando condiciona a um jogo, quando mete dois jogadores e dá largura, tem que ver quem sai no lateral e no ponto. É o volante ou o lateral? Fizemos isso um pouco, abrimos um pouco o Endrick e o Breno Lopes para a linha de três abrir, avançamos o Mayke e o Luan como volante. Passamos o Luan para trás e demos largura ao movimento do time, mas o adversário trancou muito, fechou-se bem. Fizemos um gol só, mas estamos de acordo de que deveríamos ter feito mais gols. O Breno tem que valorizar aquele passe maravilhoso do Murilo, de um zagueiro de excelência. Claro que ele não perdeu de propósito, mas foi um bom jogo e com bom volume.

Artur

– No futebol, queremos sempre estar na melhor forma, queremos sempre a perfeição e buscar o melhor de nós. Mas há fases. Ele chegou muito bem, melhor do que esperava, chegou a voar. Mas depois é normal, ao longo do tempo, o time também não ajudou, outra vez não foi tão bem. Os jogadores têm o seu momento, e devem ser capazes de ler o momento. São os jogadores, com nossa ajuda, porque confiamos neles, que dão a volta nesse momento. É fundamental que mantenham a autoestima, porque confiança sobe e desce. A autoestima não podemos perder. Não só jogadores, mas na vida. As vezes confundem autoestima com arrogância, nós temos que ter autoestima. A confiança oscila, claro, vínhamos de quatro derrotas. Meus jogadores sabem que são bons. A autoestima não pode vacilar, porque assim fica mais difícil. Tem entrado muito bem, em uma posição que também fez no Bragantino. Pode fazer também o Lopez, chegando na área. As pessoas não gostam que mexam nos jogadores, mas não vou mudar agora, os resultados não foram tão ruins assim nos últimos três anos. Os acertos foram maiores. Ele está aí para nos ajudar.

Rony

– Há momentos em que estamos mais sensíveis. Rony estava mais sensível, porque é um jogador que se cobra muito. Rony teve proposta para sair, ganhar não sei quantas vezes mais. Deu muito rendimento e gols para a gente, é um dos maiores artilheiros nossos na Libertadores. Não tem nada a ver com comportamento, porque isso se resolveu. Brinco com isso, disse se era possível marcar um jantar. Nossos momentos de mútua ajuda são muito maiores de alguma cobrança, que foi o que aconteceu. Eu tenho meu direito de cobrar do outro também. Mas não foi por isso que ele saiu. Saiu porque não estava dando o rendimento que era preciso. Isso acontece com os jogadores. Podemos resguardar o jogador assim, porque ele já fez muito, mostrou do que é capaz. Não é só com jogador, é quando deixamos o que está acontecendo afeta nossa autoestima, aí a coisa é mais difícil para dar a volta. Tenho que entender que é um excelente jogador, tem características próprias. É um jogador de profundidade, ele tem que entender que há momentos de que não é ponto forte se aproximar, buscar. Pontos fortes dele são outros. Pelo que nos deu, deveria ter tirado mais cedo e resguardá-lo mais cedo. Faz parte. Queremos ganhar sempre, ganhar os títulos todos, mas não é possível. Temos que trabalhar e sempre dar o melhor de nós.

Richard Ríos

– Meu presidente no Braga dizia assim: esses jogadores 30 e 40 milhões, consigo ver também. Quero gente que busca jogadores baratinhos para trazer aqui e depois para a gente vender. Foi o que aconteceu com o Ríos. Já o seguíamos. Foi uma reposição, não um reforço já que o Atuesta teve uma lesão grave. O recrutamento do clube com o Anderson Barros foi fazer essa reposição. Tem oscilação, é normal. Não gosto de dar moral aos jogadores, porque tenho medo de que esqueçam o que devem fazer. Ele está um jogador consistente, um senhor jogador, que recupera, passe e liga. É bom para o Palmeiras buscar um jogador deste calibre. Dar os parabéns ao Barros, porque ele que indiciou e a estrutura do Palmeiras que busca os melhores jogadores para servir o Palmeiras. (GE)