Com uma escrita misteriosa e ilustrações enigmáticas nunca decifradas, o Manuscrito Voynich é conhecido por muitos como o “livro mais misterioso do mundo”. A autoria e o idioma em que foi escrito continuam sendo um mistério após mais de 113 anos desde sua redescoberta, em 1912, por um comerciante britânico de livros raros. Com uma origem que remonta ao século 15, este o livro ainda guarda inúmeros segredos.
O manuscrito traz representações complexas e difíceis de serem interpretadas ao longo de suas 234 páginas — todas escritas em uma linguagem própria. Como destaca o portal Open Culture, estudiosos que investigaram o livro destacam a predominância de imagens relacionadas a áreas como “botânica, astronomia, cosmologia, zodíaco, biologia, farmacologia e receitas”. O códice apresenta cerca de 113 espécies de plantas não identificadas, juntamente com símbolos zodiacais, como as constelações dos signos, além de representações de figuras femininas nuas.
Esse conjunto leva alguns pesquisadores a acreditarem que o livro trata de um compilado de conhecimentos naturais. Por outro lado, outros ressaltam seu caráter místico e imaginário, com representações que parecem não ter conexão com o mundo real. As inúmeras tentativas frustradas de decifrar a linguagem do manuscrito dificultam ainda mais as investigações, o que contribui para que ele mantenha sua fama como o “livro mais misterioso do mundo”. Mesmo assim, grupos de cientistas ainda tentam desvendar o enigma.
História
O seu surgimento na história também é alvo de discussão. Acredita-se que ele tenha sido escrito no final do século 15 ou durante o 16, na região da Europa Central. O primeiro registro do manuscrito mostra que ele pertenceu ao Imperador Rodolfo II da Alemanha, que governou o Sacro Império Romano-Germânico de 1575 a 1612. Ele o comprou por 600 ducados do astrólogo inglês John Dee, que era um entusiasta da alquimia e também ficou conhecido como conselheiro real da monarquia inglesa.
O imperador comprou o livro pensando ser uma obra de Roger Bacon, um importante filósofo inglês que se dedicou ao estudo da matemática na natureza, o qual o monarca admirava muito. Dee aparentemente possuía o manuscrito junto com vários outros manuscritos que de fato tinham sido escritos por Roger Bacon. Essa teoria é sustentada por um relato do filho do astrólogo, que escreveu que seu pai possuía “um livro… contendo nada além de hieróglifos, livro ao qual seu pai dedicou muito tempo: mas não consegui ouvir que ele conseguisse decifrá-lo”.
Das prateleiras da biblioteca real de Rodolfo II, o livro foi presenteado ao responsável pela farmácia real de Praga, Jacobus Horcicky, o qual o imperador tinha grande estima por tê-lo curado de uma doença em 1608. Esse feito até lhe conferiu o título nobre “De Tepenecz”. Sua assinatura aparece na primeira página, visível apenas sob luz ultravioleta.
Após a morte de Jacobus, o destino do manuscrito se torna incerto. Acredita-se que ele tenha sido adquirido pelo médico dos Sacros Imperadores Romanos, Johannes Marcus Marci. Passando de especialista para especialista, o livro caiu no esquecimento até ser adquirido por Wilfrid Voynich em 1912 no Jesuit College em Frascati, perto de Roma. O manuscrito recebeu seu nome em homenagem a ele.
Em 1969, o códice foi doado à Biblioteca de Livros Raros e Manuscritos Beinecke, da Universidade de Yale, nos Estados Unidos, pelo comerciante de livros austríaco HP Kraus, que o havia comprado de Ethel Voynich, viúva de Wilfrid Voynich.
Séculos de mistério
Quando Wilfred Voynich encontrou o manuscrito, acreditava que se tratava de “uma obra de importância extraordinária”. Ele se juntou a outros estudiosos que tentaram desvendar o conteúdo e a origem do livro, fascinado pelo enigma de sua linguagem e das ilustrações indecifráveis. Até hoje, o mistério que envolve o manuscrito continua a atrair atenção, com algumas pessoas chegando a especular que o livro poderia ser uma peça criada por escribas do século 15 para enganar curiosos no futuro.
Se o mistério lhe despertou interesse, hoje é possível explorar o manuscrito online. A Biblioteca de Livros Raros e Manuscritos Beinecke digitalizou a versão original e a disponibilizou em seu acervo digital. Você pode acessá-lo clicando aqui, ou acessando o site oficial da biblioteca e navegando pelo vasto acervo digital disponível.
(Por Camilla Almeida)