Quando você é adolescente, quer logo que os dezoito anos cheguem o mais rápido possível. Quando se é criança a única coisa que almejamos é a tal liberdade que os dezoito anos ilusoriamente nos trás. Lembro-me perfeitamente que pensava algumas coisas do tipo: “Nossa, farei dezoito vou sair de casa, vou comprar um carro, vou viajar o mundo, terei liberdade e etc…”
Só que quando os dezoito chegam, a gente vê que para sair de casa a gente precisa pagar aluguel e mobiliar a casa. Antes de comprar o carro precisamos tirar habilitação, e que junto com o carro vem um carnê com possíveis 48 ou 72 parcelas.
A GENTE PERCEBE QUE PARA VIAJAR O MUNDO PRECISAMOS TER TEMPO LIVRE, E NOSSO TEMPO GERALMENTE É OCUPADO POR UM TRABALHO, QUE NA MAIORIA DAS VEZES TE ROUBA O DIA INTEIRO.
Isso é o peso da maturidade, da responsabilidade, coisa que a gente só aprende muito depois, e a cada ano a visão vai mudando, a cada ano as reponsabilidades vão aumentando e quando a gente assusta os trinta estão na porta, e é ai que a vida acontece.
Quando a gente percebe uma certa maturidade, a gente começa a enxergar a vida com outros olhos, um olhar mais sereno, mais adulto. Começamos a perceber que não é nada tão assustador adquirir idade. Começamos a perceber que os bares muito cheios já não nos trazem tanto prazer, percebemos que é muito mais prazeroso ir a eventos em que fiquemos sentados, conseguindo conversar sem a veia quase explodir no pescoço de tanto que nos esforçamos para falar devido a musica alta.
Chegar em casa numa sexta a noite, colocar um pijama e assistir um filme comendo besteiras se torna o melhor “sextou” que podíamos ter. Passamos a admirar e amar cada vez mais aquele sábado à noite com umas poucas amigas reunidas em volta de uma pequena mesa com queijos e vinhos. Os domingos mais interessantes são aqueles em que almoçamos com a família e chegamos cedo em casa, afinal na segunda cedo a rotina já começa. E como amamos a rotina. Como é enaltecedor perceber que temos e gostamos das responsabilidades.
Com o passar do tempo, vamos nos preocupando cada vez menos com a opinião alheia, vamos valorizando cada vez mais a família, vamos percebendo que nem todos que sabem nosso nome realmente nos conhecem. Percebemos que nem todos que estão a nossa volta são nossos amigos, e me atrevo a dizer que o melhor dessa maturidade, é que mesmo sabendo, não tratamos mal, mantemos uma educação. Quando chegamos numa certa fase da vida, a gente aprende a não se desgastar com pouco.
AQUELES DESEJOS DA ADOLESCÊNCIA VÃO SE REALIZANDO POUCO A POUCO E NÃO NA MESMA ORDEM QUE A GENTE ALMEJOU.
Aos 30 geralmente já saímos de casa, em alguns casos já temos até nossa própria casa. O carro pode não ser o do ano, mas ele veio mediante muito esforço e muita economia (nós não queremos ter prestações eternas). As viagens vêm na medida em que a gente paga a ultima rs. Mas elas vão acontecendo em cada brecha no trabalho ou cada feriadinho que emenda.
As baladas mudam, a gente pensa em economia, conversamos com velhinhas desconhecidas no mercado reclamando do preço das coisas, concordamos e damos risadas do tempo em que era tudo mais barato. Pensamos 3 vezes antes de aceitar um convite para uma festa que vai durar até o amanhecer. Pegamos gosto pela culinária, por bons livros e um bom papo. Chegamos em casa e não precisamos ter alguém esperando para nos sentirmos completos, a paz esta dentro da gente. Estar sozinho significa liberdade e não solidão. Aos poucos o que era assustador se torna libertador… e é ai que entendemos que agora temos o que a gente sempre sonhou aos 18… a tal liberdade, na realidade é ai que aprendemos o real significado de liberdade.