Em tempos de muitas incertezas no ceio da pandemia do novo coronavírus no Brasil, o que parece estar cada vez mais certo é o pleito 2020. Se ainda pairavam dúvidas neste céu de nuvens carregadas, o processo agora passa a ter mais segurança na miragem de um céu de brigadeiro com data marcada. Foi aprovado pelo Senado Federal, na noite desta terça-feira (23), por 64 votos a 7, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 18/2020. Ela define a data do primeiro turno para o dia 15 de novembro e 29 de novembro em caso de dois turnos.

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No caso de Mato Grosso, soma-se a isso um fato inédito que incrementa consideravelmente a disputa. Não se tratam mais de candidaturas viúvas, como se rotulava nos meses de março e abril. A certeza de que a briga pela vaga deixada pela juíza Selma Arruda (PSL) – caçada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) por prática de crimes eleitorais como abuso de poder econômico e de ‘Caixa 2’ – será casada com as candidaturas de prefeitos e vereadores. É mais lenha na fogueira eleitoral; mais uma peça importante no xadrez político.

Não bastasse candidaturas majoritárias às prefeituras, haverá também a imagem de outro cabeça de chapa colada. Impacto na comunicação. Do santinho até o programa eleitoral. Ao todo, 10 sonham ocupar a vaga ora preenchida pelo senador – que alguns denominam de ‘biônico’ – Carlos Fávaro (PSD). Aos poucos, equipes de assessores já começam a ser preparadas. É temporada de pré-campanha. E a largada fora queimada logo de cara, já que a inédita decisão colocou Fávaro – terceiro lugar nas urnas – em situação de vantagem.

O discurso do pensamento político e social figurado num ato de bondade e generosidade para reforçar a representatividade no Congresso Nacional, transformou-se em disparidade. Coloque-se no lugar de fala em que encontra-se Carlos Fávaro hoje. Do alto do pedestal do cargo. E que muito em breve estará na sua telinha ou telona, apresentando seu balanço de ações do mandato relâmpago. Aliás, preciso admitir. Neste quesito, ele parece uma fábrica de projetos em larga escala; dá a impressão até que eles já estavam prontos. Para a locomotiva que segue a todo vapor, as eleições 2018 nunca terminaram.

Deixando pela tangente a análise das desigualdades da disputa pela senatoria, considero importante acrescentar neste debate uma característica que marcará essa disputa. As ações de enfrentamento à Covid-19 serão transformadas em slogans e darão o tom dos discursos e debates, como arma e escudo na batalha eleitoral. O tema, aliás, já está e continuará sendo fortemente explorado durante o processo. Discursos sobre infraestrutura, educação e segurança deverão ceder mais espaço à saúde pública.

E nessa esteira da caminhada que antecede o processo eleitoral, aproveito para lançar um alerta aos pré-candidatos. Cuidado para não errar a mão ao explorar o tema da pandemia, pois ela fala direto ao coração. Se for utilizá-la, faça com sabedoria e sensibilidade. E aproveite para construir sua reputação na internet. É tempo de gerar autoridade e engajamento. Preparar ou reforçar sua imagem para a disputa. Com o artifício da ferramenta de impulsionamento de publicações liberado neste período, o tempo urge. É hora de começar a apresentar suas plataformas e bandeiras, colocando seu nome evidência para ser testado nas urnas. Sem pedir apoio ou votos, claro.

E para concluir, quero compartilhar uma boa notícia aos pré-candidatos ainda desconhecidos da maior parte do público. O acréscimo de 43 dias na corrida traz uma grande oportunidade para se tornar mais conhecido do público, aproveitando o fenômeno do isolamento social e a recente ampliação do tempo de permanência do brasileiro nas redes sociais por conta do distanciamento físico. Sem sombra de dúvidas, essa eleição será a mais digital de todos os tempos. Por isso, invista no seu marketing digital. E lembre-se do velho adágio popular. “Pássaro que acorda cedo bebe água fresca”. Fávaro que o diga… esse nunca dormiu!

*LUIZ HUGO FERNANDES QUEIROZ  é jornalista, especialista em Assessoria de Imprensa, Comunicação Estratégica e Marketing Político.

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