Infelizmente, estamos assistindo a um conflito no leste europeu sem precedentes para a humanidade. Além de perdas humanas, a guerra entre a Rússia e a Ucrânia traz impacto nas economias mundiais, para o Brasil e, especialmente, para Mato Grosso. Isso se deve sobretudo pela sua potência agrícola, que é dependente de fertilizantes russos, tendo o potássio como principal insumo para as lavouras.

Nesse cenário, a alta nos preços desses insumos já é uma realidade, pois em uma semana de guerra, o preço de fertilizantes subiu 5,8% no país. Pode ocorrer, ainda, a falta desses itens, já que além da Rússia, Ucrânia e Belarus também exportam e, temporariamente, podem deixar de exportá-los.

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Com isso, o setor do comércio também será afetado, já que é bastante dependente do setor primário. Costumo dizer, inclusive, que se o agro vai bem, o comércio vai bem, se o agro vai mal, os outros setores produtivos sofrem prejuízos.

Outra consequência imediata refletirá no preço dos combustíveis, pois a Rússia é a segunda maior exportadora mundial de petróleo, e sem ela, o valor do produto já apresenta aumento expressivo. Sem dúvida alguma, esse acréscimo chegará ao nosso estado, impactando no caixa das empresas e no bolso dos cidadãos.

Também teremos outros efeitos que devem pressionar a inflação para cima, como no caso do trigo. O Brasil importa a maioria do trigo da Argentina, mas sem a Rússia no mercado mundial, que é a maior exportadora de trigo do mundo, o preço desse item aumenta, já que é uma commoditie, e isso acaba afetando novamente o comércio e a população em geral por conta do “pãozinho” de todo dia, além das massas e biscoitos que devem ficar mais caros.

Além disso, existe a possiblidade de falta de energia na Europa, já que vários países importam gás natural da Rússia e, com isso, vão acabar recorrendo a outros mercados, que terão preços mais elevados, aumentando o custo em outros países. Outra questão é que as sanções econômicas impostas à Rússia pode acabar afetando empresas, causando instabilidade econômica e desequilíbrio nas relações comerciais.

O que podemos concluir é que esse processo ocorre uma reação em cadeia, já que, uma mudança em determinado setor econômico amplia para outros e acaba chegando nas pessoas comuns. Lamentavelmente, esse fato é inevitável. Nos resta acompanhar os próximos passos dos principais envolvidos no conflito para avaliarmos quais as medidas necessárias para minimizar as perdas, que serão muitas.

 

JOSÉ WENCESLAU DE SOUZA JÚNIOR  é presidente da Fecomércio, Sesc, Senac, IPF-MT e Sindcomac em Mato Grosso; e comerciante há mais de 40 anos.

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