No início da década de 70, o padre Peruano Gustavo Gutierrez deu início a um movimento eclesiástico/social que em razão do título de seu publicado foi denominado Teologia da Libertação.

 

O fundamento, o dogma deste movimento pregava que os “mansos” herdariam o mundo. Ele se espalhou por toda América Latina, incomodou muito o Vaticano e governos reacionários. Foi o único movimento religioso que de fato defendia os fracos, oprimidos, pobres e excluídos, enfim, a injustiça imposta pela hedionda concentração de renda e o sistema de castas sociais.

 

Passado meio século os mansos não herdaram nada, ao contrário, lhes foram tirados o pouco que tinham. Assim, em se tratando do nosso país, estamos muito longe de chegar em um patamar mínimo de dignidade para maioria de nossos compatriotas.

 

Nossa cultura, costume, que se perpetua em razão de uma série de fatores, como educação, oportunidades, etc..é com certeza o maior obstáculo para evoluirmos neste aspecto.

Sempre defendi, nos meus debates por aí, que aquilo que nos diz respeito, que interfere na nossa vida, no cotidiano, em maior parte é uma função, obrigação, dos municípios e estado.

 

Mobilidade urbana, saneamento, segurança pública, ensino básico, médio e até superior, na saúde a atenção básica, média e alta complexidade, emergência…..

 

Por aí vai. Portanto é “óbvio e ululante” que temos que nos preocupar mais com quem será nosso prefeito, governador, do com quem será nosso presidente.

 

Já ouvimos e lemos isso milhões de vezes, “vivemos nos municípios e não na União”. Mas o que de fato fazemos para mudar isso?

 

Nada, simplesmente continuamos a depositar todas as nossas esperanças que virá um presidente que em um passe de mágica irá resolver todos os nossos problemas.

 

Não irá, nem agora e nem nunca.

 

Pois se não houver uma inversão neste pacto federativo, primeiramente, deixando a maior fatia dos impostos nos municípios e estados, será sempre mais do mesmo!

 

Há uma indústria do pires na mão que todo prefeito e governador conhece bem. Uma romaria à “meca” dos recursos financeiros, em Brasília.

 

Está indústria sustenta uma rede hoteleira, bares, restaurante e até puteiros. Tem sido o combustível de vários parlamentares, que através das vergonhosas e imorais emendas parlamentares cria uma espécie de assistencialismo, sujeitando nosso gestores municipais a constantes humilhações e troca de favores. E coisa bem pior, é claro, extorsões escandalosas, nos patamares dos piores e mais vorazes agiotas.

 

Se perguntamos para essa grande leva candidatos a estaduais, federais e senadores, por que querem ser eleitos ou reeleitos certamente virão com o mesmo clichê de sempre.

 

Na última eleição teve alguns que se candidataram a prefeito, e não se elegendo, agora tentam uma cadeira no parlamento. Há pouco mais de um ano diziam que queriam ser eleitom para cuidar da saúde, da educação, meio ambiente, etc, etc…, que escutamos desde o dia que nascemos. Um tempinho depois já mudam o discurso para o que supostamente fará no parlamento.

 

Fato é que o eleitor que escolhe quem vai representá-lo, e precisa saber exatamente por que esse ou aquele candidato quer ser eleito, ou o que ele pretende fazer nos próximos quatro anos que não fez nos quatro, oito, doze anos atrás. Simples.

 

Devemos deixar de lado este debate em preto e branco, direita ou esquerda, e focar naquilo que pode fazer de fato diferença em nossas vidas. Inverter o pacto federativo, retirar privilégios de castas hereditárias, taxar grandes fortunas, são um belo começo, e tudo começa no parlamento.

A hora é agora!

 

*RODRIGO SÉRGIO GARCIA RODRIGUES  é jornalista,  empresário e gestor público, em Mato Grosso.

Há uma indústria do pires na mão; uma romaria à “meca” dos recursos financeiros, em Brasília.